Torcida Francesa é Minha Quarta Medalha Em Paris, Diz Gabrielzinho

Torcida francesa é minha quarta medalha em Paris, diz Gabrielzinho – 07/09/2024 – Esporte

Esporte

“Estou mais em vivenda do que eu imaginava.”

Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, ganhou três medalhas de ouro na piscina da Redondel La Défense nos Jogos Paralímpicos. Mas não foi só isso, conquistou também o público predominantemente francesismo do evento, que aplaudia intensamente o brasiliano a cada vez que seu nome era anunciado nas provas, perdendo só em exalo para os nadadores franceses —originário em Paris.

Tanto foi o base que logo o brasiliano começou a repetir a cada entrevista na zona mista o quanto estava “se sentindo em vivenda”. “Nem nos meus maiores sonhos eu imaginaria [ficar tão popular em Paris]”, disse nesta sexta (6), na Mansão Brasil.

Depois de sua “missão cumprida”, com os três títulos, o mineiro de 22 anos começaria já neste sábado (7) a colocar em ação seu novo check list. “Quero saber a torre [Eiffel], o Museu do Louvre e o estádio do Paris Saint-Germain.”

As três medalhas de Gabrielzinho (nos 50 m costas, 100 m costas e 200 m livre) foram conquistadas na categoria S2, destinada a atletas com deficiências físicas severas —quanto menor o número que acompanha o S (de “swimming”, natação), maior a deficiência. O brasiliano nasceu com focomelia, doença congênita que impede a formação normal de braços e pernas.

Curiosamente, o brasiliano está longe de ser o principal medalhista dos Jogos. Quase uma dezena de paratletas ganharam mais, incluindo a brasileira Carol Santiago (três ouros e duas pratas). O belorrusso Ihar Boki levou mais cinco ouros e já soma 21 na história.

Mas ninguém fala de Ihar Boki. Na França, o rosto é Gabrielzinho. “Isso do povo francesismo me marcou muito. É sempre bom ser reconhecido pelo trabalho, mas levar uma grande torcida em um grande país pela pessoa que eu sou, eu diria que é mais uma medalha de ouro para o Gabrielzinho, a principal até”.

Fã de futebol e torcedor do Cruzeiro —um grupo de Whatsapp o mantém informado dos resultados em Paris, quando não consegue ver aos jogos—, Gabrielzinho teve sua legião de fãs aumentando a cada prova, espirrando a chuva na piscina para comemorar, mostrando a língua ou o sorriso largo a todo momento, brincando com a torcida na arquibancada.

No pódio, a medalha sempre vem acompanhada de uma dancinha. Era ainda um dos que mais demorava no trajectória da cerimônia da medalha até a saída da estádio, interagindo com a plateia.

Nas redes sociais, o número de seguidores aumentou para 389 milénio (Daniel Dias, maior vencedor paralímpico, tem 135 milénio). E mais de 200 milénio seguidores vieram depois do primeiro ouro. Seu post com as três medalhas no pescoço estava perto das 500 milénio curtidas.

Nascido em Santa Luzia, o brasiliano não era exatamente incógnito quando chegou a Paris. Já tinha três medalhas paralímpicas conquistadas em Tóquio, nas mesmas provas em que agora bisou o pódio.

Em sua primeira entrevista coletiva, antes mesmo da cerimônia de sinceridade, ao lado de outros grandes nomes da natação, nenhum jornalista estrangeiro dirigiu uma pergunta exclusiva ao brasiliano. Nem os hoje apaixonados franceses. Preferiram mirar suas câmeras e canetas para a articulada norte-americana Jessica Long, dona de mais de 20 medalhas paralímpicas, ou para o galã italiano Simone Barlaam, denominado de Clark Kent.

Naquela entrevista, Gabrielzinho mostrava uma de suas características uma vez que paratleta, a obstinação pelo resultado, quase no limite da arrogância. Ao contrário do oração correto de que qualquer lugar no pódio importa, o brasiliano chegou avisando: “Quero transformar a prata [de Tóquio] em ouro”. Transformou. Ou dizia que ia “amassar” os rivais na prova. Amassou.

Exclusivamente alguns dias depois, jornalistas franceses já corriam detrás da prensa brasileira para buscar informações sobre o “fenomenal Gabrielzinho”, que passava pela zona mista pilotando com os pés sua cadeira elétrica.

O Le Parisien se referiu a ele uma vez que “a estrela da Paralimpíada que zero uma vez que um golfinho” e que “sua técnica é impressionante”, o via France 24, o chamou de “fenômeno brasiliano” e a Radio France Internacional se referiu a ele uma vez que “a estrela de Paris”.

No site Actu.fr, a pergunta era “depois de Léon Marchand, quem é Gabriel Araújo, a estrela dos Jogos Paralímpicos?”, comparando o brasiliano ao principal planeta francesismo das Olimpíadas, que conquistou quatro ouros e um bronze na mesma piscina da Redondel La Défense.

Ainda no sábado, depois de visitar a torre, onde foi muito sitiado por turistas e funcionários do sítio para tirar fotos, Gabrielzinho seria um dos convidados em um dos principais programas de entrevista da TV francesa.

Historicamente, em cidades uma vez que Paris, o brasiliano sempre inspira simpatia por meio do esporte. É só um sítio ver alguém com apresto do Brasil para proferir “Ronaldo”, “Neymar”, “Pelé” (para os mais antigos).

Nesta semana, a reportagem já foi abordada duas vezes no metrô para ouvir um entusiasmado e referto de sotaque “Gabrielzinio”.

Apesar de todo paixão do público e da oferta gastronômica francesa, o brasiliano faz outros planos para muito em breve. “A primeira coisa que quero fazer no Brasil é consumir a comida da minha mãe, me jogar nos braços da minha galera.”

Folha

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