Torre Eiffel, 135, Vira Musa Dos Jogos 23/07/2024

Torre Eiffel, 135, vira musa dos Jogos – 23/07/2024 – Esporte

Esporte

A Torre Eiffel, 135, é a musa dos Jogos de Paris. Está em toda segmento: na cerimônia de orifício, no cenário da redondel do vôlei de praia, no pôster solene, no design do pódio e até nas medalhas. Quem lucrar ouro, prata ou bronze levará no peito 18 gramas do ferro original do monumento, incrustados nelas.

Segundo os organizadores, esse ferro vem de um repositório de sobras da torre, substituídos durante reformas ao longo das décadas. A Folha perguntou ao “prefeito” da Torre Eiffel, Patrick Branco Ruivo, onde fica esse repositório.

“É um sigilo”, respondeu Branco Ruivo, sorrindo. “Às vezes acontece, é vasqueiro, de trocarmos peças da torre. E por isso temos pedaços velhos dela, não muitos, mas o suficiente para dar aos nossos amigos do Cojop”, acrescenta, referindo-se à {sigla} do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

Se esse sigilo da senhora de ferro persiste, outros mistérios serão revelados nesta sexta-feira (26), na cerimônia de orifício. Assim uma vez que os demais envolvidos com o espetáculo, Branco Ruivo não pode revelar muitos detalhes. Mas conta que o show terá doze “quadros” ao longo do rio Sena, e que o último deles será na torre.

Durante a cerimônia, Branco Ruivo, 53, e um grupo de convidados terão um dos pontos de vista mais privilegiados: o primeiro marchar da Torre Eiffel, a 57 metros de profundeza. Será um momento peculiar para esse ex-aluno da Escola Vernáculo de Governo (ENA), formadora de muitos dos principais dirigentes políticos e empresariais da França.

Desde 2018 no comando da Torre Eiffel, ele se orgulha de invocar pelo nome os 450 funcionários da torre, e até muitos dos mais de 500 terceirizados de lojas, restaurantes, segurança e limpeza. “Somos mais de milénio, o que eu chamo de família Torre Eiffel”.

Quando Branco Ruivo assumiu a direção universal da torre, Paris tinha sido escolhida uma vez que sede dos Jogos unicamente um ano antes. A colaboração estreita com os organizadores do evento ajudou a renovar a imagem do velho monumento. “Sou responsável pela torre no longo prazo. Ela pode resistir mais milénio anos. É preciso cuidar.”

A empresa —que pertence à cidade de Paris, mas opera uma vez que sociedade anônima— tem buscado atrair um público sofisticado, “haut de gamme”, uma vez que se diz em francesismo. A torre ganhou um logo recíproco, menos previsível, que apresenta o monumento visto de cima e não de frente. Foi criada uma visitante guiada VIP, que custa tapume de R$ 12 milénio, para grupos de até seis pessoas (a tarifa básica por adulto é de R$ 86). Também será lançada uma visitante virtual.

Até a cor do monumento passou do tradicional marrom escuro para um tom, batizado de “amarelo-castanho”, igual ao adotado entre 1907 e 1954. “Quando faz um belo firmamento azul, dá um pequeno efeito dourado”, explica o diretor.

Também foram lançados produtos derivados com a marca da torre, uma vez que macarons (gulosice típico da França) e tênis. O tradicional restaurante Jules Verne, no segundo marchar da torre, foi reformado e ganhou nascente ano sua segunda estrela no prestigiado Guia Michelin.

Um dos principais golpes de marketing foi a instalação para os Jogos, na face da torre que dá para o rio Sena, de cinco monumentais aneis olímpicos de aço francesismo, com 13 metros de profundeza e 30 de largura, a 70 metros de profundeza. Foi uma operação complexa, devido ao peso: 30 toneladas ao todo, equivalentes a 0,3% do peso da torre.

“São dois simbolismos que casamos. E é o símbolo que toca o coração das pessoas. Quando vejo os aneis, sinto uma emoção. Quando vejo a torre, sinto uma emoção. Quando vejo a torre mais os aneis, isso cria uma emoção ainda maior”, diz o diretor da torre.

Branco Ruivo recebeu a Folha na semana passada em seu escritório, que, ao contrário do que se poderia imaginar, não fica a centenas de metros de profundeza, e sim no modesto segundo marchar de um prédio mercantil vizinho à torre.

Rebento de alentejanos de Mina de São Domingos, que migraram para a França durante a ditadura de Salazar, Branco Ruivo fala um bom português, com sotaque mais brasiliano que português —em 2003, estagiou seis meses na embaixada da França em Brasília.

Em setembro, o diretor da Torre Eiffel vai a São Paulo promover seu resultado, em um evento da sucursal francesa de desenvolvimento do turismo. “O mercado brasiliano é importante para nós”, explica. Os brasileiros representam 4% dos 6,5 milhões de visitantes anuais da torre. Têm notabilidade de gastar muito e de gostar de luxo.

Poderão continuar gastando durante os Jogos: a Torre Eiffel vai perfurar normalmente para visitação, apesar da proximidade das arenas do vôlei de praia (no Campo de Marte, jardim aos pés do monumento) e do judô e de luta (no pavilhão de exposições Grand Palais Éphémère).

Folha

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