'sou Radicalmente De Centro', Diz Totó Parente, Da Cultura

‘Sou radicalmente de centro’, diz Totó Parente, da Cultura – 27/01/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

A sensação térmica beirava os 35°C, mas na camisa branca de José Antônio Parente não se via um pingo de suor. O que é até compreensível para um mato-grossense criado em Cuiabá. “Rosto, eu estou fora de Cuiabá há muito tempo”, diz ele, mais divulgado porquê Totó Parente. “Mas é 40, 42, 43°C. É assim.”

Se a sua origem pode o ajudar neste verão empalmado, é justamente a pecha de forasteiro que tem sido um dos obstáculos que o novo secretário municipal da cultura de Ricardo Nunes (MDB) têm enfrentado nesses primeiros 20 e poucos dias que tem de função.

Por um lado, houve quem destacasse o trajo de Parente ser ex-vereador de Cuiabá e que, por não ser daqui, estaria pouco familiarizado com o setor, as manifestações e os equipamentos culturais da cidade.

Para estes, ele tem uma resposta direta: “Isso é xenofobia”.

“Eu me sinto paulistano porquê qualquer paulista que nasceu cá. Eu morei cá, casei cá, namorei cá, estudei cá, militei politicamente cá, votei cá no prefeito Ricardo Nunes, fiz campanha nesta cidade. Eu respiro São Paulo —e eu sabor de cultura.”

Ao longo da curso, Parente também passou por Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e trabalhou com nomes porquê Lindbergh Farias (PT-RJ), Wilson Witzel (PMB), Simone Tebet (MDB), Dilma Rousseff (PT) e Lula.

Por outro lado, alguns críticos destacam o trajo de o secretário não ter em seu currículo cargos de gestão na espaço cultural.

Segundo ele, o que Nunes queria para a pasta da cultura era diálogo. No final do ano pretérito, a prefeitura e o governo federalista se viram num imbróglio envolvendo uso irregular recursos da Lei Aldir Blanc para financiar projetos do município. O governo repreendeu formalmente a gestão Nunes, que, na era, desistiu de usar os recursos.

“Eu não estava na secretaria, mas no final do ano foi solicitada uma autorização para usar esse recurso e ser reposto. A CGU deu um parecer favorável, e o Ministério da Cultura deu um parecer contrário. Esse recurso não chegou a ser usado. Capítulo encerrado”, explica. “Eu se eu tivesse cá eu não faria isso. Mas não houve nenhuma ilegalidade ou problema jurídico.”

Apesar de não ter gestão cultural no currículo, Parente diz que se sente prestes porquê gestor. “Fui secretário pátrio de pronunciação do Ministério do Planejamento e Orçamento [de Tebet], que é um dos ministérios mais complexos que há, e a minha função era justamente fazer um diálogo de cume nível.”

É o que promete. A primeira temporada tem sido a tentativa de contato com ex-secretários. No oitavo caminhar do centenário prédio Sampaio Moreira, há um mural com fotos de quem passou pela pasta na capital paulista. “Eu boto o nome no Google. Está vivo? Eu ligo e peço a conversa. Estou conversando com todo mundo.”

De seu gabinete, Parente tem vista privilegiada para uma das principais fontes de dor de cabeça para quem assume o função, o Theatro Municipal. Entre editais contestados ou suspensos, a instituição vive envolta em crises há mais de uma dezena.

Atualmente, o teatro é gerido pela organização social Sustenidos. Há tapume de dois anos, o Tribunal de Contas do Município solicitou que a Instalação Theatro Municipal realizasse novo edital para a escolha de uma organização para gerir o teatro, em seguida a lar ter enfrentado uma vaga de demissões e déficit de milhões.

O Instituto Odeon teve as contas de 2017 aprovadas com ressalvas e as de 2018, reprovadas. No ano seguinte, a prefeitura rompeu o contrato com a organização.

Em 2016, uma CPI na Câmara Municipal apontou que o portanto gestor do teatro, o Instituto Brasiliano de Gestão Cultural, desviou R$ 21,8 milhões da Instalação Theatro Municipal entre os anos de 2013 e 2015.

“Eu tenho poucos critérios ainda para calcular a Sustenidos, estou há três semanas só”, afirma. Segundo o secretário, porém, um novo edital de escolha de entidade gestora está em temporada de estudos e deve ser concluído nos próximos dias.

