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Já dizia o ditado: fruto de peixe, peixinho é. Às vezes o peixe é famoso, aí acaba que o peixinho fica famoso também.
São os chamados “nepo babies” (bebês do nepotismo), um termo que uso cá com o maior carinho: o que que tem seguir os passos de um parente e se aproveitar das oportunidades que um nome ou uma agenda telefônica muito fornida oferecem, ainda mais se o “nepo baby” em questão reconhecer suas vantagens? O peixinho ainda terá que provar que sabe nadar.
Vou além: ainda muito que há os “nepo babies” do mundo do entretenimento. O que seria de nós sem Carrie Fisher, a eterna princesa Leia de “Star Wars”, filha dos atores Debbie Reynolds e Eddie Fisher? Ou os Barrymores, ou os Hustons? O que expressar dos muitos tentáculos da família Coppola, um clã grande demais até para ser listado por completo cá?
Mesmo o audiovisual brasílio é negócio de família: temos Tarcisinho e Tarcisião (e, é simples, Glória Menezes), os Duartes —Lima, Débora e Paloma ou Regina e Gabriela, dá até pra escolher—, a fernandíssima trindade dos Montenegro-Torres.
Para comemorar o Dia das Crianças, logo, trago cinco séries e filmes estrelados por peixinhos, digo, filhos de pessoas da indústria do entretenimento.
“Convidado Vitalício” (2019)
“Plus One”. Max, 99 min.
Às vezes o “nepo baby” não tem porquê negar as origens. É o caso de Jack Quaid, cuja rosto é exatamente* (*inexatamente) o meio entre a de sua mãe, Meg Ryan, e a de seu pai, Dennis Quaid. Nesta comédia romântica simpática, Jack é Ben, que combina com sua amiga Alice (Maya Erskine), também solteira, de irem juntos a todos os casamentos aos quais forem convidados ao longo de um verão.
“A Idade Dourada” (2022-)
“The Gilded Age”. Max. Duas temporadas, 17 episódios.
Ela assina com um sobrenome dissemelhante do das irmãs, mas uma vez que você sabe que Louisa Jacobson é filha de Meryl Streep, é impossível não ver o parentesco nos seus maneirismos.
Na série, a caçula da família Gummer é Marian, a sobrinha empobrecida de duas mulheres da subida sociedade nova-iorquina na dezena de 1870. Sua chegada ao casarão da 61ª Avenida abre as portas para os contatos pouco amigáveis entre sua tia endinheirada, Agnes van Rhijn (Christine Baranski, venenosa), e os novos-ricos do outro lado da rua, os Russells, em pessoal o jovem Larry (Harry Richardson).
Louisa não é uma atriz à fundura da mamãe, mas a série é divertida o bastante —em pessoal a segunda temporada— para valer a pena.
“Girls” (2012-17)
Max. Seis temporadas, 62 episódios.
Há pouco mais de uma dezena, “Girls” estreou na HBO com um estrondo, e não só por reprofundar fundo no umbigo dos millennials. As quatro amigas protagonistas da série, Hannah (Lena Dunham, também criadora), Marnie (Allison Williams), Shoshanna (Zosia Mamet) e Jessa (Jemima Kirke) eram interpretadas por atrizes com conexões familiares no mundo das artes (Dunham), do teatro (Mamet), da música (Kirke) e da televisão (WIlliams), e foram acusadas de serem todas “nepo babies” e deverem seu sucesso na série exclusivamente a isso.
Mas o seriado tem seus próprios méritos, porquê satirizar as aspirações de uma geração criada na prosperidade, retratar aquela juventude com fidelidade e nos revelar essas quatro atrizes, além de Adam Driver (“Megalopolis”), Ebon Moss-Bachrach (“O Urso”) e Christopher Abbott (“Pobres Criaturas”).
“O Espelho Tem Duas Faces” (1996)
“The Mirror Has Two Faces”. Netflix, 126 min.
Jeff Bridges é secção de mais uma dinastia hollywoodiana, tendo atuado desde pequeno ao lado do irmão, Beau, na série “Sea Hunt”, estrelada por seu pai, Lloyd. É também o mais bem-sucedido da família, proprietário de um Oscar de Melhor Ator (por “Coração Louco”) e outras seis indicações.
