'thelma E Louise' E Violência Contra Mulher Inspiram Peça

‘Thelma e Louise’ e violência contra mulher inspiram peça – 20/09/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

A história real de uma manicure que fugiu de moradia carregando somente uma bolsa faz segmento da lista de inspirações da peça “Eu sou Thelma e Ela é Minha Louise”, criada e encenada pelas atrizes Rita Batata e Mariana Leme, do grupo Rima Coletiva.

O caso foi ouvido por Mariana durante uma viagem, quando parou para fazer as unhas —a manicure havia sido agredida pelo marido e, para evadir, entrou em um ônibus, desceu em uma cidade desconhecida e recomeçou a vida.

Outra inspiração do espetáculo em edital no Sesc Santo Amaro, em São Paulo, é, obviamente, o filme “Thelma e Louise”, de 1991, estrelado por Geena Davis, que interpreta Thelma, e Susan Sarandon, que vive Louise, um roteiro ideal para as duas amigas que tinham o libido de abordar, no teatro, a parceria entre mulheres, o protagonismo feminino e a violência de gênero.

“A amizade é uma coisa que importa falar. Mulheres não são rivais. Juntas, somos muito mais potentes”, diz Rita.

A teoria não foi conciliar o filme para o palco e sim aproveitar os motes que a dupla considera interessantes na obra para gerar uma dramaturgia própria. Elas analisaram a produção cinematográfica, pesquisaram temas relacionados às mulheres e incorporaram questões pessoais no processo de geração da peça, escrita por Rita e dirigida por Mariana.

Para gerar o espetáculo, também ouviram depoimentos —uma vez que o da manicure e de mulheres de outras gerações, incluindo a mãe de Mariana.

A trama acompanha a amizade entre as personagens Vera e Madu, que se conhecem nos anos 1990. Uma violência sexual muda o rumo da vida das duas e, com o passar o tempo, a história mostra as trajetórias das filhas das amigas, Teresa e Luísa, até chegar aos dias atuais.

Outro libido das duas atrizes foi o de abordar a hereditariedade, as memórias e as trocas de experiências entre gerações. Porquê um símbolo disso, peças de roupas antigas receberam uma técnica de reutilização criativa e ganharam estética moderna.

As roupas ficam penduradas no cenário, assim uma vez que outros objetos, e são acessadas pelas artistas ao longo do espetáculo.

“Thelma e Louise” é a principal âncora da peça, mas existem outras referências, uma vez que Medeia, da mitologia grega, e pinturas que retratam Judite, mostrada na bíblia uma vez que uma mulher heroica. Em uma viagem que fizeram juntas pela Europa, Rita e Mariana viram vários quadros que mostram Judite decapitando o general Holofernes para livrar o seu povo do tirano. Na tela de Caravaggio, por exemplo, a imagem é de uma mulher destemida.

A montagem tem uma equipe 100% feminina e dá perpetuidade às pesquisas da Rima Coletiva sobre as múltiplas linguagens da cena teatral contemporânea.

Na dinâmica em cena, há diálogos típicos do teatro dramático, relação direta com o público, uma vez que no teatro homérico, corpos expressivos do teatro físico e, também, a utilização de dados reais que remetem ao teatro documental.

“E, por término, há a linguagem contemporânea atual, que utiliza a fragmentação e o aglutinamento do exposição cênico”, afirma Mariana.

As duas, amigas há 18 anos, permanecem o tempo todo em cena, em uma perpetuidade que extrapola as questões temporais e reafirma a violência de gênero uma vez que um pouco que permanece, apesar dos avanços sociais e legais. Elas contam uma história que começa no contexto do filme hollywoodiano, transita pela ficção e é complementada por nuances biográficas.

Porquê em “Thelma e Louise”, planejam ir para a estrada e levar a peça a outras cidades, depois dois anos de pesquisas, com esteio do Programa Laboratório da Cena. “Tenho um fusquinha, cabe tudo lá dentro”, brinca Rita. “É uma peça chiclete, dá para esticar para cá, diminuir para lá”.

O espetáculo é o terceiro da Rima Coletiva, companhia criada há sete anos pelas amigas. A estreia foi com a peça “Pequenas Certezas”, escrita pela mexicana Bárbara Colio e dirigida por Fernanda D’Umbra, reinaugurando a sala Ademar Guerra, do Meio Cultural São Paulo.

A dramaturgia de “Eu Sou Thelma e Ela é Minha Louise” foi lançada em livro, pela editora Patuá. A amiga Mariana assina a ouvido da obra. “É um retrato íntimo de uma amizade que atravessa o tempo. É também uma sarau enxurro de movimento, uma celebração da nossa parceria”, escreveu.

Folha

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