Show de glaucia nasser celebra joão pernambuco 04/04/2025

Show de Glaucia Nasser celebra João Pernambuco – 04/04/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

João Pernambuco, um dos maiores mestres do violão brasiliano, volta ao Theatro Municipal de São Paulo neste domingo (6), às 17h, exatamente 110 anos depois de seu primeiro concerto no mesmo palco. Licença poética à segmento, quem representa o músico, morto em 1947, aos 63 anos, é a cantora Glaucia Nasser, acompanhada de uma orquestra afiada liderada pelo violonista Paulo Dáflin, diretor músico da apresentação.

O espetáculo “João Pernambuco: Coração do Violão”, com ingressos gratuitos, é mais uma lanço do projeto que leva esse nome e inclui um EP com seis músicas inéditas do violonista, selecionadas pelo pesquisador José Leal, que dedicou décadas de estudos à obra de João.

O biógrafo procurou Nasser para gravar uma melodia inédita, “Sons de Carrilhões”, que seria segmento de um projeto de resgate do compositor. E Leal encontrou uma cantora que, com 15 trabalhos já lançados, tem se devotado nos últimos anos a trazer o melhor da música brasileira às novas gerações.

Trabalhando com a Instauração Brasil Meu Paixão, no qual é cofundadora, ela já mergulhou na obra de Chiquinha Gonzaga e na geração do show “Um Reencontro com o Brasil”, que apresenta um retrato histórico-musical do país na estação de Juscelino Kubitschek.

Essa pesquisadora chegou a ir até a região de Jatobá, em Pernambuco, onde o violonista nasceu, para depois se tornar ferreiro de profissão, influenciar a música do século 20 e nunca ter aprendido a ortografar. “Mostrar a genialidade desse músico às novas gerações é tornar a cultura mais atingível. É ir à raiz do Brasil e proferir a todos nós o tamanho da nossa grandeza.”

Paulo Dáflin entrou no projeto quando todos concordaram que exclusivamente uma melodia era pouco. Surgiu o EP “João Pernambuco: Coração do Violão”, disponível nas plataformas digitais, com seis canções na voz de Nasser. Leal escreveu letras para “Caminho do Sertão” e “Sons de Carrilhões”, e Dáflin foi responsável pelos versos de “Graúna”.

O excitação de Dáflin com o projeto é grande. “João Pernambuco é um dos pilares do violão brasiliano. Muitos dizem até que ele foi o primeiro na construção de um violão brasiliano, na maneira de tocar. Eu ouvia as músicas de João desde párvulo, mas tocadas por outros violonistas. Eu acredito que ele sempre teve o paisagem melodista de geração de música.”

Ele destaca que todos os violonistas acadêmicos tocam a obra de João Pernambuco. “Quem mais o abraça é justamente quem ele não era. É louco isso. Ele tinha um jeito totalmente popular de fazer música, sem saber ortografar, e foi adotado porquê referência pelos acadêmicos.”

Veio portanto o show, que foi gravado em maio do ano pretérito no Teatro de Santa Isabel, no Recife, e terá novidade apresentação em São Paulo. A teoria de Nasser e Dáflin foi costurar um repertório com músicas de João Pernambuco e canções que vieram antes dele e outras influenciadas por ele. “Tem aquilo que o alimentou e aquilo com o qual ele alimentou outras gerações”, diz Nasser.

Assim, há canções conhecidas porquê “Coração Palhaço”, de Alceu Valença, e clássicos porquê “Carinhoso”, de Pixinguinha e João de Barro. Leal morreu quando eles começavam a discutir porquê seria o show. “Nem sei se ele concordaria com algumas escolhas, mas tentamos fazer o que acreditamos ser o melhor”, conta Dáflin.

Um dos momentos de maior emoção na plateia é quando Nasser canta “Luar do Sertão”, a mais aclamada melodia de João Pernambuco e que por muito tempo ficou envolvida numa polêmica de autoria.

Inicialmente, foi creditada exclusivamente ao poeta Catulo da Paixão Cearense responsável da letra, mas depois o reconhecimento a Pernambuco veio oficialmente. Essa dupla escreveu também “Cabocla de Caxangá”, que está no EP e no show.

Nasser negocia investimentos com parceiros para prolongar a turnê de “Coração de Violão” e do projeto “Um Reencontro com o Brasil”, com o qual fez um extenso trabalho de visitante a escolas para levar aos alunos mais conhecimento sobre a história do país. “A gente quer nutrir o coração desses meninos com esse sentimento de grandeza e indicar que o Brasil também pode dar visível.”

Mas a Glaucia Nasser que já gravou ótimos discos de música popular vai voltar ao trabalho, pedindo licença à ativista pelas causas da cultura brasileira. “Vou fazer um novo disco meu, autoral, com o Paulo Dáflin. Estou me devendo esse disco.”

Enquanto isso, é provável ver a voz ao mesmo tempo poderosa e delicada da cantora em seus discos anteriores e na apresentação do show em Recife, no YouTube. É um registro emocionante de um responsável seminal na MPB e de uma cantora disposta a levar música a todos.

Folha

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