Tim Burton Abre Veneza Com A Liberdade De 'beetlejuice 2'

Tim Burton abre Veneza com a liberdade de ‘Beetlejuice 2’ – 28/08/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Foi apostando na descontração e no saudosismo que o Festival de Veneza deu largada para sua 81ª edição, na manhã desta quarta, 28. O filme eleito para penetrar o evento, “Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice”, exibido fora da competição, é a prosseguimento de uma das comédias mais cultuadas dos anos 1980, que se tornou um inesperado vitória por sua capacidade de falar sobre a morte de modo bem-humorado e inventivo.

No delirante “Os Fantasmas se Divertem”, de 1988, Tim Burton abria caminho para sua curso de tipos e filmes tão estranhos quanto carismáticos, tornando-se um dos diretores mais conhecidos mesmo fora de ambientes mais cinéfilos.

Seu novo longa, que retoma a maior segmento dos personagens do anterior mais de três décadas depois, é a chance de o cineasta voltar a um projeto bem-sucedido no cinema depois de um bom tempo deixando público e sátira a ver navios.

Se no streaming o cineasta conseguiu certa restauração em 2022, com a série “Wandinha”, nas salas talvez seu último vitória verdadeiro tenha sido “Alice no País das Maravilhas”, de um já longínquo 2010.

O filme de 1988 trazia diversas situações inusitadas, mas a trama era muito simples: um par de mortos contava com a ajuda de um fantasma de caráter muito peculiar para espantar pessoas que queriam comprar a mansão onde moravam. E isso era basicamente tudo, ou seja: uma bobagem sem tamanho, mas que justamente por não ter pretensão de ser muito mais do que isso se tornou um filme tão querido.

Esse desprendimento da veras permitia que a trama abarcasse as loucuras mais inimagináveis —o descompromisso com a seriedade era o salvo-conduto que deixava Burton encher seu filme de originalidade e esquisitices.

“As pessoas sempre pediram uma prosseguimento, mas eu sinceramente nunca entendi por que o filme fez tanto sucesso”, disse o diretor, em conversa com a prelo de Veneza, na manhã desta quarta.

“Com a idade, a vida toma caminhos inesperados, e eu meio que me perdi. Mas levante filme me permitiu me reenergizar”, afirmou, descartando as suspeitas de que o projeto seria unicamente uma forma conseguir numerário em cima de um sucesso talvez reservado. “Um filme uma vez que levante teria que ser alguma coisa vindo do coração e que eu quisesse guiar de roupa.”

A juvenil do primeiro filme, Lydia, vivida por Winona Ryder, surge agora já de meia-idade, mas ainda sem saber mourejar com sua capacidade de ver fantasmas perambulando por aí. Mas ainda mais complicado para ela é o trato com a filha Astrid, interpretada por Jenna Ortega —de “Wandinha”—, uma jovem que recicla a personagem de Ryder no primeiro filme. Ela acha a mãe ridícula e sofre bullying no escola pela sua própria estranheza.

Quando ela conhece um rapaz bonitão, vivido por Arthur Conti, que demonstra interesse genuíno por ela, alguma coisa inesperado acontece, e a pequena vai parar no mundo dos mortos. Lydia não vê outra saída para resgatar a filha a não ser fazer o que nunca imaginava: invocar novamente a presença do fantasma Beetlejuice, interpretado por Michael Keaton, ainda enamorado e disposto a tudo para se matrimoniar com ela.

Voltar a um universo uma vez que o de “Os Fantasmas se Divertem” tem um lado bom e outro ruim. O bom é que a liberdade de inserir situações absurdas é quase totalidade, logo o diretor pode dar asas à própria imaginação com folga —e Burton o faz com viveza.

Mas o ruim é que o frescor da mirabolante trama original nunca poderá ser repetido, logo a prosseguimento obviamente nunca terá o mesmo sabor de novidade. Já nasce com qualquer perfume de naftalina.

Os personagens de Geena Davis e Alec Baldwin não aparecem desta vez, mas o filme traz o reforço de Danny DeVito, Monica Bellucci, Justin Theroux e Willem Dafoe —todos meio desperdiçados, infelizmente. O melhor do longa fica mesmo com os que participaram do anterior.

Há em “Os Fantasmas Ainda se Divertem” trechos bastante engraçados, uma vez que as cenas em que Catherine O’Hara usa o próprio luto para gerar sua arte afetadamente pós-moderna, que exibe em instalações, vídeos e performances de uma galeria descolada. Ou mesmo muitas cenas com o próprio Keaton, mais uma vez tirando de letra o papel do fantasma/demônio Beetlejuice.

Mas Burton nem sempre consegue boas soluções para materializar as extravagâncias do roteiro, e a cena vértice, em que o elenco todo dubla a melodia “MacArthur Park”, hit sessentista de Richard Harris, é mais propriamente tola do que divertida.

Uma vez que um todo, porém, o filme equilibra tolice e diversão em uma boa dosagem; melhor ver esses personagens exercendo livremente sua maluquice do que os heróis tediosamente tratados uma vez que eternas vítimas dos filmes mais certinhos do diretor.

As exibições dos longas em disputa pelo Leão de Ouro começam nesta quinta, dia 19. O júri, presidido pela atriz francesa Isabelle Huppert e que conta com o cineasta pernambucano Kleber Mendonça Rebento uma vez que um de seus membros, revelará no próximo dia 7 os vencedores desta edição, que inclui os aguardados novos filmes do espanhol Pedro Almodóvar, “The Room Next Door”, do chileno Pablo Larraín, “Maria”, do americano Todd Phillips, “Joker: Loucura a Dois”, e do brasílio Walter Salles, “Ainda Estou Cá”.

Folha

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *