Semana de moda de milão reafirma protagonismo das mulheres

Semana de Moda de Milão reafirma protagonismo das mulheres – 04/03/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

O que significa a feminilidade hoje? A pergunta levantada por Miuccia Prada e Raf Simons, diretores criativos da Prada, reflete o zeitgeist das passarelas de Milão dedicadas às coleções femininas para os próximos outono e inverno.

Reinterpretar os arquétipos do pretérito para projetá-los no porvir é um treino necessário para a voga italiana, principalmente ao discutir o que define o feminino. Elementos clássicos —porquê a cartela de cores delicada, a transparência e a combinação de decotes com saias curtas— não impedem a desconstrução de estereótipos atrelados a uma visão machista.

Esta temporada, que se estendeu entre 24 de fevereiro e 2 de março, reafirmou o protagonismo da mulher, provando que silhuetas ajustadas, laços e vestidos vaporosos não a tornam menos potente, apesar da associação enraizada entre delicadeza e fragilidade.

Desde sua primeira coleção de prêt-à-porter, para o inverno de 1988, Miuccia Prada já explorava as múltiplas formas de feminilidade em suas criações. Desta vez, o ponto crucial foi encontrar uma saída para provocar debates que pudessem extinguir as memórias do que se entende por padrões femininos —e, naturalmente, o resultado justificação estranheza.

Por isso, os acabamentos não são perfeitos, e essa figura crua das estruturas expostas dá um toque selvagem em peças clássicas, porquê o scarpin com laço. Já os vestidos não são acinturados e as minissaias, ao estilo Miu Miu, trazem a teoria de pijamas amplos ajustados na cintura com elásticos.

Os casacos de pele de carneiro resgatam o glamour dos anos 1950, ora em estruturas amplas, ora em versões na fundura do quadril. “Glamour era um pouco que nos atraía instintivamente, e a sua conexão com a feminilidade”, diz Prada.

“Dentro da venustidade feminina, quando você pensa em seus arquétipos, há muita restrição do corpo —cá, ele é livre”, Raf afirma, sobre a possibilidade de libertar ideias e não querer se limitar com uma narrativa ou um tema na coleção. “Gostamos de percorrer riscos —gostamos de tentar produzir um pouco dissemelhante.”

Se Miuccia Prada entende sobre a feminilidade milanesa, Silvia Venturini Fendi conhece muito a elegância —com uma pitada de estranheza— romana. Há tempos uma passarela feminina da Fendi não refletia tão muito suas origens.

Nos últimos quatro anos sob a direção criativa de Kim Jones, a grife parecia ter perdido sua identidade, apesar das tentativas do estilista britânico de reinterpretar os arquivos da moradia. No entanto, a neta dos fundadores, que comanda as coleções masculinas e de acessórios, nem precisou recorrer ao ror centenário da marca para vislumbrar um porvir lustroso.

“Eu não queria gastar muito tempo pensando nos arquivos físicos. Para mim, a apresentação Fendi 100 é mais sobre minhas memórias pessoais —reais ou imaginárias— do que sobre o que a marca era e o que significa hoje”, diz Venturini, que orquestrou o desfile de celebração do primeiro século da etiqueta.

Na passarela, há uma menção às criações das décadas de 1960 e 1970, quando a marca buscava ressignificar a imagem da grife e conectar-se com uma novidade geração. Para o inverno 2025, surge uma exploração refinada da silhueta feminina. A coleção destaca alfaiataria ajustada —às vezes marcada por cintos finos—, casacos de gola subida e vestidos bordados, sinalizando uma fusão entre sensualidade, sobriedade e ironia.

Na Dolce e Gabbana, zero de barroco ou mamma italiana. Domenico Dolce e Stefano Gabbana decidiram buscar inspiração nas garotas modernas das ruas. A primeira segmento do desfile apresentou uma série de peças utilitárias, que incluiu maxi casacos, calças incumbência e coletes que ultrapassam a traço do quadril.

Evidente, a maioria escoltado de lingeries em evidência para dar aos looks uma pimenta siciliana. Para os visuais noturnos, transparência, sensualidade e clarão no nível sumo, de fazer a tradicional clientela da etiqueta suspirar.

Os meios usados para interpretar a feminilidade sempre foram particulares para Giorgio Armani. Desde o início da sua marca, há cinquenta anos, o estilista é leal à visão revolucionária que teve em impedir que a vestimenta feminina mantivesse a mesma rigidez e desconforto das gerações anteriores.

“Suponho que meu maior impacto foi a invenção de uma certa feminilidade, em estabilidade entre rigor e sensualidade”, disse Armani, em seguida o desfile, nesta segunda. “Tenho orgulho de ter oferecido às mulheres uma maneira dissemelhante de se expressarem e expressarem sua feminilidade —mais potente, afastando-se dos estereótipos.”

A partir do uso dos seus experimentos para o estilo masculino, o estilista decidiu utilizar essa mesma fórmula para as mulheres. Para o seu próximo inverno, as raízes —não unicamente os códigos Armani reconhecíveis do seu universo— se relacionam com o solo, com roupas que parecem se cevar das cores, do clarão e materiais da terreno.

A sequência de tons de areia, terrosos, acinzentados, azuis e as diversas nuances de “greige” —uma mistura de cinza com bege— surgem em linhas fluidas, dando a sensação de conforto, tanto para ternos de seda, com paletós alongados e calças com pregas que parecem plissadas, quanto para as composições de veludo.

A referência ao Oriente presente nas suas coleções sugere com ainda mais força nas versões noturnas. Bordados intrincados adornam vestidos vaporosos, jaquetas, bustiês e saias pareô, acompanhados de transparências e brilhos que insistem em prender o olhar. A elegância que, mesmo sendo atemporal, sempre evolui.

Folha

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