Segurança Da Abertura Dos Jogos Deixa Franceses Sitiados 19/07/2024

Segurança da abertura dos Jogos deixa franceses sitiados – 19/07/2024 – Esporte

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Desde as 5h da manhã da quinta-feira (18), estou sitiado. Não que eu possa me queixar da minha recolhimento, a ilhéu de la Cité, no coração de Paris, a dois minutos da catedral de Notre-Dame. Moro dentro daquilo que a polícia francesa batizou de “perímetro cinza”, a espaço de segurança máxima no trajectória da cerimônia de brecha dos Jogos Olímpicos, marcada para a noite da próxima sexta-feira (dia 26).

Durante oito dias, uma espaço de 6 quilômetros de extensão ao longo das margens do rio Sena ficará cercada por grades, blocos de cimento e possante policiamento. A medida de segurança visa impedir um atentado terrorista durante a cerimônia, que, pela primeira vez na história olímpica, será fora de um estádio.

Para entrar no “perímetro cinza”, preciso apresentar aos policiais um QR Code, assim uma vez que todos os turistas, moradores e trabalhadores da espaço. Esse código tem que ser obtido online com antecedência, em um site criado pela polícia francesa, mediante envio de dados pessoais e comprovantes da premência de circunvalar na região entre os dias 18 e 26 de julho.

Enviei meu pedido no início de junho. Um mês se passou sem qualquer resposta. “Tenha paciência”, era o que me diziam quando ligava para a polícia. Em procura de informações, fui a uma reunião na prefeitura, convocada pela polícia para prestar esclarecimentos.

“É kafkiano”, disse um morador revoltado por ter que provar que os próprios filhos estarão na moradia dele no dia da cerimônia de brecha.

“Kafkiano ou não, você vai ter que fazer o QR Code”, respondeu o encarregado da polícia de Paris, Laurent Nuñez. “Lido há anos com terrorismo. O que diriam de mim se eu deixasse alguém entrar dizendo exclusivamente ‘Meu pai mora ali’?”

Por termo, meu QR Code chegou por e-mail, uma semana antes da ingresso em vigor do “perímetro cinza”.

Na teoria, é maravilhosa a teoria da cerimônia, atribuída ao presidente do Comitê Organizador dos Jogos, o ex-campeão olímpico de canoagem Tony Estanguet: exibir ao mundo, na brecha olímpica, toda a formosura da “mais bela cidade do mundo”, uma vez que a capital francesa se intitula.

Mais de 10 milénio atletas desfilarão pelo rio, a bordo de 94 embarcações, diante de um público de 326 milénio pessoas. O final da cerimônia ocorrerá na famosa esplanada do Trocadéro, muito em frente à Torre Eiffel.

Na prática, porém, exige um esquema de segurança tão draconiano que resultou em ruas desertas e muita desorientação no primeiro dia, tanto entre turistas quanto moradores de Paris. Apesar de uma intensa campanha de divulgação, muitos alegavam desconhecer as medidas de segurança. Vi uma mãe, de bicicleta, tentando explicar ao fruto, na garupa: “C’est le QR Code, mon amour” (um tanto uma vez que “É o QR Code, meu paixão”).

Há dois perímetros: o vermelho, onde só os carros precisam de autorização, e o cinza, onde todos, inclusive pedestres e ciclistas, precisam do QR Code. No perímetro cinza, que grosso modo inclui todos os quarteirões adjacentes à margem do rio, ficam os acessos a boa segmento das maiores atrações turísticas de Paris, uma vez que Notre-Dame, o museu do Louvre e a Torre Eiffel.

Às 5h da manhã, nem os policiais, muitos deles vindos de fora de Paris para substanciar a segurança dos Jogos, sabiam uma vez que proceder. Não dispunham nem do aparelho leitor de QR Code. “Enquanto o scanner não chega, controlem a identidade”, dizia o encarregado de um grupo de policiais, na esquina da minha moradia.

No final da manhã, os aparelhos já tinham chegado, mas nem sempre funcionavam. Nesse caso, os policiais estavam instruídos a serem flexíveis e deixarem o público passar mediante simples apresentação do QR Code, no celular ou impresso.

Os restaurantes e as lojas ficaram vazios. Os tradicionais “bouquinistes”, os vendedores de livros e antiguidades que ficam em bancas à margem do Sena, resolveram nem ir trabalhar. Durante oito meses, lutaram contra a retirada de suas famosas caixas verdes durante os Jogos, uma vez que queria o governo. Os bouquinistes venceram. Mas agora se veem sem público, até o dia da cerimônia de brecha.

A Folha fez a pé um extenso trajectória à margem do Sena, na quinta-feira. Encontrou exclusivamente três dos 230 bouquinistes parisienses trabalhando. Uma delas, que se identificou uma vez que Sylvie, fez um balanço das vendas no dia: “Zero. É engraçado. Parece a Covid”, disse, relembrando os lockdowns do tempo da pandemia.

Impedir um sniper de se posicionar em um telhado parisiense é a dor de cabeça das autoridades. O atentado contra o ex-presidente americano Donald Trump, no último dia 13, reforçou a atenção a esse risco. “Vivemos em um mundo extremamente perigoso. A França e os grandes eventos esportivos são particularmente visados”, explica o ministro galicismo do Interno, Gérald Darmanin.

Aspirante a primeiro-ministro, Darmanin desfia, de cabeça, uma quantidade impressionante de estatísticas. Um neonazista, que planejava um atentado, foi recluso na semana passada no leste da França. 870 milénio pessoas já foram investigadas: turistas, moradores, trabalhadores. Até o início dos Jogos, esse número chegará a 1 milhão. Dessas, 3.922 foram “impedidas de participar dos Jogos”. Darmanin não explica o significado dessa sentença, mas revela alguns números: 131 “ficha S” (termo galicismo para indivíduos de subida periculosidade), 18 “extremistas radicais”, 167 “de ultraesquerda”, 80 “de ultradireita”, 219 suspeitos de radicalismo islâmico.

O esquema de segurança é gigantesco. Conta com 45 milénio policiais franceses e 1.800 estrangeiros de 43 nacionalidades, inclusive 14 policiais federais brasileiros, que chegaram a Paris esta semana e foram imediatamente escalados para vigiar pontos turísticos, uma vez que a basílica de Sacré-Coeur, em Montmartre. O precário brasiliano foi instalado em um hotel próximo do aeroporto de Orly.

“As pessoas perguntam: o que a Polícia Federalista do Brasil está fazendo cá?”, conta o policial federalista Deílson Lima Soares, 60, um dos brasileiros no esquema de segurança dos Jogos. “O objetivo é mostrar que há presença policial na rua.”

Pelo menos até o final dos Jogos, o que não faltará em Paris é presença policial.

Folha

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