Marília Mendonça é a artista mais ouvida da dezena no Spotify, que preparou o show tributo “This is Marília Mendonça” às vésperas do natalício de três anos da morte precoce da cantora e compositora, em 2021, em um acidente distraído.
É difícil imaginar uma cantora que ganhou projeção em todo o Brasil em tão pouco tempo quanto a goiana, furando, com o sertanejo, todas as bolhas de estilos no Brasil. Da MPB ao brega nordestino, do hip hop ao funk. É por isso que o evento que tomou o Allianz Parque, em São Paulo, nesse sábado (5) foi, ao mesmo tempo, capaz de emocionar, trazendo o público às lágrimas, e fazer do estádio um grande dança.
Ao todo, 12 artistas cantaram, em sua maioria, três hits da sertaneja em quase duas horas e meia de apresentação. A preâmbulo ficou por conta do DJ Alok que, além de aquecer o público com um pot-pourri dos sucessos de Marília, aproveitou para tocar dois remixes inéditos que lançou hoje para “Supera” e “Morango do Nordeste”. Essa última estourou no país em 1999 com Lairton dos Teclados. Segundo Alok, ele escolheu a fita porque “ficou irretocável na voz de Marília”.
Posteriormente sua participação, Alok recebeu no palco toda a família de Marília, incluindo sua mãe, Dona Ruth, o fruto Léo e seus irmãos. A mãe de Marília se mostrou muito emocionada e agradecida com a homenagem e ressaltou que para o público ela pode ser considerada “rainha”, mas para ela era a sua filha, arrancando lágrimas e arrepios do público.
A concepção do show teve a mariposa uma vez que símbolo principal para falar sobre a artista. É traje que seu legado não morrerá, mas tem renascido de diferentes formas —tanto que, mesmo três anos depois sua morte, ela segue no topo das paradas.
Depois de Alok, foi a vez da dupla Marcos e Belutti entrar no palco, cantando “O que Falta em Você Sou Eu”, “Desleixo de Incapaz” e “Infiel”. Eles foram os primeiros a darem entrevista à prensa e ressaltaram que já conheciam Marília antes de ela estourar uma vez que cantora, devido a suas composições, que já estavam sendo gravadas no meio sertanejo.
Já Luiza Martins, que teve uma relação de amizade muito próxima com Marília Mendonça, entrou para trovar suas três músicas usando uma camisa em que, no colarinho, se via bordado, de um lado, “Marília Mendonça” e, de outro, “para sempre”. Era flagrante a emoção da cantora, que ainda estendeu uma fita em que estava estampada uma foto dela junto de Maurílio Delmont —com quem formava dupla, e morreu em dezembro de 2021, aos 28 anos— e Marília.
Péricles, um dos maiores nomes do pagode romântico no país há mais de duas décadas, deu um show de simpatia e jogo de cintura com “Bebi, Liguei”. Já o agronejo Luan Pereira ficou responsável pela versão de três grandes hits: “Passa Mal”, “Esqueça-me se For Capaz” e “Todo Mundo Vai Tolerar”.
Esta última foi gravada em Roraima, em 2019, segmento do volume 2 do projeto “Todos os Cantos” e ficou 79 dias no topo das paradas. Foi a segunda mais ouvida da cantora naquele ano, detrás exclusivamente de “Bebi, Liguei”.
A ingresso do cantor Murilo Huff no palco veio carregada de uma emoção dissemelhante. Ex-namorado de Marília e pai de seu fruto, ele agradeceu a todos os presentes por estarem ali e ajudarem Léo, que voltou ao palco com a avó, a compreender o que aconteceu com a mãe. E a plateia caiu de novo no pranto quando Huff cantou “De Quem é a Culpa?”.
Ludmilla mostrou sua potência vocal ao ressoar as músicas de Marília. No entanto, fez uma apresentação protocolar. O exato contrário de Luísa Sonza, do qual vocal agudo não é o mais propício para as canções que escolheu, mas deu um show de simpatia e afeto. Ela até ensaiou trovar “Melhor Sozinha”, que não entrou no repertório de “This is Marília”.
Outro que declarou a preço de Marília Mendonça foi Jão. “Foi a primeira artista que me mandou mensagem”. Posteriormente inúmeras turnês em estádios, o cantor estava mais do que à vontade no palco, apesar da seriedade com que executou as músicas.
O baiano Tierry teve um dos melhores encaixes entre seu estilo e as músicas pelas quais ficou responsável, uma vez que “Ciumeira”. Em sua apresentação também ficou latente o que todos os artistas fizeram questão de ressaltar: não era um dia de tristeza, mas de comemorar Marília com alegria. Porém, ao invocar um vídeo gravado durante a turnê de “Todos os Cantos”, mostrando Marília circulando pelos centros das principais capitais do país, o pranto foi inevitável.
Xamã ficou para o termo com a música “Leão”, composta por ele e lançada depois a morte de Marília. Esta é hoje a mais ouvida da sertaneja no Spotify. Mesmo com exclusivamente uma melodia, divertiu entre rimas uma vez que “tá vendo aquela estrela que brilha lá no firmamento, é Marília, mãe do Léo” e “rap é compromisso, Marília melhor do mundo”.
Yasmin Santos, encerrou a sequência e, ao transpor do palco, enquanto uma homenagem era exibida nos telões, todos os artistas se reuniram para um final apoteótico. E se despediram dos fãs cantando e balançando bandeiras com a marca da cantora.