A Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, recebe nesta segunda-feira (12) à noite o segundo e último dia de desfiles do Grupo Próprio. Mais seis escolas entram na avenida em procura do título de campeã do carnaval carioca.
Em destaque estão os enredos que homenageiam personalidades e histórias da população afro-brasileira, porquê a cantora Alcione (Mangueira), o livro Um Defeito de Cor (Portela), o almirante preto João Cândido (Tuiuti) e divindades africanas (Viradouro).
Cada assembleia tem entre 1 hora e 1 hora e 10 minutos para transpor a Sapucaí. Há penalização para aquelas que não conseguem concluir sua apresentação a tempo. De concórdia com a programação, o último desfile está previsto para iniciar entre 3h e 3h50.
Confira a ordem dos desfiles de hoje:
Mocidade Independente de Padre Miguel: 22h
Portela: entre 23h e 23h10
Unidos de Vila Isabel: entre 0h e 0h20
Estação Primeira de Mangueira: entre 1h e 1h30
Paraíso do Tuiuti: entre 2h e 2h40
Unidos do Viradouro: entre 3h e 3h50
Enredos
Primeira escola a desfilar nesta segunda-feira, a Mocidade Independente de Padre Miguel traz para a avenida enredo com o título “Pede caju que dou… Pé de caju que dá!”, comandado pelo carnavalesco Marcus Ferreira. Porquê anuncia o nome, a escola virente e branca celebra a influência do caju na cultura pátrio. A teoria é racontar a história da fruta nativa dos povos originários até os dias atuais, com referências a ícones da música popular brasileira, porquê “Cajuína”, de Caetano Veloso, e “Morena Tropicana”, de Alceu Valença.
Os versos trazem bom humor e duplo sentido, com o caju sendo transformado também em um símbolo de sensualidade. Outrossim, a promessa é explorar um conjunto de cores vibrantes, para enaltecer a alegria e inconstância do país. Em um dos carros alegóricos, que fala do caju e da tecnologia de produção, vão estar presentes 500 cajueiros anões, também chamados de clones, doados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Na sequência, a Portela apresenta o enredo “Um defeito de cor”, fundamentado no livro homônimo de Ana Maria Gonçalves. No romance, Kehinde, mulher escravizada na África, que viveu boa secção da vida no Brasil, procura um rebento perdido, que seria Luiz Gama, famoso libertador, jornalista, poeta e jurisperito brasílico. Os carnavalescos Antônio Gonzaga e André Rodrigues propuseram uma prosseguimento ou outra perspectiva da história.
No samba, é Luiz Gama que escreve uma epístola para a mãe e expressa orgulho pela trajetória de luta e resistência. E destaca que o afeto e o paixão da mãe foram essenciais na vida dele. A teoria universal é homenagear a ancestralidade feminina negra. Falar de gerações de escravizados, lutas de libertação e das mães negras que construíram o país.
A Unidos de Vila Isabel apresenta o enredo “Gbalá — viagem ao Templo da Geração”, liderado pelo carnavalesco Paulo Barros. Vão ser narradas histórias yorubá desde que a humanidade existe. É uma reedição do enredo que foi trazido pela escola para a avenida em 1993.
Os versos atualizam a mensagem anterior, com uma leitura mais atual sobre a responsabilidade humana com o planeta e as gerações futuras. Assim, vão ser abordados desde os males que o ser humano pode fazer no planeta, até a possibilidade de reconstrução, a partir da esperança trazida pelas crianças.
A Mangueira vai festejar a história de vida da cantora Alcione por meio do enredo “A negra voz do amanhã”, que tem a frente os carnavalescos Annik Salmon e Guilherme Estevão. Ícone do samba, da música brasileira e da escola do morro da Mangueira, Alcione vai ser apresentada desde a puerícia no Maranhão, onde nasceu, até a construção da vida artística no Rio de Janeiro.
Em 2024, a cantora completa 50 anos de curso. A Mangueira vai falar sobre as crenças familiares de Alcione, da influência dela porquê ícone feminino e preto, além de substanciar o papel da artista na inspiração e formação de talentos da música pátrio. Os versos apresentam referências aos principais sucessos da artista.
A Paraíso do Tuiuti, do carnavalesco Jack Vasconcelos, apresenta o enredo “Glória ao Almirante Preto”, sobre a trajetória revolucionária de João Cândido Felisberto, publicado por liderar a revolta da Vergasta, em 1910. No incidente, o levante pretendia findar com as práticas violentas e maus tratos da Marinha aos marinheiros, na maioria, negros.
Na idade, o governo acaba cedendo às demandas por melhores condições de tratamento e trabalho. Mas muitos dos revoltosos são punidos com demissões, prisões e exílios. João Cândido foi desligado da Marinha e passou os últimos dias de vida porquê pescador. O objetivo da escola é mostrar o almirante a partir de um contexto universal de luta e resistência.
O último desfile na Sapucaí vai ser da Unidos do Viradouro, que traz o enredo “Arroboboi, Dangbé!”, liderado pelo carnavalesco Tarcísio Zanon. Vai ser descrito na avenida o mito de uma serpente vodum, que se tornou uma potestade depois épica guerra entre reinos da antiga região da Costa da Mina, na África.
O enredo vai evidenciar a atuação de um poderoso tropa de mulheres negras prestes por sacerdotisas voduns, que tinham no espírito da coletividade e lealdade sua principal arma. A missão da escola é desmistificar o ilustrado aos voduns, que atravessou o atlântico e chegou ao Brasil na figura da sacerdotisa Ludovina Pessoa, pilar de terreiros na Bahia.
Encerrados os desfiles, é esperar pela quarta-feira de Cinzas e pela apuração do Carnaval, quando será conhecida a campeã do Carnaval Carioca de 2024.