Tom Scioli abre sua biografia em quadrinhos de Stan Lee (1922-2018) com o responsável já idoso, em uma convenção de HQs ocorrida pouco antes de sua morte. Ele autografa fotos de si mesmo para fãs que pagaram custoso para vê-lo de perto.
De um lado do cartunista está um segurança musculoso. Do outro, uma figura obscura de paletó preto que lembra o responsável do próprio nome: “Stan Lee”. Depois soletra: “s”, “t”, “a”, “n”, “l”, “e”, “e”.
Às vésperas de sua morte, aos 95 anos, Lee era mais idolatrado do que nunca, festejado porquê a grande mente por trás do universo Marvel e creditado pela geração dos heróis mais populares de Hollywood. Mas ele mesmo parecia não saber quem era.
“A comunidade de quadrinhos só falava sobre isso. Era devastador”, diz Scioli, responsável de “Prazer, Stan – A Biografia em Quadrinhos do Lendário Stan Lee”, que chega em breve às livrarias pela editora Conrad. “Era um pouco muito soturno e triste. Stan era visto na dimensão dos quadrinhos porquê o topo da serra, aquele que chegou o mais longe provável, e era mal ele passava seus últimos dias.”
Scioli fez nas 208 páginas de sua HQ um quadro frenético da vida e dos feitos de Lee. É uma obra documental, com sete páginas de notas e referências bibliográficas —e propositalmente inconclusiva no que se refere às contribuições efetivas do responsável para a geração de personagens porquê o Varão-Aranha e séries porquê X-Men, Quarteto Fantástico e Vingadores, tema que é cândido de muita controvérsia.
Pretérito o prólogo ambientado no término da vida de Lee, o livro retorna à puerícia do responsável. Narra sua juventude na Novidade York pós-crise de 1929, os muitos bicos que fez e sua ingresso no campo dos quadrinhos por meio do editor Martin Goodman, marido de uma prima e fundador da Timely Comics —depois rebatizada de Marvel Comics.
O grosso da HQ enfoca, assim, a transformação de Lee de office boy da portanto editora para showman e rosto do que se tornou um dos maiores conglomerados da indústria do entretenimento.
“Prazer, Stan” apresenta ainda alguns méritos editoriais de Lee. É o caso da geração do “Método Marvel”, que prevê que os roteiristas criem diálogos só depois das páginas serem finalizadas pelos cartunistas. O livro também revela alguns excessos do responsável, porquê a prática de dar chicotadas em ilustradores para mantê-los no ritmo. Mais para frente, constam registros de sua relação com Hollywood e das várias pontas que ele fez em filmes da Marvel.
“Ele era a memória institucional da Marvel, o tecido subjuntivo”, afirma Scioli sobre as conquistas de Lee. “Ele criou um estilo de diálogo e uma caracterização verbal cuja influência se faz sentir até hoje, em múltiplos gêneros”, diz ele. “Seu pior legado? Levar crédito pelo trabalho alheio.”
Uma das supostas vítimas de Lee é coadjuvante na HQ recém-lançada —Jack Kirby, objeto do livro anterior de Scioli, “Jack Kirby – A Épica Biografia do Rei dos Quadrinhos”, publicado em 2020 também pela Conrad. O responsável conta que suas pesquisas sobre o cocriador de grande secção dos personagens da Marvel, chamado de “o rei” pelos fãs da empresa, contribuíram bastante para a produção de “Prazer, Stan”.
“Havia muito coisa a ser retratada”, diz Scioli. “Stan viveu muito tempo e acumulou muitos feitos durante todos esses anos. Na meia-idade, ele estava exclusivamente começando. Ele se movimentava com velocidade, portanto fiz o livro dessa forma, com tudo construído para parecer um fluxo ininterrupto.”
Scioli manteve o estampa blocado que havia usado no livro sobre Kirby, mas substituiu os seis quadros por página do título anterior por vários painéis verticais. A factualidade das informações contrasta com o traço caricato, quase infantilizado, do responsável.
Para Scioli, a história vida de Lee soa porquê uma parábola sobre porquê um dos personagens mais celebrados da indústria do entretenimento pode também se tornar uma vítima dela. O responsável conta seguir gorado com muitas das atitudes de seu protagonista.
“Ele fez secção de quase toda a história dos quadrinhos, mas quando falava ou escrevia sobre o meio e a indústria, usava principalmente frases de efeito simplistas, brincadeiras. Houve pouca notícia sólida apesar de tudo o que ele poderia ter compartilhado.”
