Silvia fendi usa suas memórias nos 100 anos da grife

Silvia Fendi usa suas memórias nos 100 anos da grife – 17/03/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

“Quando você é moça, vê as coisas de forma dissemelhante”, diz à Folha Silvia Venturini Fendi, ao revisitar sua puerícia. Surgem portas gigantescas, divãs e lustres, compondo um ateliê. “Eu sempre estava pronta para ir ao trabalho com a minha mãe, em vez de querer ir à escola”, afirma.

Embora não compreendesse a grandiosidade da Fendi, já percebia a magia daquele universo. Sua mãe, Anna, e suas quatro tias estavam imersas nele. Não era exclusivamente de um negócio de tendência, mas uma família, da qual ela representa a terceira geração.

Ao contrário das tradicionais casas centenárias, a Fendi não nasceu das mãos de um costureiro parisiense no auge da alta-costura. Antes de fundar a empresa ao lado do marido, Edoardo Fendi, em 1925, Adele Casagrande Fendi, avó de Silvia, viajou à Toscana para produzir bolsas, seus primeiros produtos.

Em seguida ocupar reconhecimento pela subida qualidade, a marca introduziu estolas de peles nobres. Com a aprovação da Convenção de Washington de 1975, que regulamentou o negócio de espécies ameaçadas, Adele inovou ao lançar o primeiro tecido substituto para peles naturais.

Embora a marca seja famosa por utilizar materiais uma vez que raposa e zibelina, sua procura por inovação levou à adaptação de técnicas refinadas e ao uso da pele de carneiro, um subproduto da indústria alimentícia. O resultado, que já foi visto na coleção de inverno deste ano, surpreende tanto na figura quanto no toque, similar a vison.

Em 1965, Karl Lagerfeld iniciou sua colaboração com a grife, e o ateliê da Via Borgognona, em Roma, tornou-se um lugar onde sonho e veras se fundiam no imaginário de Silvia. No auge do cinema italiano, a ingresso principal se tornou frequente para nomes uma vez que Federico Fellini, Franco Zeffirelli e Mauro Bolognini, além de musas uma vez que Sophia Loren e Monica Vitti.

As mesmas portas duplas de madeira foram revividas no cenário de celebração do primeiro centenário da marca, em 26 de fevereiro, em Milão. A diretora criativa de acessórios e traço masculina, que também assumiu a feminina para a ocasião, buscou em suas memórias pessoais o significado do que é a marca.

“Muitas referências vieram à minha mente, mas, supra de tudo, fui cuidadosa para não ser excessivamente específica”, diz Silvia, que evitou o ror da marca nessas novas criações. “Penso que peças de registro não devem estar na passarela, mas, sim, em museus ou guardadas”, afirma ela, que batizou a coleção de “Flashback and Fast Forward”.

O único vínculo estético ao pretérito foi o visual usado pelos seus netos de sete anos, que abriram as portas, simbolizando as memórias da avó, no início do desfile. Tratava-se de uma réplica do look criado por Karl Lagerfeld para Silvia, que, na estação, com seis anos, desfilou e foi fotografada para a campanha de outono-inverno de 1967-1968.

“Nesse dia, entendi o verdadeiro tamanho da Fendi. Estava tão envolvida, senti a adrenalina e disse para mim mesma que queria fazer segmento disso e seguir os passos da minha mãe”, lembra ela, que imagina esse mesmo impacto nos netos, que saíram correndo para os braços da mãe, Delfina Delettrez Fendi, diretora artística de joalheria da grife.

Ao som de trechos de Ornella Vanoni, Mina, Patty Pravo e Franco Battiato, os modelos saíram para cruzar o cenário do desfile no Spazio Fendi, locação de seus desfiles e sede em Milão desde 2013. Silvia comandou poucas coleções femininas, mas, quando o fez, a fórmula se manteve clara: uma feminilidade extrema, equilibrando sensualidade, elegância e o glamour tipicamente romano.

Segundo ela, não se trata de ser provocativa, mas de mostrar o corpo com naturalidade. Essa teoria também se aplica aos homens. “Sabor de misturar referências dos estilos femininos e masculinos, criando mulheres com peças mais severas, uma vez que jaquetas masculinas, mas contrastando com uma peça subalterno luzente. Da mesma forma, camisas feitas de renda para eles”, afirma.

“Muitos pensamentos estão conectados à forma uma vez que fui criada. Vivi rodeada de mulheres fortes que, profissionalmente, enfrentavam desafios em um universo predominantemente masculino”, diz. Por isso, a ração de feminilidade está na silhueta limpa, mas ajustada, ora com cintos, ora em uma graçola de contrastes que destaca os bordados preciosos e o uso de transparências. Com uma pitada de Lagerfeld, simples.

Finalmente, foi o estilista que fez o invitação para Silvia se juntar a ele na direção artística, em 1992, depois um período no Brasil. “Decidi evadir para o Rio de Janeiro nos anos 1980, longe da tendência e das minhas responsabilidades de trabalho. Me senti quase uma lugar e agora olho para aquele tempo com saudade”, afirma.

Com a volta a Roma, decidiu inaugurar a trabalhar diariamente na Fendi, mas em uma segunda traço. “Minha mana, minha prima e eu fundamos a Fendissime, em 1987, o que foi uma ótima oportunidade para começarmos alguma coisa sem a presença jacente de nossas mães”, diz ela, que, depois a experiência com Lagerfeld, assumiu a direção de acessórios, em 1994, e, logo, das coleções masculinas.

“A Fendi tem um poder alquímico. Não só para quem carrega o sobrenome, mas também para as pessoas que trabalham conosco. São pessoas de ossos fortes. É só ver o tempo que Karl trabalhou na marca”, comenta. Foram 54 anos, a relação mais duradoura entre um estilista e uma grife.

Folha

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