Depois que fez a protagonista Maíra em “Todas as Flores” (Globoplay, 2022-2023), a atriz Sophie Charlotte, 35, conta ter tomado uma decisão: encarar o seu ofício de forma menos tensa e sofrida.
A artista afirma que interpretar a mocinha cega da trama escrita por João Emanuel Carneiro lhe provocou um indiferente da ventre e uma expectativa que até logo ela nunca tinha sentido. “E [depois] foi tão lítico, tão possante e tão potente, que eu prometi para mim mesma que ia manter e ampliar a minha dedicação cada vez mais, mas que eu não ia mais suportar e tentaria permanecer um pouco mais ligeiro”, diz.
E dá para conseguir isso? “Dá, óbvio que dá. Tem que dar”, responde Sophie, em conversa com a pilastra por videoconferência. “Eu entendi que na vida dá para você ter muito mais disposição e atenção, mas uma atenção feliz em vez de uma tensão.”
Tem sido assim, garante ela, com Eliana, a sua personagem em “Renascer”. “Tomara que as pessoas estejam se divertindo, porque eu estou me divertindo muito”, afirma. “Ela é uma personagem surpreendente, inclusive para mim. São várias histórias em uma só, com muitos movimentos diferentes”, diz.
Sophie define Eliana porquê uma vilã, mas “não totalmente perversa”. “A vejo porquê uma sobrevivente, que não tem pena ao se colocar em primeiro lugar”, diz.
A atriz tinha quatro anos quando a versão original da trama foi ao ar, em 1993, o que significa que ela não acompanhou a romance pela TV. Ao receber o invitação para fazer o papel, ela diz que já estava inclinada a admitir e que a certeza veio em seguida desvendar que a primeira tradutor de Eliana tinha sido Patricia Pillar. “Admiro demais a artista que ela é”, afirma.
Em seu processo para erigir a megera, Sophie buscou cenas da versão dos anos 1990. Mas não se ateve exclusivamente a isso, já que a adaptação feita por Bruno Luperi, neto do responsável original, Benedito Ruy Barbosa, atualiza a história para os dias de hoje.
Nesse desenvolvimento, o pontapé inicial da atriz foi a caracterização visual. Depois algumas pesquisas, Sophie sugeriu para a equipe da trama a imagem da influenciadora Kim Kardashian porquê inspiração estética —e não de personalidade, ressalta ela— para inventar Eliana.
Dessa forma, a personagem ganhou unhas compridas, cabelo liso e mais escuro, maquiagem um pouco mais possante e o uso de roupas de ginástica no dia a dia, uma tendência de voga que está em subida entre influenciadoras. “A estética dela é muito voltada para o olhar masculino”, afirma Sophie.
A atriz conta que também pensou em Eliana porquê um revérbero do mundo atual, que está sempre muito conectado ao celular e aos filtros que melhoram a imagem em aplicativos porquê o Instagram. “As pessoas estão botando filtro [nas fotos e vídeos], mas tirando o filtro pessoal do que vão expressar e do que pensam. E nunca está bom o suficiente. Você sempre quer mais e mais e mais [filtros para a aparência]”, diz ela.
“Acho que a Eliana dialoga com o que muitas pessoas estão vivendo, que é uma frustração pessoal, e que elas tentam segurar as pontas no que aparentam [nas redes sociais].”
Para Sophie, Eliana também aponta para os questionamentos que ainda hoje pairam sobre a mulher na sociedade, porquê a procura inalcançável por uma semblante perfeita. “Em tudo que diz saudação ao feminino existe uma cobrança. E as consequências são sempre muito maiores do que qualquer coisa que qualquer varão possa fazer.”
Na história, ela começa casada com José Venâncio (Rodrigo Simas), mas se envolve com outros homens. As cenas quentes entre Eliana e Damião, interpretado pelo ator e cantor Xamã, têm chamado a atenção na trama.
Na avaliação de Sophie, Eliana patroa, sim, Damião. “Um paixão torto, falso, mas patroa”, afirma. Ela complementa que a vilã desenvolve também afetos verdadeiros por outros personagens, porquê Sandra (Giullia Buscacio), Mariana (Theresa Fonseca), Norberto (Matheus Nachtergaele) e Rachid (Almir Sater).
Sophie está na Orbe há 17 anos. Embora tenha feito a sua primeira participação na emissora em 2004, foi só em 2007 que ela se tornou conhecida nacionalmente ao interpretar a protagonista Angelina da 15ª temporada de “Malhação”.
