“A melhor maneira de parecer enamorado pela estrela do filme é realmente estar enamorado por ela, não te parece?”. Tony Curtis, lembrado em seu centenário nesta terça-feira, formulou essa resposta a uma entrevista há 20 anos. Com ela, definia seu modo de ser e de atuar.
Talvez não tenha havido outro sedutor tão sedutor na Hollywood dos anos 1950 e 1960 do que ele. Nem jovem galã tão bem-sucedido. Evidente, pode-se sempre pensar em Rock Hudson, mas seu registro era muito mais estreito. Ou em Marlon Vagaroso, com seu olhar triste, ou Montgomery Clift, de jeito um tanto frágil.
Mas nenhum deles tinha a leveza de Tony Curtis, essa maneira de encarar as coisas, uma vez que se variar do drama à comédia e daí ao homérico ou ao drama policial fosse a coisa mais simples do mundo.
No mais, achava que atores uma vez que Vagaroso ou Clift haviam arruinado a profissão, com seu método do Actor’s Studio, com o hábito de internalizar os personagens e aspirar sua psicologia e vivências passadas. “Na minha profissão não se pensa, se é”, acreditava.
Tony Curtis foi um ator leal ao velho método, em que atores uma vez que James Stewart, Cary Grant ou John Wayne não lutavam para parecer o que não eram. Sua arte consistia em impor uma personalidade que, filme depois filme, os espectadores reconhecessem e, uma secção pelo menos, admirasse e tomasse uma vez que protótipo.
Curtis tinha um ar juvenil que prometia o melhor a quem se aproximasse dele. Mesmo fazendo uma travesti, uma vez que em “Quanto Mais Quente Melhor”, de 1959, Marilyn Monroe caía em sua lábia e em seus braços. Não unicamente a personagem, mas ela própria. Bastou o marido dela, o dramaturgo Arthur Miller, virar as costas por uns dias para que eles caíssem nos braços um do outro.
Foi rápido, paixão de uma noite, até porque Janet Leigh, logo casada com Curtis, estava prenhe de Jamie, a hoje celebrada atriz Jamie Lee Curtis. Só que Marilyn descobriu pouco depois que estava prenhe. Acreditava que o fruto era de Curtis. Miller não gostou zero da história, que acabou com um monstruosidade instintivo qualquer tempo depois.
Essa era a Marilyn instável de 1959, que fez o diretor Billy Wilder rodar até 80 tomadas de um mesmo projecto, e pareceu a Curtis muito dissemelhante daquela do primícias da dezena, quando namoraram pela primeira vez. Ele era logo um jovem promissor da Universal; Marilyn, uma aposta da Fox que já começava a fazer sucesso. Foi um romance limitado, de dez dias, mas Curtis diz que foram inesquecíveis.
Ela se tornaria superestrela logo em seguida. Quanto a Tony Curtis, de papéis pequenos em ótimos filmes, uma vez que “Baixeza”, de Robert Siodmak, em 1949 —onde foi creditado pela primeira vez—, passou a papéis maiores em filmes menores, uma vez que “Traficantes da Morte”, de Joseph Pevney, daí a filmes menores de diretores maiores (“…E o Nubente Voltou”, de Douglas Sirk), até emplacar, em 1956, com “Trapézio”, de Carol Reed, onde fazia o segundo papel masculino, ao lado de Burt Lancaster.
Daí por diante, sua curso saiu da corda bamba. Ele começou a encontrar os cineastas que realmente marcariam sua curso, uma vez que Blake Edwards (“Hienas do Tecido Virente”, “Anáguas a Bordo”), Alexander Mackendrick (“A Embriaguez do Sucesso”), Robert Mulligan (“A Taberna das Ilusões Perdidas”, Stanley Kubrick (“Spartacus”), Richard Quine (“Quando Paris Alucina”, “Médica, Formosa e Solteira”) Richard Fleischer (“Os Vikings”), Vincente Minnelli (“Um Paixão do Outro Mundo”), sem recontar, simples, o Billy Wilder, de “Quanto Mais Quente Melhor”, ou o Stanley Kramer de “Acorrentados” (1958), que lhe valeu a única indicação ao Oscar.
Sua grande período chegaria ao término com o sucesso de “A Corrida do Século” (Edwards, novamente) em 1965. Mas faltava ainda um grande papel dramático, que viria em 1968 com “O Varão que Odiava as Mulheres”, novamente com Richard Fleischer. E, se se quiser, faltava ainda o papel de Rodriguez em “O Último Magnata”, de 1976, espécie de caricatura de um galã de cinema, mas também do próprio Tony Curtis.
Nesse sentido, pode-se proferir que Curtis sobreviveu mais que razoavelmente à era do Actor’s Studio, que tanto abominava, e também à decadência de Hollywood nos anos 1960, ainda mais levando em conta sua agitada vida sentimental, que contabilizou zero menos do que seis casamentos e seis filhos.
Apesar da imagem de varão bonito, jovial e de olhos azuis que tanto encantava as moças, Tony Curtis sempre falou de uma existência amarga, em que o sucesso entrava antes de mais zero uma vez que consolo.
Com efeito, sua juventude não foi fácil, segundo ele mesmo. Nasceu em Novidade York com o nome de Bernard Schwartz, fruto de imigrantes húngaros que, conta, nunca aprenderam inglês e nem muito menos se integraram à sociedade americana. Não tinham trabalho e sobreviviam graças ao auxílio da comunidade judaica sítio.
Isso não o incomodou tanto quanto o antissemitismo. A vida inteira, diz, e não unicamente na puerícia, foi chamado de “judeu sujo” nas ruas de Novidade York ou nos sets de cinema. Em seguida participar da Segunda Guerra, fazer cursos de teatro e, finalmente, obter sucesso, passou a ter a obrigação de cuidar da família em tempo integral.
“Eles me enchiam de exigências. Por um lado, eu tinha de lucrar muito verba. Por outro, de permanecer com eles, protegê-los, encaixar meu irmão menor em qualquer papel, porque minha mãe queria transformá-lo numa estrela. Minha vida pessoal ficou caótica, eu bebia, me drogava.”
Em 1994 enfrentaria o pior baque de sua vida, com a morte, aos 23 anos, de seu fruto Nicholas, por overdose de entorpecentes.
A imagem que deixa, no entanto, e que sobrevive ao seu centenário, é a do galã sorridente, simpático, sedutor e ativo diante dos problemas que podiam afetá-lo.
O final parece de convénio com essa imagem: a morte se deu enquanto dormia, em sua vivenda em Henderson, Nevada, onde vivia com sua sexta mulher, Jull Vandenberg Curtis, com quem estava casado desde 1994.