The Cult: Não Estamos Revisitando Passado, Diz Vocalista 18/02/2025

The Cult: Não estamos revisitando passado, diz vocalista – 18/02/2025 – Ilustrada

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“Podem se preparar, porque The Cult em 2025 está simplesmente arrasador”, diz o cantor Ian Astbury, líder da filarmónica britânica que vem ao Brasil para shows no Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba.

A turnê se labareda “85-25”, mas Astbury rechaça qualquer tentativa de fazer dela uma celebração nostálgica: “Não estamos revisitando o pretérito, mas mostrando uma vez que estamos hoje. Lançamos um disco em 2022. Nossos shows refletem toda a trajetória de 40 anos da filarmónica”.

The Cult tem uma história curiosa. A filarmónica surge em Bradford, na Inglaterra, em 1983, com o nome de Death Cult —Astbury teve uma filarmónica anterior, chamada Southern Death Cult—, no meio da vaga pós-punk de nomes uma vez que Echo and the Bunnymen, Siouxsie and the Banshees e Gang of Four. À estação, a Death Cult tinha uma pegada gótica e dividiu palcos com bandas uma vez que Bauhaus e Birthday Party.

Astbury é inglês, mas mudou com a família aos 11 anos para o Canadá, onde ficou por cinco anos. A família morava a 50 quilômetros da fronteira com os Estados Unidos, e o jovem Ian foi impactado por programas de rádio e TV americanos que o apresentaram à logo nascente vaga do punk rock: “Lembro vincular a TV e ver o New York Dolls tocando, aquilo foi um choque”.

Em 1977, aos 15 anos, Astbury foi passar férias com familiares em Londres e caiu de cabeça na cena punk britânica: “Era uma loucura, havia shows todo dia de bandas uma vez que Stranglers e The Damned. Eu vi o Clash ao vivo e foi muito marcante”. A família Astbury voltou definitivamente ao Reino Unificado por volta de 1979, quando a mãe de Ian, logo sofrendo com um cancro, pediu para morrer em sua terreno natal, a Escócia.

Em Glasgow, Ian tornou-se figura carimbada na cena lugar de rock mútuo. “Eu ia a shows todo dia. Era muito barato para entrar, coisa de uma libra, e a quantidade de grandes bandas era impressionante”, afirma o músico.

“Vi o Crass e fiquei obcecado por eles. Vi Birthday Party [banda de Nick Cave], Iggy Pop, Lou Reed. Vi a Nico [cantora que gravou com o Velvet Underground] se apresentando com o Bauhaus. Um dos shows mais incríveis foi The Cramps em 1980, com a melhor formação, Bryan Gregory e Poison Ivy nas guitarras. Estávamos espremidos na primeira fileira e lembro que o Lux Interno [cantor do Cramps] quebrou uma lâmpada muito em cima das nossas cabeças. Foi rememorável!”

Já com o nome The Cult e contando com o guitarrista Billy Duffy, Astbury lançou “Dreamtime”, disco de estreia do The Cult, em 1984. Mas foi o LP seguinte, “Love”, de 1985, que estourou a filarmónica, com hits uma vez que “She Sells Sanctuary”, “Rain” e “Revolution”.

O disco marcou uma guinada no som da filarmónica, incorporando elementos de hard rock e psicodelia. O som do Cult agradou em referto às rádios de rock nos Estados Unidos, o que colaborou para a imensa popularidade da filarmónica no país.

Segundo Astburty: “Havia uma regra no punk de que você não deveria ouvir bandas dos anos 1960. Não se ouvia Led Zeppelin, Pink Floyd, Love ou Hendrix. A música da contracultura era desprezada. Por um bom tempo, eu me recusei a ouvir The Doors, e foi só quando assisti a ‘Apocalypse Now’ [o filme de Francis Ford Coppola de 1979, que tem na trilha sonora ‘The End’, do Doors] que passei a me interessar por Jim Morrison”.

“Com ele eu comecei a pesquisar as influências do Doors, uma vez que o esoterismo, filosofias orientais, a literatura de Rimbaud e Baudelaire, e isso abriu minha cabeça. E não fui só eu: Ian McCulloch [cantor do Echo and the Bunnymen] e Ian Curtis [cantor do Joy Division] também passaram a apreciar Morrison.”

Depois de “Love”, The Cult passou a concentrar seus esforços de divulgação nos Estados Unidos e a trabalhar com produtores americanos mais ligados ao som pesado, uma vez que Rick Rubin, com quem a filarmónica gravou “Electric”, de 1987, que trouxe os hits “Love Removal Machine” e “Lil’ Devil”. Dois anos depois, The Cult usou o produtor Bob Rock nas gravações de “Sonic Temple”, disco que rendeu grandes sucessos de rádio uma vez que “Fire Woman” e “Edie (Ciao Baby)”.

“A mudança em nosso som não foi planejada, mas resultado de diferentes influências musicais e artísticas que passamos a ter. Sou uma pessoa curiosa e atenta. Paladar de arte, de música, de literatura, de voga, não vivo recluso a nenhuma estação ou convenção. Nossa música é quem somos naquele período”.

Além das rádios de rock, quem também caiu de amores pelo The Cult foi a MTV, que não parava de passar os clipes da filarmónica. “Eu gostava muito da MTV no início”, diz Astbury, “Mas depois percebi o que eles estavam fazendo, que era uma espécie de ‘apartheid’ músico, segmentando artistas por gênero. Eu venho de uma estação em que boa música era boa música. Ninguém dizia que o Bowie ou Alice Cooper faziam ‘música branca’, ou que Sly Stone fazia ‘música negra’. Tudo era música e ouvíamos de tudo.”

“Essa segmentação foi péssima para todo mundo. Os artistas mais famosos tentaram se conciliar à MTV e fizeram música cada vez mais mercantil, enquanto o underground se tornou cada vez mais underground, e bandas uma vez que o Swans, que eu senhor, meio que sumiram por um tempo.”

Sobre os shows no Brasil, Astbury se diz ansioso. “Somos só quatro caras no palco, destruindo tudo. Não há efeitos ou grandes produções, só nós e a nossa música”.

Folha

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