Senna é Presença Marcante Em Ímola 30 Anos Após Sua

Senna é presença marcante em Ímola 30 anos após sua morte – 27/04/2024 – Esporte

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Sua imagem e seu nome dele fazem segmento da sinalização urbana, com indicações para uma das áreas mais visitadas da cidade. Sua assinatura está em luminosos pendurados sobre o meio histórico. Seu rosto está na sala do prefeito, em um retrato na estante, e prestes a virar um mural de quatro metros de fundura na periferia. A maioria ali o labareda pelo primeiro nome, Ayrton.

Trinta anos depois a morte de Ayrton Senna, em um choque com o muro da curva Tamburello, em 1º de maio de 1994, a cidade de Ímola, no setentrião da Itália, convive com a imagem do piloto brasílio porquê segmento da paisagem e da memória coletiva, compartilhada mesmo por quem não lhe assistiu nas pistas nem viu o acidente.

“Sempre vi e ouvi sobre Ayrton. Quando tinha dez anos, nos jogos de computador, escolhia decorrer com a máquina dele”, disse à Folha o prefeito de Ímola, Marco Panieri, 33, que tinha menos de quatro anos quando Senna morreu.

A sua geração e as seguintes se acostumaram com a figura de Senna entre os personagens locais históricos. A cidade, com 70 milénio habitantes, é marcada pelo autódromo Enzo e Dino Ferrari, inaugurado há 70 anos, dentro da dimensão urbana. “Cá, cada um tem um companheiro, um irmão ou uma tia que já fez alguma coisa no autódromo: controlava o aproximação à tribuna, trabalhava no estacionamento… Difícil não ser contaminado por isso”, afirmou Panieri.

Desde a morte de Senna, uma dimensão vizinha à pista, com vista para o muro do acidente, tornou-se ponto de homenagens ao brasílio, com flores e bandeiras. O sítio, dentro do Parco delle Acque Minerali, com aproximação gratuito 24 horas por dia, ganhou em 1997 uma estátua do piloto, feita por Stefano Pierotti, atraindo mais fãs.

“Se você é uma menino e passa pelo parque, vê o monumento e todas aquelas bandeiras do mundo inteiro, não tem porquê não perguntar quem foi ele”, disse o prefeito.

A reportagem visitou o sítio em uma sexta-feira de abril, pela manhã, um dia sem eventos no autódromo ou na cidade. Na grade que separa o parque da pista estão penduradas centenas de itens, a maioria bandeiras. Muitas são brasileiras, mas há várias de outros países. Há fotos, camisetas e recados, alguns envelhecidos pela exposição ao ar livre.

Entre os poucos visitantes naquele horário, menos de uma dezena, havia um par de brasileiros. “A gente vinha para a Itália a passeio e arrumou um jeito de vir até cá. Eu via muito F1 na puerícia e me lembro da minha família toda reunida no domingo”, contou, emocionado, Tiago André Gonçalves, 39, de São José do Rio Preto (SP). “Depois dele, mudou tudo. Acompanho muito menos.”

“Foi um movimento natural e sempre regular. Todas aquelas bandeiras e saudações vieram de forma procedente”, disse Gian Carlo Minardi, 76, fundador da escuderia que levou seu sobrenome e hoje presidente da empresa que administra o autódromo, tal qual imóvel pertence à prefeitura.

Minardi e Senna se conheceram no início dos anos 1980 e mantiveram amizade até a véspera do acidente. “A última vez que o vi foi no sábado à noite, antes da corrida, depois da morte de Roland Ratzenberger [piloto austríaco]. Estávamos cá [no autódromo], perto do meio médico, falando sobre segurança”, recordou Minardi.

Em março, o autódromo e a cidade abriram a programação ligada aos 30 anos da morte de Senna. Uma das principais atrações é a mostra “Magic”, em edital até 2 de junho no museu San Domenico, com 94 fotografias do brasílio, tiradas pelos italianos Mirco Lazzari e Angelo Orsi, que foi companheiro de Senna.

Muitas das cenas são informais, porquê a que mostra o brasílio conversando e rindo com Minardi e o logo piloto Pierluigi Martini. “Foi no Japão, na última corrida antes de Ímola, em 1994. Ele estava tirando sarro dos problemas que tinha no carruagem”, lembrou Minardi.

Uma vez que nos anos anteriores, as principais homenagens estão marcadas para 1º de maio. O autódromo será sincero ao público e, com a presença de autoridades italianas e brasileiras, será realizado um minuto de silêncio às 14h17 (9h17 no Brasil), horário do acidente. Mais lembranças devem ser feitas quando a F1 passar por Ímola, no Grande Prêmio do dia 19.

“De um lado, sabemos que para a vida do Ayrton representamos um momento triste, mas, de outro, somos um testemunho do que ele representou”, disse o prefeito Panieri.

As homenagens a Senna na Itália não se restringem a Ímola. Em Turim, no Museu Vernáculo do Carro (Mauto), será provável ver, até 13 de outubro, máquinas pilotadas por ele, porquê o Fórmula Ford do início e a Williams do final, além de objetos pessoais e registros em filmes e fotos. Nos últimos meses, em todo o país, foram lançados livros e programas especiais na TV.

Responsável de “Senna e Prost, La Sfida Infinita” (em italiano, o duelo sem término), publicado em janeiro, o jornalista Umberto Zapelloni afirmou que a idolatria dos italianos por Senna começou muito antes do acidente. Nos anos 1980, a F1 contava com grande cobertura na Itália, com transmissão em canais abertos, e repórteres que viajavam para escoltar as corridas.

“Mas eram anos em que a Ferrari não ia muito muito. Portanto, foi preciso se encantar por outros heróis. O torcedor se afeiçoou mais por Senna do que por Prost [Alain, piloto francês]”, disse Zapelloni.

No contextura esportivo, o brasílio havia conquistado fãs com desempenhos espetaculares. Mas sua nomeada extrapolou o automobilismo. “O trajo de ele falar italiano ajudou que se tornasse popular. Isso facilitou o relacionamento com a TV, onde Senna falava sem precisar de tradução. Entrava na moradia de todos”, declarou o jornalista.

Para Minardi, a passagem de Ayrton pela Itália no término dos anos 1970, quando correu de kart por uma equipe de Milão, fez diferença. “Isso o levou a ter hábitos e gostos um pouco italianos, porquê o pela comida. Ele criou afeto pelos italianos, que lhe retribuíram depois.”

Senna era também visto porquê religioso, o que contou a seu obséquio no país que envolve o Vaticano. “O trajo de que ele falasse de sua relação com Deus impressionava muito os italianos, porquê quando disse ter tido uma visão no GP do Japão [em 1988]. Naquela quadra, não havia outros esportistas que falassem assim de religião”, observou Zapelloni.

Outro ponto que causou boa sensação foram as ações de filantropia de Senna. Em seguida sua morte, foi revelado que ele visitava com frequência, em Ímola, um jovem vítima de acidente que tinha ficado paraplégico. “Ele ia escondido”, assegurou Minardi.

Em 1994, quando se especulava que ele poderia finalmente decorrer pela Ferrari no ano seguinte, ocorreu o acidente, seguido de uma vaga de comoção vernáculo. Logo depois, um dos maiores músicos italianos da quadra, Lucio Dalla (1943-2012), lançou “Ayrton”, música em homenagem ao brasílio.

“A morte em pista, na Itália, contribuiu para amplificar ainda mais esse concepção de mito, que ainda hoje é transmitido. Muitos jovens pilotos italianos dizem que se inspiram nele, mesmo que o tenham visto decorrer só no YouTube”, disse Zapelloni.

Folha

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