Tecnologias Monitoram Biodiversidade, árvores E Ar Da Amazônia

Tecnologias monitoram biodiversidade, árvores e ar da Amazônia

Brasil

O esquina dos pássaros. A vibração que a onça-pintada emite ao caminhar pela mata. A informação entre os pirarucus na profundeza dos rios. No interno da Amazônia, sons da floresta funcionam uma vez que uma orquestra harmônica. Mesmo ouvidos destreinados conseguem perceber a sinfonia. Mas, se um dos “instrumentos” desafina ou para de tocar, o descompasso também é evidente.

A semelhança entre a música e a biodiversidade amazônica é do biólogo carioca Emiliano Ramalho, de 46 anos, que mora há mais de duas décadas na floresta. É a melhor forma que ele encontrou para explicar uma vez que o monitoramento contínuo dos animais ajuda a estimar o funcionamento do ecossistema e se há sinais de alerta.


Rio de Janeiro (RJ) 10/01/2025 - Personagem - O pesquisador Emiliano Ramalho, especialista em onças-pintadas na Amazônia - Tecnologias monitoram biodiversidade, árvores e ar da Amazônia.
Foto: Marcello Nicolato/Divulgação
Rio de Janeiro (RJ) 10/01/2025 - Personagem - O pesquisador Emiliano Ramalho, especialista em onças-pintadas na Amazônia - Tecnologias monitoram biodiversidade, árvores e ar da Amazônia.
Foto: Marcello Nicolato/Divulgação

O pesquisador Emiliano Ramalho coordena o Projeto Providence, que monitora espécies amazônicas – Marcello Nicolato/Divulgação

Ramalho é diretor técnico-científico do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, na cidade de Tefé, no Amazonas, uma entidade vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Ele coordena desde 2016 o Projeto Providence, que usa sistemas automatizados de som e imagem para estudar as espécies amazônicas. São mais de 40 sensores espalhados pela floresta, que realizam monitoramento em tempo real, 24 horas por dia e sete dias por semana.

“Por meio da tecnologia, conseguimos observar um número de espécies e tipos de comportamentos que seriam impossíveis de monitorar por meios naturais. Logo, muda completamente a perspectiva de reparo dos bichos. A tecnologia não exclui a premência, muitas vezes, de ter o ser humano indo em campo, mas ela se torna um tipo de sétimo sentido nosso”, diz o biólogo.

Emiliano Ramalho já trabalhou especificamente com a escrutínio de pirarucus, no início da curso, e depois se tornou um dos maiores especialistas em ecologia e biologia de onças-pintadas, principalmente em ambientes de várzea. Em um cenário que sofre inundações durante três a quatro meses por ano, o felino se adapta e passa a viver no topo das árvores. O comportamento foi registrado cientificamente pela primeira vez pelo pesquisador.


Rio de Janeiro (RJ) 10/01/2025 - 
Cientistas do instituto mamiraua investigam comportamentos das onças na Amazônia -Tecnologias monitoram biodiversidade, árvores e ar da Amazônia.
Foto: Emiliano Ramalho/Divulgação
Rio de Janeiro (RJ) 10/01/2025 - 
Cientistas do instituto mamiraua investigam comportamentos das onças na Amazônia -Tecnologias monitoram biodiversidade, árvores e ar da Amazônia.
Foto: Emiliano Ramalho/Divulgação

Cientistas do Instituto Mamirauá investigam comportamentos das onças-pintadas na Amazônia  – Emiliano Ramalho/Divulgação

O biólogo costuma proferir que a “onça-pintada é fundamental para a conservação da floresta e a floresta é precípuo para a sobrevivência da onça-pintada”. Nesse sentido, o estabilidade social e originário passa, necessariamente, por estratégias de conservação da biodiversidade amazônica. É esse trabalho, aperfeiçoado pelos instrumentos tecnológicos, que move Ramalho a confiar em um horizonte melhor.

“Para trabalhar na Amazônia, você precisa ter esperança. Sou otimista, porque a nossa geração e a próxima ainda vão ter chance de mudar o cenário de crise. Mas hoje a situação é muito sátira, porque não temos de vestuário mais zona de amortecimento. Se não mudar o paradigma de uma vez que deve ser o desenvolvimento da floresta, a gente vai perder a Amazônia”, analisa o biólogo.

