Sergio Mallandro Estreia Filme Sobre Sua Pior Fase 12/06/2024

Sergio Mallandro estreia filme sobre sua pior fase – 12/06/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Sérgio Mallandro agrega fãs há mais de quatro décadas. Desde 1981, fez sucesso, muito sucesso mesmo. Na TV, no cinema e gravando discos. Em todas essas áreas, nunca se preparou para nenhuma. Fez tudo de improviso. E assim, falando o que vinha à cabeça a cada momento, comandou 15 programas em oito emissoras.

Aos 68 anos, ele está de volta aos cinemas com “Mallandro, o Incorrecto que Deu Evidente”, que estreia nesta quinta (13). É uma mistura de episódios reais, um pouco de ficção e, evidente, muita improvisação. O filme é inspirado por seu pior momento, entre 1996 e 1999, quando, deposto do SBT, perdeu tudo o que tinha —carros, moto, moradia, roupas— e ficou com R$ 7 na conta bancária.

O filme é bastante cruel com ele. As ideias que Mallandro tenta emplacar para voltar à TV são medíocres ou simples cópias de atrações populares já conhecidas. Ele só é inventivo quando se põe a expressar seus monólogos filosóficos, outra marca registrada de seu humor. Eles não estavam no roteiro, eram criados com a câmera ligada, com a liberdade dada por Marco Antonio de Roble, que foi seu diretor em dois programas no Multishow.

Nas ruas, ele continua a ser reconhecido e abordado por fãs que pedem os bordões que criou, que ele transmite aos gritos: “Glu-Glu”, “Rá!” e “Ié-Ié”. Isso se repete sempre no filme.

“Acontece o tempo todo na minha vida. Em qualquer lugar, as pessoas pedem para que eu faça um glu-glu, querem que eu grave um vídeo para mostrar para os parentes, é isso o tempo todo.” Ao encontrar Mallandro para a entrevista em São Paulo, levante repórter comprovou que o assédio é verdadeiro, intenso e até insano. As pessoas não querem conversar, elas exigem os bordões infantis.

“Quando estou triste, por qualquer motivo, prefiro nem trespassar de moradia. Porque isso não para”, conta. “Fico torcendo para não morrer nenhum parente ou companheiro, porque não há condições de eu ir a um velório. As pessoas se transformam quando olham para mim, viram crianças. Minha mãe me chamou para ir ao enterro do meu tio e eu disse que era melhor não ir, que ia dar merda. E deu!”

Mallandro sempre fez os outros rirem dessa forma, com papo engraçado, sem roteiro. Em 1981, entrou para o elenco de “Menino do Rio” por sua amizade com o protagonista André De Biase, que o apresentou ao diretor Antônio Calmon. O cineasta queria um representante típico da “fauna” das praias cariocas.

“Sempre fui assim, na escola, na praia. Chegava, começava a racontar um pouco engraçado que tinha realizado para uma ou duas pessoas, e de repente tinha uma dúzia de gente em volta prestando atenção.” A ingresso na TV também veio de forma parecida. Participou uma vez que competidor no programa “Cidade Contra Cidade”, de Silvio Santos, e seu jeitão trouxe convites para integrar a bancada de jurados de Silvio e a trupe de Wilton Franco no popularesco “O Povo na TV”.

Logo surgiu seu primeiro bordão, o “Glu-Glu”. Em 1982, lançou um álbum puxado pelo sucesso “Vem Fazer Glu-Glu”, que vendeu um milhão de cópias! “Eles estavam surdos!”, comenta o também cantor, que gravou mais quatro discos até 1994. Enquanto isso, fez uma série de filmes no cinema.

Teve projetos sozinho, um filme com os Trapalhões e uma bobagem sem tamanho que estrelou ao lado de Faustão. Ele foi escolhido para ser o príncipe de Xuxa em “Lua de Cristal”, em 1990. O filme se tornou a maior bilheteria dos cinemas brasileiros naquela dez, com mais de cinco milhões de espectadores. Xuxa aparece em “Mallandro, o Incorrecto que Deu Evidente”. Numa cena, ele é eletrocutado em um programa na TV. Entre a vida e a morte, vai às portas do Firmamento e a figura divinal que o recebe é a Rainha dos Baixinhos.

Estão no filme as infames “Pegadinhas do Mallandro”, fundamentais para uma novidade tempo de boa roboração do público. Em 1999, iniciando um programa na CNT, entrou mascarado num ônibus carregando uma explosivo fake. Com câmera escondida registrando, as pessoas reagiram desesperadas, fugindo até pelas janelas. A polícia foi chamada, e a emissora, processada. “A exibição deu 19 pontos no Ibope. Saiu no jornal, nas revistas, em todo lugar, que eu tinha quebrado pela primeira vez a liderança da Mundo”, recorda Mallandro.

As famosas pegadinhas são tratadas uma vez que secção de seu inferno privado. Em várias cenas, as pessoas não levam zero que ele diga a sério, acham que é pegadinha. E fora da tela é a mesma coisa.

Na pandemia, passou oito dias internado com Covid. “Estava deitado, sozinho naquela penumbra da enfermaria, e aí um médico veio com aquela máscara azul, para me expressar que eu seria intubado. Reagi aos gritos, dizendo que era impossível. Por fim, achava que estava me recuperando. Aí o rostro berrou “pegadinha do Mallandro”! Rapaz, meu coração disparou. Que reinação mais cruel!”

O filme não o acompanha até seu momento atual. Ele faz em teatros lotados o show “Os Perrengues do Mallandro”, mais uma vez se valendo do improviso. Lotar casas com mais de 3.000 assentos uma vez que Tokyo Marine Hall (SP) e Qualistage (RJ) é uma volta por cima para quem encarou circos pequenos pelo interno do país na tempo decadente. “Teve um com umas dez pessoas pagando ingresso e uma dúzia de cachorros em volta. Tinha mais cachorro que público.”

“Naquela idade não tinha internet, não tinha zero. Você dependia totalmente da televisão”, diz o varão que apresenta desde 2021 no YouTube o videocast de entrevistas “Papagaio Falante”, classificado pelo Instituto iBest entre os 20 mais assistidos no país. E ele diz sentir na internet as mudanças na sociedade.

“Hoje não pode falar determinadas coisas que antigamente você podia. Na minha idade, ninguém odiava ninguém uma vez que hoje. As pessoas se sentavam à mesa e discutiam, zoavam uns com os outros. Hoje elas se odeiam. Na minha turma ninguém entendia de política, ninguém se manifestava, ninguém se interessava por isso”, afirma Mallandro, representando talvez uma geração entre a inocência e a demência.

Ele ressalta que não desiste fácil. “Podem tirar tudo de mim, minha roupa, meu carruagem, meu moeda, mas a minha núcleo ninguém pode tirar. Ninguém pode tirar o que está dentro de você. Tenho que me reinventar? Logo vou desancar de porta em porta e vou para a guerra!”.

Folha

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