Provisões produzidos por agricultores familiares da Cooperativa Mista de Produção Comercialização e Serviços da Terreno foram entregues neste sábado (24) ao Instituto Irmão Pedro Betancur, em evento realizado na região da Mooca, zona leste da capital paulista. Foi a primeira entrega de produtos fornecidos pelo Programa de Obtenção de Provisões (PAA) para atendimento à cozinha solidária.
A primeira entrega de víveres adquiridos por meio do programa marcou a inauguração do Sacolão Popular Irmão Pedro Betancur. Parceria entre a Pastoral do Povo de Rua do Padre Júlio Lancellotti e o Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terreno (MST), o sacolão tem o objetivo de vincular a produção feita nos assentamentos ou por pequenos agricultores, tornando-os mais acessíveis à população, com preços mais justos.
O nome do sacolão é homenagem a um santo guatemalteco, explicou o Padre Júlio, que chegou ao evento carregando uma imagem do santo para ser instalada na frente do estabelecimento. “São Pedro de Betancur caminhava com uma sacolinha, onde levava pão e víveres. E também um sininho, que ia tocando pelas estradas para que o povo fosse até ele encontrar sustento”, contou o padre durante o evento.
“Oriente [sacolão] será um espaço de acolhida. Um espaço artesanal e que vai erigir, junto com os ministérios e vários órgãos do governo federalista, esse caminho de fazer chegar a sustento [ao povo]. Tudo cá será feito para ter também a participação dos irmãos e das irmãs em situação de rua”, acrescentou o religioso.
Segundo a Companhia Pátrio de Provisão (Conab), o instituto recebeu hoje 1.322 quilos de víveres, porquê banana, feijoeiro e mandioca, entre outros. Em todo o projeto, que será executado ao longo deste ano, a Conab vai comprar muro de 63,48 toneladas de víveres. Esses produtos serão destinados ao instituto e deverão atender 770 pessoas em situação de instabilidade fomentar e nutricional. Para isso, a Conab deve destinar R$ 495 milénio, recursos que deverão beneficiar 33 produtores.
“O sacolão é uma teoria antiga. Vem lá de Franco Montoro [ex-governador de São Paulo] e [da ex-prefeita de São Paulo) Luiza Erundina. A intenção é gerar uma rede de sacolões populares, principalmente nos lugares mais distantes dos centros, onde está o povo pobre e que não se alimenta adequadamente”, explicou Gilmar Mauro, da coordenação pátrio do Movimento dos Trabalhadores Sem Terreno (MST) em entrevista à Sucursal Brasil. Nesse sacolão, disse ele, os produtos “serão comercializados a preço de dispêndio ou na perspectiva de que, quem pode, paga um pouco a mais para ajudar a subsidiar quem não tenha”.
Segundo Mauro, a teoria inicial do projeto é que o governo financie a produção feita nesses assentamentos ou por pequenos produtores e que, mais tarde, serão disponibilizadas em sacolões populares. “Infelizmente ainda não avançamos nisso com o governo. Mas a teoria é discutir com o governo federalista e as prefeituras para que isso ocorra. Assim, resolveríamos um problema grave do povo brasílico, que é a rafa e a miséria. E, concomitantemente, slucionaríamos um problema grave dos agricultores pobres deste país para ter entrada a financiamento”.
O MST também pretende levar a teoria desse sacolão popular a outros locais da cidade e outras regiões do país.
Em entrevista à Sucursal Brasil, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Lavoura Familiar, Paulo Teixeira, que participou do evento, admitiu que o projeto está nos planos do governo. “Temos um recurso voltado à promoção de feiras livres, de armazéns, de facilitação da comercialização desses produtos da lavoura familiar. Logo, precisamos replicar essa experiência”.
Com a inauguração do espaço, também se pretende impulsionar outras formas de oferecer víveres para a população em situação de rua, porquê as marmitas solidárias e os banquetaços . “A teoria é continuar servindo marmitas também, mas uma vez por mês queremos sentar nas mesas com esse povo, para resgatar a teoria de pundonor humana”, disse Gilmar Mauro.
Lançamento de publicação
Durante a entrega dos víveres, foi lançado o Atlas dos Sistemas Alimentares do Cone Sul, publicação que pretende fazer um diagnóstico sobre a crise fomentar nos países do Cone Sul (Argentina, Chile, Brasil, Paraguai e Uruguai).
Jorge Pereira Rebento, coordenador de projetos da Instauração Rosa Luxemburgo e um dos organizadores da publicação, explicou que o Atlas tem dois principais objetivos: “O primeiro é discutir as causas da crise fomentar que a região passou e segue vivendo. A outra é sistematizar experiências de outro padrão de sistema fomentar tanto de produção quanto de circulação e distribuição, que apontasse a superação desse problema”, disse.
Para ele, apesar de os países do Cone Sul terem uma das maiores áreas agriculturáveis do mundo, eles vivem uma crise fomentar, com grande número de famintos. “Isso se deve, sobretudo, ao padrão de apropriação do uso de terreno e também de produção agrícola que privilegia, sobretudo, commodities e a produção do agronegócio. Isso ocorre ao mesmo tempo em que faltam políticas que estimulam a produção de víveres consumidos pela própria população. Nesses cinco países identificamos subtracção da produção de víveres consumidos internamente, per capita, tanto de dimensão quanto de produtividade, mas com aumento exponencial daquilo que é exportado”.
Segundo o coordenador, a teoria do Sacolão Popular ou de outros comércios populares, pode ajudar no enfrentamento desse tipo de problema. “Na publicação, falamos de experiências de comércios populares que existem no Brasil, na Argentina e no Paraguai e que estimulam o contato direto entre o produtor e o trabalhador. Isso é fundamental porque combate o padrão de intermediários, que não tem compromisso nenhum com o combate à rafa. E você aproxima quem produz de quem consome”.