Rumores sobre chefia de grifes como versace ofuscam a moda

Rumores sobre chefia de grifes como Versace ofuscam a moda – 10/04/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Enquanto a indústria da tendência promove revezes criativos e fusões bilionárias, pautas porquê inclusão e sustentabilidade são soterradas por rumores, especulações e um retorno mascarado ao conservadorismo.

Uma vez que desviar o olhar para a própria tendência? Basta sugerir uma provável troca na direção criativa. Esse movimento, muito mais palatável ao mercado do que qualquer ruptura estrutural, tem sido uma cortinado de fumaça para encobrir transformações que exigiriam desconforto, reposicionamento e tempo, principalmente em um cenário de resgate da magreza extrema porquê padrão estético.

Nas passarelas de outono-inverno deste ano, esse fenômeno não deveria ter pretérito tão despercebido. Dos 198 desfiles e apresentações, exclusivamente 2% dos manequins eram de tamanho médio e 0,3% plus size, segundo levantamento do The New York Times. Até mesmo a Chanel, que em temporadas anteriores apostava em nomes fora do padrão —porquê Jill Kortleve—, a deixou de fora do casting, que apresentou 71 looks.

O último ano confirmou essa tendência —rumores costumam repercutir mais cocuruto do que compromissos assumidos em frente aos refletores. As conversas invariavelmente desaguam nas redes sociais e rompem a bolha do setor. Em suma, estilistas ainda no incumbência são tratados porquê cartas fora do baralho, enquanto seus sucessores já circulam porquê verdades oficiosas. A antecipação vale mais que o pregão solene.

Um exemplo é o triângulo formado por Jonathan Anderson, Maria Grazia Chiuri e Kim Jones, que experimentaram o sabor dessa incerteza. Os rumores sobre a ida de Anderson para a Dior circulam há meses. Mas, antes disso, era preciso que deixasse a Loewe, o que aconteceu em março, depois 11 anos na lar.

Uma semana depois, Jack McCollough e Lazaro Hernandez, da Proenza Schouler, foram anunciados porquê seus sucessores. Ambos haviam enviado, em janeiro, a saída da grife que fundaram em 2002 —e que conquistou destaque no mercado americano equilibrando ousadia e minimalismo.

Na Dior, a impaciência em relação ao porvir ofusca o presente. Depois a saída de Kim Jones do comando da risco masculina, Maria Grazia Chiuri é o nome seguinte no tabuleiro de especulações. Ainda primeiro da maison, ela apresentará sua coleção de pré-outono no Templo To-ji, em Kyoto, na próxima terça-feira (15).

Mas os indícios de uma provável despedida —e eventual ida para a Fendi— já pairam sobre seus desfiles desde o final do ano pretérito. Em janeiro, no desfile de alta-costura, as críticas recaíram sobre a repetição estética, o desânimo das propostas e leituras apressadas que rotularam a coleção porquê antiquada. Tudo isso deixou a construção minuciosa das peças à sombra de um porvir incerto.

A resposta de Chiuri, elegante e à profundidade de sua trajetória, aparece no documentário “Her Dior”, disponível no YouTube. Nele, a estilista afirma que “cada um dos seus esboços vai reiterar seu palato pessoal dentro das interpretações dos arquivos da maison”. A grife não se manifestou diante das especulações.

Na Balenciaga, a saída de Demna Gvasalia também foi marcada por expectativa e silêncio. Sob sua liderança, a grife registrou prolongamento significativo de 2017 a 2021, mas teve sua imagem profundamente arranhada depois a polêmica campanha de término de ano de 2022, que gerou boicotes.

Agora, com o retorno à temporada de alta-costura, a procura por um novo nome movimenta o mercado. John Galliano, cuja excentricidade ganhou novo fôlego depois uma dezena primeiro da Margiela, e Pierpaolo Piccioli, que saiu da Valentino com o prestígio de uma elegância consistente, surgem porquê favoritos para esse novo ciclo.

Enquanto isso, Gvasalia foi anunciado, em 13 de março, porquê o novo diretor criativo da Gucci. A nomeação surpreendeu —não exclusivamente por contrariar as apostas em Hedi Slimane, mas por ocorrer em um momento de instabilidade da marca. Desde a saída de Alessandro Michele, em 2022, a Gucci luta para manter o fôlego criativo e mercantil.

A gestão de Sabato De Sarno, que durou dois anos, não correspondeu às expectativas: as vendas do grupo Kering caíram tapume de 20% no último trimestre de 2024. Slimane, ex-Celine e sabido por duplicar a receita da marca francesa para € 2,5 bilhões, era considerado uma aposta segura. Por ora, segue fora do rotação, dividindo-se entre Milão e Los Angeles —aguardando que seu nome volte a circundar nos bastidores.

Entre as próximas movimentações aguardadas está a possibilidade de o grupo Prada comprar a Versace —grife pertencente, desde 2018, ao conglomerado americano Capri Holdings. Segundo o Corriere della Sera, o projecto de trazer o controle da marca de volta ao solo milanês estaria em estágio avançado, depois ter recebido sinal verdejante de consultores e advogados da Prada há tapume de uma semana.

O desfecho, no entanto, pode ser outro. O tarifaço de Donald Trump pode influenciar o valor da obtenção —estimado em tapume de US$ 1 bilhão, aquém dos US$ 1,87 bilhão pagos pela atual proprietária. Mesmo que a Versace não se junte ao rebanho da Prada, que já adquiriu empresas menores, porquê a Church’s e a Car Shoe, os sinais de demarcação de território por secção da marca já movimentam o mercado em um cenário que se mostra vulnerável.

A dança das cadeiras continua. Mal foi anunciada a saída de Donatella Versace da direção criativa —incumbência que assumiu em 1997, depois o homicídio do irmão e fundador da grife, Gianni— para se tornar uma espécie de embaixadora-chefe da etiqueta, um nome inesperado ganhou os holofotes: Dario Vitale, ex-diretor de design da Miu Miu. Uma transição estética entre opostos: da excêntrica, eclética e intelectual para a opulenta e sensual.

Mesmo que as opções entre estilistas à deriva não parecessem à profundidade do maximalismo da Versace, a escolha de Vitale para interpretar os códigos da lar em libido —tal qual fez ao lado de Miuccia Prada durante 15 anos— parece improvável se não estiver atrelada às possíveis negociações.

É um ciclo que se retroalimenta. Quanto mais incerteza, mais especulação e engajamento. À sombra, ficam as mudanças que pareciam prontas para transformar o mercado. Por sorte, no Brasil, a tendência tem se mostrado independente desse movimento internacional e segue suas próprias regras. O que culpa desalento, no entanto, é a retirada furtiva de discussões em contexto global.

Folha

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