Ecologia do dedo

Uma outra forma de entender as dinâmicas climáticas da Amazônia é olhar para árvores e vegetações. Esse tem sido o caminho percorrido pelo observador paulista Thiago Sanna Freire Silva, ecologista do dedo, uma vez que gosta de se intitular, que leciona informática ambiental na Universidade de Stirling, na Escócia, e coordena projetos de monitoramento de florestas inundáveis.

O foco principal do observador está em entender uma vez que mudanças na hidrologia, no nível da chuva durante secas e cheias, afeta o ecossistema, principalmente em um cenário em que esses fenômenos se tornaram mais extremos. Para ter uma visão analítica mais ampla, ele escaneia extensões grandes da floresta com a tecnologia light detection and ranging (Mourejar), um sensor capaz de enunciar lasers, mapear e gerar cenários em 3D.

“Partimos das seguintes reflexões: se a gente debutar a ter secas muito intensas sempre, isso poderia ser uma coisa boa para as árvores. Porque, quando elas estão inundadas, geralmente param de crescer. Ao mesmo tempo, por justificação do aumento de temperatura e da redução de precipitação, durante a era de seca pode também faltar quantidade adequada de chuva para elas. E as árvores vão permanecer estressadas e ainda mais vulneráveis do que em florestas de terreno firme”, diz Silva.


Manaus (AM), 30/11/2024 - Thiago Silva, ecólogo digital, explorador da National Geographic e professor sênior da Universidade de Stirling, na Escócia, fala durante a TEDx Amazônia, no Salão Rio Solimões. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Manaus (AM), 30/11/2024 - Thiago Silva, ecólogo digital, explorador da National Geographic e professor sênior da Universidade de Stirling, na Escócia, fala durante a TEDx Amazônia, no Salão Rio Solimões. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Ecologista do dedo, Thiago Silva dá aulas de informática ambiental na Universidade de Stirling, na Escócia – Tânia Rêgo/Escritório Brasil

O observador explica que a estudo ajuda a entender os padrões em níveis macroestruturais, a partir de grandes escalas e padrões de funcionamento da floresta. E que os resultados são aprimorados ao dialogarem com os estudos em nível micro e lugar. Diante do ritmo vertiginoso de impactos e prejuízos ao ecossistema, é preciso pensar primeiro em adaptações, antes de vislumbrar regenerações ambientais.

“Um dos grandes problemas dessas grandes crises climáticas é que a gente não tem uma vez que frear, pela velocidade e o tamanho delas. Só o que a gente pode fazer é se ajustar, entender melhor o que está acontecendo e conseguir prever com antecedência uma vez que essas mudanças vão se reunir ao longo das décadas. Assim, podemos pensar em estratégias melhores de uma vez que preservar essas florestas e ajudar as pessoas que dependem desses ambientes”, projeta Silva.

Ao rastrear a saúde das zonas úmidas durante anos, o observador distingue as áreas que precisam ser protegidas antes que os danos se tornem irreversíveis. Enquanto há estudo, há esperança.

“Qualquer observador que trabalha com ecologia e mudanças climáticas vive uma montanha-russa de sentimentos. Em alguns momentos, você fica completamente pessimista. Em outros, tem uma explosão de otimismo. O mais importante é que a gente tem buscado engajamento com as comunidades locais, as pessoas que têm maior capacidade de realmente proteger e fazer diferença. E que às vezes podem até não perceber o poder que elas têm”, diz o pesquisador.

Floresta estressada

No caso da observador Luciana Gatti, os sinais do desmatamento e da crise climática são percebidos no ar. Ela é química e coordena o Laboratório de Gases de Efeito Estufa (LaGEE) do Instituto Vernáculo de Pesquisas Espaciais (Inpe). Desde 2003, atua em pesquisas na superfície de mudanças climáticas, com foco no papel da Amazônia na emissão e aspiração de carbono.


