Silva, Em Novo álbum, Fala Sobre Amor Sem Vergonhas

Silva, em novo álbum, fala sobre amor sem vergonhas – 15/07/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

O cantor capixaba Silva decidiu falar mais de paixão. O recém-lançado “Seduzido”, seu sétimo álbum, traz um romantismo sem freios e sem vergonhas, uma vez que ele nunca tinha exibido antes. E isso veio de uma conversa com seu irmão, Lucas, parceiro de composições desde o disco de estreia, “Claridão”, de 2012.

Foi no ano pretérito, quando Silva já fazia o que labareda de esboços para o novo álbum, que Lucas disparou: “Já reparou que você é um cantor romântico? É verdade, estava ouvindo nossas coisas no Spotify, na ordem das mais tocadas. Todas essas falam de paixão escancaradamente, é o que as pessoas gostam de ouvir.” E ele percebeu que o irmão estava evidente.

Mas Silva detecta um processo longo. “Nas primeiras coisas que saíram sobre mim, teve uma sátira me chamando de romântico, zombando um pouco.” Ele lembra que na estação isso o incomodou e foi somado a uma conversa que teve com um professor de guitarra. Quando Silva mostrou a ele suas canções, o professor rebateu: “Está romântico demais, precisa botar uma malvadeza nesse negócio, está muito meloso!”.

Portanto ele lutou por mais de uma dezena contra essa suposta melosidade. Mas mudou em “Seduzido”. “Sou romântico mesmo. Até no Conjunto do Silva, um projeto músico de festejo, para o Carnaval, era uma sarau romântica. Palato de trovar o paixão. E suas variações, uma vez que o desamor. Quero também músicas que falem de dor de cotovelo ou de levar um fora muito muito oferecido.”

Com exceção de uma cantiga, “Já Era”, que estava nos rascunhos desde 2017, todo o material é recente. “Não sou muito organizado. Tenho muitas ideias, gravo um monte de pequenas coisas no celular. Se perder meu iPhone e meu iCloud, vai ser muito triste. Eu e o meu irmão chegamos a fazer 30 músicas para esse disco.”

Aos 36 anos, Silva prefere gravar álbuns, não singles. “O mercado está ditando as coisas de um jeito que passa por cima da dinâmica individual do artista. Portanto agora é assim, tem que postar todos os dias, tem um jeito novo de trabalhar, a gente ouve isso de todos os lados. Eu acho que é bom ter a perceptibilidade de ler o mundo em que a gente está, mas é preciso seguir nosso ‘feeling’.”

Silva afirma que precisa trovar o que está vivendo. Quase uma pregação, um oração. E cada álbum traduz um momento de sua vida. “O single é bom para o mercado, porque movimenta rápido, mas não tenho muito tesão nisso. No ‘Seduzido’, veio a teoria do nome muito antes de ter o álbum. Fui buscando músicas para encaixar nesse concepção.”

A cada turnê, reúne músicos que sejam amigos e com quem possa trocar ideias. Já quis muito ter uma margem. No início da curso, Silva foi pensado uma vez que nome de um projeto. Talvez, depois, criasse uma outra chamada Souza ou um pouco assim. Silva acredita que pode mudar a cada projeto, descobrir um novo formato e um novo grupo no palco.

O cantor dedica o disco a João Donato, um dos pilares da bossa novidade, que morreu em 2023. “Fiquei muito triste, Donato era uma das pessoas que eu mais gostava, era jocoso, fora do geral.” Diz que queria ser um pouco uma vez que o ídolo, ligeiro, parecendo não levar zero a sério. “O João Donato me falava que eu tinha de ouvir mais Debussy e Ravel. Tem muito estudo sobre uma vez que a música de Debussy influenciou Villa-Lobos e a simetria na música brasileira.”

A morte de Donato impulsionou o libido de ter algumas participações no disco. “Preciso aproveitar meus ídolos enquanto os tenho por perto”, afirma. Fez para trovar com Marcos Valle “Copo d’Chuva”, música que claramente emula o estilo solar do veterano. “Amanhã de Manhã (para Lecy)” virou dueto com Leci Brandão. A Lucy do título, com “Y”, é a avó de Silva e também o nome da mãe da sambista. Já “Girassóis” ele entregou para Arthur Verocai fazer o panelinha. “É uma música muito ‘donatiana’ e foi uma honra quando Verocai aceitou participar.”

Outro músico convidado é o uruguaio Jorge Drexler. Silva escreveu sua primeira música em espanhol, “Recomenzar”, e Drexler acrescentou uma segunda secção na letra. “Ele me ajudou na sotaque, porque achou que estava muito europeia.”

Esse Silva “para exportação” segue com a fita em inglês “Mad Machine”. “Eu brinco que estou gastando o meu Yázigi. Não tenho um inglês maravilhoso, mas eu me comunico muito. Morei na Irlanda um ano e pouco.”

Silva, agora romântico e poliglota, faz show em São Paulo no dia 27 de setembro, no Espaço Unimed.

Folha

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