Desde logo, transitou por outras mocinhas, vilãs e papeis marcantes. Virou até meme em uma cena que já se tornou um clássico na TV. No remake de “Ti Ti Ti”, exibido na fita das sete em 2010, Stéfany, papel interpretado por ela, está comendo um sanduíche quando a tia, Nicole –vivida pela atriz Elizângela (1954-2023)—, chega e dá um tapa na sua faceta. O momento inusitado vira e mexe volta a viralizar na internet.
“Eu virei meme anos antes de subsistir [o conceito do] meme”, relembra, entre risos. Sophie diz encontrar lítico e “muito louco” fazer secção disso. Hoje, afirma ela, é tudo ainda mais momentâneo. Uma cena que ela grava na praia já tem fotos divulgadas na internet quase que na mesma hora.
“É muito repentino, mas é uma troca. E, se eu faço um trabalho na televisão, é isso o que eu quero. É trocar com as pessoas.”
Sophie afirma seguir pelas redes sociais a repercussão de Eliana, “obviamente tendo o recato” para entender o que é de roupa uma opinião sobre o seu trabalho e o que é “a frustração do outro derramada na internet à toa”.
Para ela, não há grandes problemas em ser cândido de críticas. “Eu faço estudo para isso também”, diz. “Essa liberdade precisa subsistir, de gostar e não gostar, de criticar.”
“Renascer” marca a volta da atriz para as novelas em TV oportunidade depois de nove anos. O seu último trabalho tinha sido em “Babilônia” —”Todas as Flores” estreou e foi feita para o streaming.
“Eu bato no peito, tenho o maior orgulho de fazer romance. Para mim é um privilégio, me abriu todas as portas para o cinema que eu queria tanto fazer”, diz.
Questionada sobre o porvir do gênero, que vem perdendo audiência ao longo dos últimos anos, Sophie se mostra contrariada. “É engraçado porque a gente tem esse multíplice de falar: ‘Ah, agora já não é [a audiência] que era [no passado]’. Gente, se você pegar a audiência de qualquer romance e confrontar com as séries mais premiadas, [a novela] dá de lavada.”
“Não dá para perder essa força. A romance emprega muita gente, conta as nossas histórias, da nossa forma”, argumenta.
Para ela, é “instigante” também seguir porquê as novelas e a televisão oportunidade têm se valoroso para seguir as transformações do mundo, abrindo espaço para refletir a pluralidade e a heterogeneidade do Brasil.
No remake de “Renascer”, por exemplo, Maria Santa é vivida por Duda Santos, uma atriz negra. Já Buba, que era uma personagem intersexo na versão original, agora é uma mulher trans, interpretada pela atriz trans Gabriela Medeiros.
Por já estar há quase duas décadas entrando na mansão das pessoas por meio das novelas e séries, Sophie diz ter hoje a sensação de que o público já criou uma intimidade com ela. “Não é mais uma relação de primeiro ‘date’ [encontro], sabe? Sinto um carinho das pessoas, uma torcida. Não tenho mais aquela sensação de que elas me avaliam com um ‘ah, deixa eu ver se eu aprovo ela trabalhando'”, comenta.
Em sua vida pessoal, Sophie costuma ser discreta. Ao completar 35 anos no último dia 29, veio a público que ela e o ator Daniel Oliveira se separaram. Eles estavam juntos desde 2014 e são pais de Otto, de oito anos. A entrevista com a pilastra foi feita antes do proclamação do término do relacionamento. Questionada posteriormente sobre o término, a atriz não se manifestou.
Na data do seu natalício, Daniel homenageou a ex-mulher em uma publicação nas redes sociais: “Comemore seu dia com toda felicidade e muito paixão. Continue sempre essa pessoa maravilhosa, com esse fulgor bonito no olho e o coração gigante. Viver ao seu lado durante uma dezena foi uma grande viagem ao universo de uma mulher impressionante”.
Profissionalmente, a atriz afirma que até agosto está “100% focada em ‘Renascer'”. Depois da romance, ela diz que vai pensar em outros projetos. “Estou conseguindo refazer metas e sonhos.”
Ela afirma que voltar ao teatro é um libido vetusto, assim porquê também quer desenvolver qualquer projeto músico, o que pode valer até mesmo gravar um disco.
Sophie diz que “patroa trovar” e que essa vontade se acentuou ao interpretar Gal Costa (1945-2022) no longa “Meu Nome É Gal”. “Porquê eu sou feliz de ter feito esse filme. Foi a experiência mais maneira da minha vida, foi muito possante.”
Todas essas novas ideias, pondera ela, serão desenvolvidas com calma. “Não preciso me afobar. Não é zero do tipo: ‘Agora vou parar tudo, não sou mais atriz, vou ser cantora’. Não”, salvaguarda. “É a possibilidade de me expressar de várias formas, de aprender novas coisas, de interagir com outros artistas.”