Embora, desde o final da pandemia, o mercado insista em expressar que houve um prolongamento da demanda por atividades físicas, principalmente ao ar livre, pesquisa publicada na revista The Lancet e divulgada no último dia 26 pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que financiou o levantamento, traz um número preocupante: em 2022, zero menos que 31% dos adultos, ou 1,8 bilhão de pessoas, não praticaram os níveis mínimos recomendados de atividade física, ou seja, 150 minutos de treino moderado por semana.
Esse prolongamento segue totalmente na contramão das metas do Projecto de Ação Global da OMS sobre Atividade Física, que pretendia chegar a 2030 com uma redução dos níveis de sedentarismo de 15% em relação à taxa de 2010, quando 26% da população era inativa.
A pesquisa detectou ainda uma crescente disparidade na participação baseada em idade e gênero: as mulheres foram 5 pontos percentuais menos ativas que os homens, com 33,8% contra 28,7%, respectivamente. E posteriormente os 60 anos os níveis de inatividade crescem de forma acelerada, chegando a uma média entre 40% e 45% entre as pessoas supra dessa idade e a 75% dos maiores de 80 anos na média dos países da América Latina.
O impacto desses números se reflete nos sistemas de saúde, uma vez que a OMS estima que o dispêndio econômico para tratar de problemas ligados à falta de atividade física consistente deve ultrapassar os US$ 330 bilhões até 2030. No câmbio atual, um tanto próximo dos R$ 2 trilhões.
Segundo a consultora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e da OMS Luisete Bandeira, o Brasil tem feito “esforços significativos para promover a atividade física por meio de políticas, programas e iniciativas destinadas a melhorar a saúde da população, porquê o incentivo ao deslocamento ativo, caminhadas e ciclismo, que são fundamentais para aumentar os níveis de atividade física”.
Sobre as causas desse sedentarismo crescente, Bandeira lembra que “o aproximação a ambientes promotores de saúde, que permitem o deslocamento ativo seguro à escola, ao trabalho e a outras atividades cotidianas é um dos desafios para a prática de atividade física”. Ela estima que “até 5 milhões de mortes por ano poderiam ser evitadas se a população global fosse mais ativa”, mas pondera que “muitos vivem em áreas com pouco ou nenhum aproximação a espaços seguros para a prática de atividades físicas”.
Na contramão da lógica, ou quase
Curiosamente, se a população está cada vez mais sedentária nas contas da OMS, o consumo de produtos esportivos só tem registrado prolongamento. Segundo Renato Jardim, diretor executivo da Apice (Associação pela Indústria e Transacção Esportivo), que representa as maiores marcas do cenário global do esporte, o consumo de produtos destinados à atividade física no Brasil “teve um aumento no ano pretérito de pouco mais de 5% em volume e faturamento”.
O que Jardim labareda de “aparente incoerência” se deve, explica ele, ao vestimenta de as pessoas estarem adquirindo produtos originalmente voltados para a prática de atividade física “pelo conforto e a versatilidade, que permitem seu uso em diversas situações”.
Mas se as pessoas estão comprando aquele tênis de última geração e perfeito desempenho só para dar uma voltinha no shopping, as maiores empresas de artigos esportivos se uniram à Federação Mundial da Indústria de Artigos Esportivos (WFSGI na {sigla} em inglês) para tentar volver essa situação e dar uma forcinha à saúde dos humaninhos preguiçosos promovendo programas de incentivo à atividade física em todos os países em que atuam.
Segundo Emma Zwiebler, CEO da WFSGI, os dados da OMS “são preocupantes do ponto de vista da saúde pública, mas também do da indústria”. Em nota, ela ressalta que “levante momento é uma grande oportunidade para aproveitar o poder coletivo das indústrias de artigos esportivos, saúde e fitness porquê provedores de soluções-chave para um planeta mais saudável e ativo para todos (…) e impulsionar a cooperação multissetorial para entregar mudanças significativas para a saúde global e os negócios”.
Já Barbara Martin Coppola, CEO da Decathlon, maior varejista multiesportes do mundo, que também se uniu aos esforços da WFSGI, aponta que “a inatividade física é um grande problema para as comunidades em todo o mundo”. Também em nota, ela diz que a empresa é grande defensora “da incorporação do movimento na rotina diária das pessoas, para o favor da saúde individual e da sociedade porquê um todo”.
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