Parente vem de uma família de pequenos agricultores. Nasceu em uma povoação indígena em Mato Grosso, quando seu pai trabalhava porquê telegrafista dos Correios, e logo em seguida se mudou para uma cidadezinha chamada General Carneiro (MT).

Iniciou-se na militância aos 16 anos, em 1982, no movimento estudantil. Na juventude fez segmento do Movimento Revolucionário Oito de Outubro, o MR8, que surgiu de um racha no PCB, o Partido Comunista do Brasil, e posteriormente foi fagocitado pelo MDB. Uma vez que liderança do movimento estudantil, ajudou na organização do movimento dos caras pintadas, pelo impeachment do portanto presidente Fernando Collor.

A sua trajetória revela um militante que veste a camisa do MDB.

Nos bastidores, há quem avente que a escolha por Parente na Cultura tenha a ver justamente com esse seu histórico canhoto. A tese é que, para mourejar com um setor em que costuma ser visto porquê rebelde, contestador e sensível a pautas de esquerda, zero melhor do que um secretário que tende à esquerda.

E ele, se considera de esquerda? Ele ecoa o que o tucano Bruno Covas (PSDB) costumava manifestar. “Hoje eu sou um sujeito radicalmente de meio”, diz.

Ela dá a entender que a gestão de Ricardo Nunes não é avessa ao que se costuma entender porquê “esquerda”, pois prioriza “zelo social, governar para quem mais precisa, prometer instrução pública de qualidade, aproximação à instrução e à cultura”.

“Quando eu era um militante de esquerda, as palavras de ordem eram isso —aproximação à cultura e à instrução. Aí eu venho trabalhar com um rostro que zerou a fileira de creche da cidade de São Paulo.”

O grupo Artistas Livres, liderado pelos cineasta Josias Teófilo e Newton Cannito, criticou a escolha para a presidência da Spcine, Lyara Oliveira. A nomeação foi vista porquê uma prova de que a secretaria estaria dominada pelo identitarismo e ideias “woke”

O secretário se diz totalmente em prol de cotas e em prol de pautas afirmativas. Ainda assim, ele acha que são críticas apressadas. “Mas é do jogo, é da democracia”, diz.

Um gabo que todo político costuma gostar é “quadro”. Pessoas que fizeram segmento da trajetória do secretário usaram essa vocábulo para descrever o secretário.

O jornalista Kléber Lima foi contemporâneo de Parente no movimento estudantil entre as décadas de 1980 e 1990. Ele conta que, na era, ele chamava atenção por ser bom de tribuna e bastidores. “Há os grandes oradores e os grandes articuladores. Totó reunia as duas características”, diz Lima.

Para ele, Parente é, antes de tudo, emedebista. E além de um quadro histórico do partido, é um “coringa”, isto é, pau para toda obra —o que ajuda a explicar a trajetória de varão que trabalhou com nomes diversos da política brasileira. Não obstante, diz Lima, Parente pertence a uma renque pró-Lula.

É justamente o status de “quadro” que faz com que Parente seja chamado sempre para treinar funções, seja em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo ou Cuiabá.

Por isso, é de questionar se não há uma certa verosimilhança de que Parente volte, em breve, a atender aos chamados do MDB e, portanto, abdique do função na Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa de São Paulo antes do termo do procuração de Nunes.

Ele nega. “Dificilmente surgiria um projeto tão reptante porquê leste. É o projeto mais reptante da minha vida”, diz.

Quem também o labareda de quadro é Simone Tebet, que destaca o seu trabalho em áreas de infraestrutura, logística e turismo, num projeto de integração regional e desenvolvimento econômico e cultural dos países da América do Sul.

O camarada Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do governo na Câmara e colega de movimento estudantil, afirma que Parente votou em Lula nas últimas eleições presidenciais.

O secretário nega —diz que votou em Tebet no primeiro vez, mas não teve tempo de votar no segundo. Na era, seu morada eleitoral ainda era em Cuiabá. Ele admite, porém, que poderia, sim, ter votado em Lula. “Naquele momento talvez [votasse 13]…”, diz. “Mas meus últimos três votos foram 15, no meu velho MDB.”

Folha

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