São Paulo Fashion Week: O Que Saber Da Semana De

São Paulo Fashion Week: O que saber da semana de moda – 11/10/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Dar uma olhada na programação de desfiles da próxima São Paulo Fashion Week é se deparar com um quem é quem na voga brasileira hoje. Diverso, o grupo tem desde estilistas que transformam em roupa a riqueza do artesanato manual do interno do país até marcas descoladas que estampam personagens da Disney em camisas, infantilizando seus produtos.

No evento, que começa na próxima segunda-feira (14), estão gigantes porquê Alexandre Herchcovitch, que lança regularmente novas coleções desde que voltou com sua marca, etiquetas veteranas, a exemplo de Fernanda Yamamoto e João Pimenta, outras com menos de uma dez mas com público cativo —Handred e Another Place— e estreantes, caso de Dario Mittmann e seu streetwear abrasileirado.

Isto quer manifestar que a SPFW, apesar de não fomentar mais o auê que um dia causou com suas passarelas estreladas e o frisson dos desfiles, e as críticas de que tem muitas marcas desconhecidas do público, segue firme em sua missão de dar palco a talentos emergentes e mostrar coleções novas de estilistas consolidados que lançou no pretérito.

“Eu continuo acreditando que o lugar mais importante, mais valedouro para uma marca é no desfile numa semana de voga. Porque é aí que você mostra a economia do setor de uma maneira potente, estratégica e plural”, diz Paulo Borges, o fundador da SPFW.

O propósito do seu evento é o mesmo desde que começou, há quase 30 anos, ele afirma —”organizar uma agenda de desfiles para que isso seja uma apresentação desse quadro de voga”.

A edição número 58 da SPFW está ambiciosa. São 41 desfiles ao longo de sete dias, a maioria concentrada no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no parque Ibirapuera, que já sediou edições anteriores do evento. Uma pequena segmento acontecerá no shopping Iguatemi, e outros tomarão ícones da cultura paulistana, porquê o do projeto Ponto Firme, de Gustavo Silvestre, no Museu do Ipiranga.

A homenageada da vez é a jornalista Regina Guerreiro, pioneira na cobertura de voga no Brasil nos anos 1970 e que ajudou a formar stylists, fotógrafos, modelos —e o próprio Paulo Borges. Uma exposição com fotos de editoriais produzidos por ela, reportagens suas e material histórico vão dar conta da preço da profissional. Afora isso, o curador Renato de Faceta convidou 16 artistas para produzirem obras inéditas que se relacionam com o universo de Guerreiro, porquê Paula Scavazini e Rodolpho Parigi.

Mas a impaciência é com as passarelas. O público vai ver marcas trabalhando com os fazeres manuais de artesãos do interno do Brasil, uma proposta que já se desenhava nas últimas edições da SPFW e que responde, na voga, a um movimento da cultura em universal —o de dar holofote para talentos dos rincões do país. Catarina Mina mostra 35 looks feitos em crochê, bordado e macramê, e Weider Silveiro criou a novidade temporada a partir das memórias de sua puerícia, quando frequentava festas tradicionais no sertão nordestino.

O piauiense, sempre um nome esperado pelo esmero na realização das roupas, traz uma seleção de peças em renda de bilro —desenvolvidas com artesãs da Praia de Iguape, no Ceará—, subvertendo a lógica de que nascente material só é usado para fazer toalhinha de mesa de lar da vó. Já Heloisa Faria apresenta looks criados com artesãos do interno de São Paulo.

Se a atenção dedicada ao interno soa novidadeira e veio para permanecer, numa tentativa de se gerar uma linguagem de voga original do Brasil, por outro lado há propostas cansadas. Rafael Caetano desenhou modelos inspirado na história de vida de Maurício de Sousa, o instituidor da “Turma da Mônica”, e é de se perguntar quem quer ver mais produtos sobre o ilustrador ou os personagens do gibi, ainda mais num ano em que a Cavalera pôs a dentuça, o Cebolinha e o Sansão na passarela, quando fez seu desfile de retorno, em abril.

Ainda no quesito infantilização do vestuário, a The Paradise mostra uma coleção comemorativa aos 90 anos de Pato Donald, incluindo uma camisa com ele e Zé Carioca estampados, numa temporada com faceta de merchandising, não de voga. A traço da grife carioca chega poucos meses depois de a popular marca de streetwear High lançar uma série de roupas com os mesmos personagens da Disney. Quanta originalidade.

Desenhos de petiz à segmento, vale prestar atenção na Another Place, etiqueta querida da geração Z com sua mistura de camisetas justas que deixam o umbigo à mostra e calças amplas. Intitulada “Transe”, a temporada “fala sobre trespassar da zona de conforto e a formosura que isso traz, quando você se torna livre”, diz o fundador da marca, Rafael Promanação, que conta ter enfrentado riscos nos últimos dois anos —neste período, a marca abriu sua própria fábrica e a primeira loja física, num shopping de luxo de São Paulo.

Nos 40 looks do desfile, o público vai ver muito jeans, o carro-chefe da Another Place, tanto na tradicional modelagem baggy quanto nas novas silhuetas mais justas, além de acessórios criados em parceria com a marca Jalaconda e duas bolsas, uma de epiderme e outra feita com upcycling. Mas Promanação, em tom muito humorado, avisa —”talvez as pessoas estejam esperando mais baby tee do que vai ter”.

Folha

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