Série De Silvio Guindane Busca Legado Africano No Brasil

Série de Silvio Guindane busca legado africano no Brasil – 15/11/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Não é de hoje que Silvio Guindane define seu espaço no cinema brasílio. Sucesso recente em “Mussum – O Filmis”, vencedor do Kikito de melhor filme no Festival de Gramado de 2023, o ator de 41 anos recebeu a sua primeira estatueta aos 11 por seu papel em “Uma vez que Nascem os Anjos”.

Desde que viveu Japa, menino humilde das favelas cariocas, no filme de Murilo Salles, ele nunca abandonou o cinema, onde passou a estar, também, detrás das câmeras. Seguindo sua estreia na direção de um longa-metragem com a cinebiografia sobre o humorista Antônio Carlos Bernardes Gomes (1941-1994), Guindane participa de diversas produções e aguarda uma em próprio: a segunda temporada da série documental “Sankofa”, prevista para novembro de 2025.

“O projeto é uma guerra pelo Brasil, de estado em estado, buscando e refletindo sobre pontos de resistência preta. A gente acabou indo para a veras mesmo, em que nem sempre estávamos preparados”, diz. “O documental é uma caixinha de surpresas.”

Lançada em 2020, a primeira temporada de “Sankofa – A África que te Habita” acompanha o fotógrafo César Penha e o historiador Maurício Barros de Castro. Os dois percorreram nove países africanos e discutiram a diáspora negra africana e as semelhanças entre a África e o Brasil.

Para os novos episódios, Guindane percorre 12 estados brasileiros ao lado da antropóloga e retratista Mariana Maiara, buscando a perpetuidade dessas conexões em território pátrio.

“Nosso ponto de partida engloba lugares que têm a presença de nossas raízes africanas, nossos ascendentes e da resistência decolonial, além de personagens porquê historiadores, pesquisadores e pessoas que buscam manter viva essa consciência”, afirma o artista.

Pensado porquê “road movie”, Guindane explica que o projeto se mantém desimpedido ao inesperado. A teoria de viajar junto de Maiara se tornou a núcleo da produção e as descobertas interferem não só na rota, mas na própria percepção dos realizadores. O diretor cita um ritual de Jurema Sagrada em Recife porquê uma das mais marcantes.

“Essa é uma tradicional celebração religiosa de matriz afroindígena, que reverencia ao Rei da Mata, Malunguinho, que foi um líder quilombola no início do século 19. Testemunhamos a fidelidade e a fé de vários fiéis que se juntaram na ocasião e isso muito me emocionou.”

Produzida pela FBL Geração e Produção, “Sanfoka” ainda terá dois meses de filmagem. A temporada anterior chegou ao Brasil por alguns canais da televisão ensejo, porquê a TV Brasil e a Futura, e integrou o catálogo da Netflix.

Para ele, o streaming teve efeitos positivos no mercado, principalmente pela lisura de possibilidades de produção. Ele mesmo colheu frutos disso.

Produzida pela HBO, a série “Clube Spelunca” tem direção do artista e é estrelada por Antônio Pitanga e Neusa Borges. A comédia segue uma família negra que tenta restaurar um “Dança Black”. Guindane também dirige “Veronika”, “seriado de ação de tribunal brasílio” do Globoplay que é estrelado por uma advogada criminalista negra, papel de Roberta Rodrigues. Ambas estreiam em 2025.

“Digo, por exemplo, que há dez anos, o “Clube Spelunca” seria feito com uma família branca, família de classe média da Zona Leste que tenta levantar um negócio. E a gente ia continuar consumindo ‘Todo Mundo Odeia o Chris’ e achando o supremo.”

“O streaming me permite mexer com quem não concorda comigo”, diz. “Eu quero que aquele rosto conservador, racista, misógino, pague o meu bilhete, assine o meu streaming, assista, ria, se emocione. Se no final ele se perguntar, rosto, será que eu sou racista?, eu ganhei o jogo.”

Guindane diz que, desde o início da curso, se encantou pela premência de humildade para se chegar ao testemunha. “Isso não tem a ver com subserviência. Por ser preto, paladar de permanecer repetindo isso. Uma vez que ator, eu preciso ter a humildade de negar da minha própria máscara social e me entregar a uma personagem e ao testemunha, fazendo com que ele ria todos os risos e chore todos os choros”, afirma.

O cineasta se prepara para guiar uma adaptação do romance de Jeferson Tenório, “O Avesso da Pele”, vencedor do Jabuti em 2021.

“O ‘Avesso’ bate em um lugar muito profundo que vem do racismo estrutural, e não daquele racismo escancarado. Vem de um lugar que o Jeferson constrói brilhantemente no livro e acredito que vamos replicar de forma muito interessante no filme, além de discutir máximas porquê ‘Não sou racista, tenho até um colega preto’”, afirma Guindane.

Folha

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