Hexacampeão mundial de skate vertical, tricampeão do giro europeu e do campeonato brasílico, medalhista de ouro nos X-Games e terceiro skatista do mundo a realizar a manobra 900º —completar dois giros e meio no ar.
Sandro Dias, 49, mais espargido pelo sobrenome de “Mineirinho”, é um dos skatistas brasileiros mais vitoriosos da história do esporte e foi um dos pilares para a popularização da modalidade no país no início dos anos 2000.
A despeito da série de conquistas, a miséria de troféus do experiente desportista oriundo de Santo André, no Grande ABC, não está saciada.
Especializado na modalidade vertical, Dias afirmou que, se ela tivesse sido incluída no programa olímpico, ele certamente estaria na peleja em procura de uma medalha contra a novidade geração. “Se [o vertical] estivesse neste ano [em Paris-2024], eu brigaria para entrar na disputa com a molecada”, disse o skatista em entrevista à Folha.
Na última edição dos Jogos em Tóquio, o skate fez sua estreia na competição com as modalidades street (similar a um envolvente urbano, com escadas, corrimãos e desníveis) e park (em que os competidores percorrem uma pista em formato de tigela, com obstáculos). O Brasil voltou do Japão com três medalhas de prata —Rayssa Leal (street feminino), Kelvin Hoefler (street masculino) e Pedro Barros (park masculino).
Segundo Dias, que também é diretor esportivo da CBSk (Confederação Brasileira de Skateboarding), a não inclusão da modalidade vertical nas Olimpíadas até cá se deveu, principalmente, à menor disponibilidade de pistas, com um consequente menor número de competidores em verificação às outras duas.
Incentivado pelo skatista norte-americano naturalizado inglês Andy Macdonald, 50, que está na disputa por uma vaga em Paris-2024, o brasílico chegou a participar da primeira lanço classificatória para os Jogos, no mundial de skate park, em fevereiro de 2023, em Sharjah (Emirados Árabes Unidos).
Embora desde o início da curso Dias tenha se evidenciado no vertical, naquela idade não havia tantos eventos e tanta especialização por segmento dos atletas. Todos entravam para disputar em todas as categorais —ele chegou a ser vencedor brasílico de street em 1988, aos 13 anos.
No entanto, uma vez que não disputava provas de park já havia um bom tempo e não poderia entrar na seletiva olímpica com base no ranking mundial, o brasílico dependia de um invitação da organização para participar da lanço classificatória. O invitação até veio, mas chegou em cima da hora, sem que ele tivesse tempo para uma preparação adequada.
Longe de seu habitat oriundo, Mineirinho terminou a competição na 52ª posição, entre 120 competidores, e não conseguiu pontuar para a corrida olímpica. “Espero que o vertical entre um dia [no programa olímpico] e que não demore muito, para que ainda dê tempo de participar. Ainda ando em subida performance, igual há 15, 20 anos.”
Ele confessou que, ao escoltar os principais torneios, em que costuma participar somente fazendo exibições, “morre de vontade” de entrar na disputa à vera. O que o desencoraja é a falta de contemporâneos na disputa.
“Chego a vincular para o pessoal para saber se eles vão participar das competições, mas, uma vez que seria o único da minha geração nos torneios disputando contra os mais novos, não me sinto confortável”, afirmou Dias.
“Se minha geração competisse ainda, eu competiria também. Paladar de competir e ando de skate todos os dias”, acrescentou o brasílico, antes de reiterar sua frustração com a falta de concorrentes da mesma idade. “Os caras têm nível para competir e não vão.”
Para Dias, o skate brasílico na atualidade é de “altíssimo nível”. Há 12 vagas em disputa para Paris —seis no park e seis no street, divididas entre homens e mulheres—, mas, na avaliação do veterano, o país tem ao menos o triplo de skatistas talentosos e com capacidade de simbolizar o país e competir por medalhas nos Jogos: “O skate brasílico está muito poderoso.”
O diretor da CBSk observa diferenças importantes da novidade geração de skatistas profissionais na verificação com a turma que a antecedeu.
Em meados dos anos 1980 e 1990, quando ele começava a se lastrar em cima dos “shapes” de madeira e rapidamente lucrar destaque no Brasil, além da falta de pistas e de equipamentos de ponta, havia a defasagem em relação ao que acontecia na escol do esporte fora do país.
“Eu via fitas de videocassete de manobras feitas no exterior dois anos antes. Hoje em dia, os atletas acompanham ao vivo todas as competições. Outrossim, quem está começando sabe que um dia pode se tornar profissional e trabalhar com o esporte.”
Quando Mineirinho começou sua trajetória, a profissionalização no Brasil não era uma opção considerada. Foi somente depois de ter obtido diploma em gestão de empresas e de ter trabalhado por alguns anos na empresa do pai que optou por transpor do país rumo à Califórnia, nos Estados Unidos, para se destinar integralmente ao esporte. “Era uma idade em que não havia oportunidades no skate cá. Tive que ir para fora do país fazer minha vida.”
Valendo-se da experiência adquirida nas pistas ao longo das últimas três décadas, Sandro Dias agora quer contribuir para ajudar na formação de uma novidade geração de skatistas. No termo de abril, foi inaugurado em Santo André o Instituto Sandro Dias, que oferece aulas de skate para muro de 120 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Uma vez que forma de fomentar cada vez mais o skate feminino no país, as garotas terão prioridade no projeto, que tem o base do BV.
Ao discursar na pista de skate do novo instituto, Dias ficou bastante emocionado e não conseguiu moderar as lágrimas.
“Eu me emocionei ao me dar conta da preço do projeto. Não é simplesmente ensinar a marchar de skate, mesmo porque nem todo o mundo vai ser profissional, mas tentar gerar pessoas boas para o mundo, com cabeças boas, que possam levar adiante esse conhecimento, com o skate uma vez que uma instrumento.”
