Suspeito De Falsificar Maria Lira Enganou Mercado De Arte

Suspeito de falsificar Maria Lira enganou mercado de arte – 08/05/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Dezenas de obras falsas de Maria Lira Marques invadiram o mercado de arte desde pelo menos junho do ano pretérito, num esquema de falsificação capaz de enganar colecionadores e galeristas experientes, que compraram pinturas e esculturas atribuídas à artista porquê sendo verdadeiras, segundo relatos de profissionais do meio.

Na semana passada, a Folha revelou que, no início de abril, um dos suspeitos de falsificar as obras, Carlos Borsa, foi pego em flagrante ao tentar vender pinturas atribuídas à artista e prestou prova à polícia. Ele nega as acusações e diz que comprava as piratarias de um vendedor numa feira em Embu das Artes, município próximo a São Paulo. Borsa agora responde por estelionato.

Em junho do ano pretérito, a Blombô, uma moradia de leilões, fez um pregão no qual vendeu por tapume de R$ 3.000 uma estátua da artista que depois se revelou falsa. Lira, porquê é conhecida, é do Vale do Jequitinhonha, a região com os piores indicadores sociais do Brasil. Ela pinta o que labareda de bichos do sertão —em pedras e em telas—, usando para isso tintas produzidas com terreno.

Daniel Rebouço, coordenador dos leilões de arte na Blombô, afirma ter pegado a estátua em consignação com Borsa e em seguida checado a proveniência. Ele relata ter enviado fotos da obra para pessoas próximas à artista, que por sua vez teriam mostrado para Lira Marques e recebido a confirmação da autoria.

“Tenho isso registrado e documentado”, diz Rebouço, por telefone. Segundo ele, um marchand de Belo Horizonte que já expôs a artista adquiriu a estátua falsa. Ao desvendar que a obra não era de autoria de Lira Marques, Rebouço diz ter contatado o comprador e ressarcido o quantia.

O jurisperito de Borsa, Frank de Carlos Azevedo, afirma não ter conseguido contato com seu cliente nos últimos dias, e que falará logo que ele responder. Azevedo ressalta que Borsa não é tratado porquê falsário no questionário em curso.

No final de outubro, a moradia de leilões Spiti apregoou dez obras falsas de Lira Marques, entre pinturas e esculturas, que consignou de Borsa, de tratado com Fabio Cimino, um dos sócios da Spiti.

“Ele [Borsa] era muito genial. As obras eram muito bem-feitas. Ele é um artista com muitas qualidades técnicas. Eu fui traído. Não desconfiei em nenhum momento que as obras eram falsas”, diz Cimino, por telefone, acrescentando ter certeza de que era Borsa quem produzia as piratarias.

Cimino, com uma curso de tapume de quatro décadas porquê galerista e leiloeiro, relata que Borsa contava uma história muito confiável de que sua mãe era amiga da artista e que ele tinha obras dela.

Isto, coligado às qualidades técnicas da falsificação e ao traje de que vários agentes de peso do mercado estavam comprando as obras falsas foram o suficiente para que Cimino pegasse as pinturas para colocar em seu leilão. “Um monte de gente comprou as obras dele com a mesma litania”, diz Cimino.

Além das dez consignadas que vendeu no pregão, Cimino relata ter comprado de Borsa tapume de 12 obras por R$ 200 milénio. Estes trabalhos foram apresentados aos investigadores e não chegaram ao mercado, segundo ele e um informante de polícia. Cimino afirma ter reembolsado quem comprou as obras piratas.

Ele conta ainda que o suspeito vendia cada uma das telas por R$ 12 milénio, um preço aquém do valor de mercado da artista, mas não tão mais barato a ponto de suscitar suspicácia. Era uma zero atrativa para o comprador e benéfica para o vendedor.

No leilão da Spiti, as telas foram arrematadas por preços a partir de R$ 17 milénio, e a mais faceta saiu por R$ 37 milénio. A Folha apurou com duas pessoas que preferem não ter seus nomes publicados que o galerista de Lira Marques, Thiago Gomide, comprou uma das obras piratas.

“Eu não comprei obra falsa em leilão, eu represento a artista”, diz Gomide, por telefone.

Entre junho do ano pretérito e fevereiro deste ano, houve ao menos cinco leilões com trabalhos de Lira Marques, um sinal de que seu mercado está aquecido. A artista surgiu no giro com mais força durante a pandemia e agora tem uma grande mostra retrospectiva de sua curso no Instituto Tomie Ohtake, com pinturas, esculturas e material iconográfico.

Depois de uma série de trabalhos falsos atribuídos à artista circularem no mercado por ao menos seis meses, o rebate soou. Rebouço relata ter notado que havia um tanto inverídico quando o suspeito começou a tentar consignar mais obras. “Não tem uma quantidade grande de obra de uma artista sendo ofertada assim, de maneira aleatória. Sei da dificuldade de conseguir obras da Maria Lira”, ele diz.

Gomide também relata ter intrigado pelo volume de obras da artista em circulação. Foi ele, de tratado com a polícia e o jurisperito de Borsa, que armou um flagrante para que o suspeito fosse estagnado.

Sobre um suposto aval da artista às obras falsas, Gomide afirma que talvez o falsário tenha se usado da idade dela —78 anos— e do traje de Lira Marques não ter celular. “Mas não sei se isso aconteceu”, ele pondera, acrescentando que depois a pintora viu as obras pessoalmente e afirmou que não eram dela.

Cimino diz que o lugar seguro para comprar obras de Lira Marques é na galeria de Gomide, a Gomide & Co, e credita ao galerista o valor por desvendar o esquema. “O importante é o final feliz, o falsário foi revelado e as pessoas foram ressarcidas.”

Folha

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