'super Size Me': O Que A Folha Falou Sobre O

‘Super Size Me’: o que a Folha falou sobre o filme em 2004 – 24/05/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

O documentarista americano Morgan Spurlock morreu nesta sexta, aos 53 anos, no estado de Novidade York, nos Estados Unidos.

Seu trabalho mais espargido foi “Super Size Me – A Dieta do Palhaço”, de 2004, que foi indicado ao Oscar de melhor documentário e ganhou o prêmio do júri em Sundance.

Confira inferior a sátira da Folha sobre o filme, escrita em 2004.

“Super Size Me” é “Fahrenheit” da fast food

Sérgio Dávila

Para o muito e para o mal, “Super Size Me”, o controvertido filme de Morgan Spurlock, é o “Fahrenheit 11 de Setembro” da indústria de fast-food e a (consequente? é o que defende o filme) epidemia de obesidade dos EUA.

Para o muito porque se trata de tema incerto, que as grandes corporações de Hollywood evitam por motivos óbvios: da fast-food vendida nas entradas das salas de exibição vem segmento importante do faturamento do negócio cinematográfico.

Para o mal porque, assim porquê a irresistível lambada fílmica que Michael Moore dá na Era Bush, tem momentos importantes de manipulação. Um emblema desse esquema de distorcer a verdade com objetivo “transcendente” não está no filme. É um fac-símile da epístola que Spurlock manda para o McDonald’s pedindo entrevista.

Está no site australiano [acessado em setembro de 2004] da rede e é um primor de enrolação. “Estou impressionado com o trabalho realizado pelo McDonald’s juntamente de suas franquias para produzir e oferecer alternativas saudáveis para os clientes. (…) Uma vez que mencionei no telefonema, estamos fazendo um filme que abre a porta para o inspecção mais honesto e multíplice desta questão até agora e acredito que seu envolvimento mostrará o que as pessoas já estão testemunhando: que o McDonald’s está comprometido com o horizonte saudável da América.”

O que se vê, no entanto, é um diapasão de um lado só, que pode ser resumido assim: por 30 dias, o diretor resolve só se nutrir no McDonald’s, fazendo as três refeições em alguma loja da rede. Contrata três médicos para acompanhá-lo. O resultado é lucro de peso, estouro nos níveis de colesterol, sintomas depressivos, baixa na libido e problemas no fígado, que ganha “consistência de um patê”, porquê diz um dos médicos.

Ele prova sua tese: só se nutrir de hambúrgueres, sorvetes e refrigerantes faz mal. De quebra, consegue bons momentos, porquê quando mostra o calculado apelo junto às crianças que essas redes têm. Não é pouco, mas não é muito mais do que isso.

Uma coisa é certa: manipulativo ou não, depois de ver a leste documentário é provável que você passe a sentir eriçamento de pelos da próxima vez que ouvir a indefectível pergunta: “Fritas acompanham o pedido?”.

Na carona de Michael Moore

Rafael Cariello

Em “Super Size Me”, Morgan Spurlock faz o papel de um Michael Moore (aquele, de “Tiros em Columbine” e agora de “Fahrenheit 9/11”) mais magro e simpático, disposto a provar que um Big Mac pode ser tão prejudicial à sua saúde quanto um maço de cigarros ou a política antiterror de George W. Bush.

Amparado por três médicos e uma namorada vegetariana, Spurlock filma a experiência pessoal de passar um mês fazendo três refeições ao dia no McDonald’s.

Mas a questão interessante do filme acontece ao largo do processo de devastação do fígado e da forma física do cineasta.

Quem é o verdadeiro responsável pelos malefícios do excesso de consumo de fast food nos EUA -e o indumentária de isso aparentemente ser a motivo de o país ter se tornado uma terreno de obesos-, as cadeias de lanches rápidos e pouco nutrientes ou quem escolhe se obstruir de sanduíches?

Com mão ligeiro, Spurlock monta seu argumento: um médico compara o poder viciante da comida ao da heroína, o diretor narra sua própria melhora de humor durante as refeições, seguida de desânimo nos intervalos, há a responsabilidade atribuída às propagandas de TV e aos parques de diversão presentes nas lojas do McDonald’s.

Num dos momentos de melhor humor (?!), o cineasta anuncia uma opção para inviabilizar essa “perversão” da puerícia pela rede do palhaço amarelo e vermelho: dar um soco no fruto toda vez que passarem diante de um fast food. Há momentos mais assustadores: a namorada de Spurlock diz, ali pela metade do mês, que o rapaz está tendo sua vida sexual afetada.

Enquanto isso, ele segue as regras: consumir, até o término dos 30 dias, todos os itens do cardápio. Na primeira experiência com os baldes de comida, outro momento de terror: entupido, o diretor vomita. A tamanho pastosa é focalizada, para desprazer e repúdio da plateia. O paralelo é evidente com o consumo de cigarros e as supostas responsabilidades da indústria tabagista, interessada em manter todos dependentes da nicotina.

E a mesma perseguição é sugerida para os pobres gordinhos americanos: um entrevistado pergunta por que é socialmente aceito recriminar um fumante, mas não um obeso “dependente” de Big Macs.

O curioso é que o maior dependente do sanduíche que aparece, um californiano que diz já ter comido mais de 19 milénio combinações de Big Mac —nove deles num mesmo dia, seu recorde—, é mesmo muito magrinho.

“Mas ele quase nunca come as batatas fritas”, explica o diretor. Ah, bom.

“Super Size Me” é um filme que prova seu argumento: de indumentária, consumir por um mês, três vezes por dia, todos os dias da semana, no McDonald’s parece fazer mal à saúde.

A verdadeira discussão —se tenho o recta de me matar lentamente com Big Macs, cigarros ou o que for— segue —e isso é uma qualidade do filme— inconclusa. Mas Spurlock ainda vai ter que consumir muito Quarterão com Queijo para se transformar em um Michael Moore.

Folha

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