Rio de Janeiro (RJ) 10/01/2025 - Personagem - Pesquisadora Luciana Gatti -Tecnologias monitoram biodiversidade, árvores e ar da Amazônia.
Foto: Luciana Gatti/Arquivo Pessoal
Rio de Janeiro (RJ) 10/01/2025 - Personagem - Pesquisadora Luciana Gatti -Tecnologias monitoram biodiversidade, árvores e ar da Amazônia.
Foto: Luciana Gatti/Arquivo Pessoal

Observador Luciana Gatti coordena o Laboratório de Gases de Efeito Estufa (LaGEE) do Inpe – Luciana Gatti/Registo Pessoal

A mensuração das emissões de gases do efeito estufa começou em 2004, na Floresta Vernáculo do Tapajós, no Pará. A partir de 2010, conseguiram expandir os trabalhos para outras localidades da Amazônia. Aviões de pequeno sobrevoam pontos específicos da floresta, onde amostras de ar são coletadas e armazenadas em frascos, para ulterior estudo em laboratório.

Com isso, poderia ser calculado se a floresta estava se comportando uma vez que manadeira ou sumidouro de carbono. Ou seja, se ela mantinha a capacidade de aspirar mais gases do efeito estuda do que eram emitidos.

“A primeira constatação foi a de que uma região da Amazônia é muito dissemelhante da outra. A maior segmento dos cientistas usa um número ou uma taxa e aplica para o bioma inteiro. Vimos que, quanto mais desmatada a floresta, mais a região tinha perdido volume de chuva e aumentado a temperatura ao longo de 40 anos. E isso acontecia principalmente durante a estação seca, especificamente entre os meses de agosto a outubro, no período da seca. Desmatamento não é só perda de carbono e emissão de gás estufa. É também mudança da requisito climática para a floresta que ainda não foi desmatada”, explica Luciana.

Em outras palavras, a floresta que está sendo modificada pelo desmatamento ao volta vive em uma situação de “estresse”.

“Estamos matando a floresta de duas maneiras dissemelhante: direta e indiretamente. A árvore não consegue fazer fotossíntese, porque está tão sequioso embaixo da terreno que ela precisa fechar o ‘estômago’ para não perder chuva e continuar vivendo. E isso explica porque árvores das regiões mais desmatadas emitem sete vezes mais carbono do que as das regiões menos desmatadas”, diz Luciana.


Rio de Janeiro (RJ) 10/01/2025 - Malas de amostragem da coleta de carbono na amazônia  -Tecnologias monitoram biodiversidade, árvores e ar da Amazônia.
Foto:Luciana Gatti/Divulgação
Rio de Janeiro (RJ) 10/01/2025 - Malas de amostragem da coleta de carbono na amazônia  -Tecnologias monitoram biodiversidade, árvores e ar da Amazônia.
Foto:Luciana Gatti/Divulgação

Malas de amostragem da coleta de carbono na Amazônia – Luciana Gatti/Divulgação

Em um cenário ideal, o balanço de carbono da Floresta Amazônica deveria ser neutro, com estabilidade entre emissões e absorções. Mas, com o desmatamento, a própria floresta passa a ser manadeira de carbono e perde a capacidade de regular o clima. Segundo a observador, não há outra solução a não ser interromper a devastação e priorizar projetos de restauração florestal.

“Nós precisamos de um projecto de sobrevivência para restaurar as áreas perdidas da Amazônia. Eu tenho uma sugestão: vamos colocar uma vez que meta reduzir o rebanho bovino brasílio em 44%, já que é a principal justificação de emissão de gases estufa e a maior segmento do desmatamento vira pasto”, defende Luciana. “Nosso projecto de sobrevivência é plantar árvore. É ela que vai descair a temperatura, nos proteger das ondas de calor, dos eventos extremos. Quem disse que destruir a floresta é progresso é ignorante. A salvação dos brasileiros passa por salvar a Amazônia. Sejamos todos ativistas”, defende a pesquisadora.

Série sobre a Amazônia

A reportagem faz segmento da série Em Resguardo da Amazônia, que abre o ano da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), a ser realizada em Belém, em novembro deste ano. Nas matérias publicadas na Escritório Brasil, povos da Amazônia e aqueles diretamente engajados na resguardo da floresta discutem os impactos das mudanças climáticas e respostas para mourejar com elas.

*A equipe viajou a invitação da CCR, patrocinadora do TEDxAmazônia 2024.


Fonte EBC

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