Sem Censura Tem Boa Reestreia, Mas Convidados Ajudaram 26/02/2024

Sem Censura tem boa reestreia, mas convidados ajudaram – 26/02/2024 – Televisão

Celebridades Cultura

São Paulo

O Sem Repreensão não ficou muito tempo fora do ar. Teve edições até junho de 2023, mas —ao menos para secção do público— parecia que o programa da TV Brasil tinha terminado em 2016, quando Leda Nagle deixou a atração em seguida 20 anos avante da bancada.

Nos últimos anos, a repercussão e o prestígio dos tempos áureos foi minguando, principalmente depois que a gestão Bolsonaro esvaziou a atração. Nesse período, o programa deixou de ser quotidiano e passou a ser semanal; as entrevistas passaram a ser majoritariamente com pessoas ligadas ao governo, e quase sempre gravadas. Tanto é que, nos bastidores, ganhou o sobrenome jocoso de “Com Repreensão”.

Nesta segunda-feira (26), a história do programa, que estreou em 1985 uma vez que um espaço de debates de ideias —em contraposição à logo recém-findada ditadura militar—, ganhou uma novidade página. A atração voltou repaginada, com Cissa Guimarães, 66, avante da bancada. Foi uma boa estreia em vários aspectos.

À vontade, Cissa deixou simples que sua espontaneidade fazia falta na televisão. Finalmente, fazia mais de dois anos que ela havia deixado a Orbe, da qual foi contratada por mais de 40 anos e onde fez trabalhos uma vez que atriz e apresentadora. Na quadra, ela estava no É de Moradia e foi preterida por colegas mais jovens e robóticas. A justificativa foi o cima salário.

Quem acompanhou a estreia percebeu que a Orbe fez uma escolha que talvez faça sentido do ponto de vista financeiro, mas não necessariamente no quesito carisma. Cissa riu, se emocionou, fez perguntas pertinentes e —um tanto vasqueiro atualmente— deixou seus convidados falarem.

Os convidados, aliás, tiveram um papel importante nesse primeiro programa da novidade safra. Aliás, foi interessante ver que todos os presentes estavam genuinamente interessados no bate-papo. Em alguns momentos, eles próprios fizeram perguntas uns aos outros.

Cissa estava entre amigos. Miguel Falabella, com quem ela trabalhou no Vídeo Show, foi quem criou a cognome de “a pequena que quebra o coco, mas não arrebenta a sapucaia”. O veste, aliás, foi lembrado durante o programa. “Nunca entendi [o significado], mas achei sonoro”, explicou ele, que disse ter ouvido a sentença de um companheiro.

Claudia Raia, também muito amiga de Cissa, mesmo sendo uma pessoa bastante exposta, deu declarações ótimas, uma vez que ao dar detalhes sobre a prenhez de um rebento aos 54 anos, que segundo ela havia sido prevista por uma quiromante. Também chamou a atenção ela falar francamente sobre uma vez que foi “massacrada” nas redes sociais por motivo da gravidez.

Além deles, estavam presentes o cantor Xande de Pilares e a jornalista Luciana Barreto, que deixou a CNN Brasil e está de volta à TV Brasil uma vez que apresentadora e editora-chefe do Repórter Brasil Tarde. Apesar de menos falantes que Claudia Raia, por exemplo, foi provável perceber o esforço para que cada um tivesse um momento para falar de seus projetos.

O mix de convidados funcionou. O difícil será manter esse nível com um programa ao vivo de segunda a sexta. Com elenco próprio muito pequeno, a produção da TV Brasil vai precisar suar para conseguir muitas autorizações de concorrentes da TV ocasião para liberação de talentos. O mimo à Orbe, logo na estreia, foi no nome do diretor Amauri Soares, pela liberação de Raia. “Amauri, não é só hoje não, tu continua liberando sempre”, pediu Cissa.

Fora isso, poucos e finos ajustes serão necessários. Os VTs mostrando Cissa entrando com o pé recta no estúdio e com as boas-vindas de famosos e anônimos foram simpáticos para uma estreia, mas podem permanecer demais se continuarem. O pormenor de mostrar todas ex-apresentadoras, incluindo Leda Nagle —que está longe de ser apoiadora do atual governo—, pareceu querer mostrar que agora realmente há vontade de fazer jus ao título do programa.

O debatedor fixo Murilo Ribeiro, o Muka, se mostrou muito prestes e fez boa dobradinha com Cissa, evitando que só ela ficasse questionando os convidados o tempo todo. Nos próximos dias, os demais debatedores fixos irão se intercalar. A ver uma vez que se sairão.

O que gerou mais incômodo é um pormenor que o cenário herdou das versões anteriores do programa. Com a cadeira de Cissa no meio e a bancada circundar, muitas vezes a apresentadora fica de costas, o que grita muito na tela quando o ângulo da câmera está muito lhano. A direção vai precisar decorrer detrás da apresentadora o tempo todo para que isso não fique liso para o público.

No entanto, o conjunto foi alvissareiro. Mesmo sem fazer grande diferença na audiência da TV Brasil (que continuou inferior de 1 ponto na Grande São Paulo), o programa chegou ao topo dos trending topics, a lista de assuntos mais comentados do X (o macróbio Twitter). Isso prova que há público interessado em ver pessoas interessantes falando sobre assuntos interessantes em um horário em que a TV ocasião tem pouca (para não expressar nenhuma) opção do tipo.

Folha

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