Em “O Espelho Tem Duas Faces”, Jeff Bridges vive um romance pouco convencional com Barbra Streisand (que dirigiu o filme). Cansada de ser solteira, Rose (Streisand) decide admitir a proposta de tálamo do colega Gregory (Bridges) —mas o que ele quer é um relacionamento platônico, sem romance nem contato físico.
“Donnie Darko” (2001)
Prime Video, 114 min.
O sucesso cult de Richard Kelly tem não um, mas dois “nepo babies”: Jake e Maggie Gyllenhaal. Além de um irmão ajudar a glória do outro, ambos são filhos do diretor Stephen Gyllenhaal e da roteirista indicada ao Oscar por “O Peso de um Pretérito” (1989), Naomi Foner.
Em seguida evadir de um acidente, Donnie (Jake), um jovem solitário e meio esquisitão, passa a receber visitas de um coelho gigante que o incentiva a cometer crimes. Uma boa opção para o mês do terror! Às vezes eu duvido da sua dedicação à Sparkle Motion.
O QUE ESTÁ CHEGANDO
As novidades nas principais plataformas de streaming
“A Máquina”
“La Máquina”. Disney+, seis episódios.
Minissérie da Disney+ reúne os amigos Gael García Bernal e Diego Luna (“E Sua Mãe Também”) porquê um lutador de boxe em crise (Bernal) e seu empresário (Luna), que está disposto a tudo para restaurar a curso do parceiro.
“Disclaimer”
AppleTV+. Sete episódios. Os dois primeiros já estão disponíveis.
Minissérie estrelada por Cate Blanchett, adaptada por Alfonso Cuarón do livro de Renée Knight. Uma documentarista bem-sucedida (Blanchett) de repente descobre ser não só personagem de um novo livro, mas a vilã da história. Já pude ver aos sete episódios e recomendo completar a série antes de determinar sua opinião.
Sem dar spoilers, posso expressar que Cuarón colocou elementos e camadas demais —muitas linguagens visuais, dois diretores de retrato, três narradores diferentes, uma atuação desproporcional de Sasha Baron Cohen (“Borat”). Mas o mistério é intrigante e Blanchett traz uma força desesperada mais próxima de “Notas Sobre Um Escândalo” (2006) que outros papéis mais gélidos. Minha encarregado escreveu sobre a série cá.
“O Segundo Rosto” (1966)
“Seconds”. Filmicca, 107 min.
Para os impactados por “A Substância”, o filme de John Frankenheimer traz uma premissa parecida: um banqueiro (John Randolph) com a vida aparentemente feita recebe a oportunidade, por meio de uma empresa misteriosa, de deixar sua vida para trás e estrear uma novidade, com uma novidade rosto (Rock Hudson).
“Guerra e Revolta”
“Uprising”. Netflix, 126 min.
Com roteiro, mas não direção, de Park Chan-wook, o filme conta a história de dois amigos de puerícia —um um senhor, outro um servo— que se encontram em lados opostos de uma guerra no período Joseon da história da Coreia, no final do século 16.
“Body by Beth”
Max. Cinco episódios estreiam na segunda (14), os outro cinco em 25.nov.
A musa fitness dos anos 80 Beth (Marisa Orth) vê sua ateneu ameaçada pela chegada de uma concorrente moderna e high-tech do outro lado da rua. Beth precisará logo da ajuda da filha, Carol (Veronica Debom), do ex-marido, Ricardo Manuel (Diogo Vilela), e do companheiro dele, Ronaldo (Guilherme Weber), para manter seu negócio vivo.
VEJA ANTES QUE SEJA TARDE
Uma dica de filme ou série que sairá em breve das plataformas de streaming
“Encontros e Desencontros” (2003)
“Lost in Translation”. Disponível na Netflix até terça (15), 101 min.
Segundo filme da diretora e roteirista “nepo baby” Sofia Coppola, retrata a breve passagem da vida de Charlotte (Scarlett Johansson) e Bob (Bill Murray) em que os dois estranhos formam uma amizade num hotel em Tóquio.