Ela voltou a ser a estrela dos Jogos de Paris. Depois de andejar um tempo meio sumida dos olhares esportivos, a Torre Eiffel brilha desde domingo (1º), quando começou a competição de futebol de cegos, disputada exclusivamente por homens.
Nesta terça-feira (3), ela teve um dia nublado uma vez que raramente aconteceu nas Olimpíadas, quando emoldurou os duelos de vôlei de praia. Na quadra sintética, o Brasil empatou sem gols com a China —mantendo a invencibilidade histórica desde 2004— e agora pega a Argentina na semifinal. A outra semifinal terá Colômbia e França, para alegria da torcida lugar.
O futebol de cegos é praticado por atletas com deficiência visual. Os quatro jogadores de risco usam viseiras para manter a competição justa, e só os goleiros enxergam.
Às 20h30, uns 15 minutos depois o sol se pôr, a torre começou a se iluminar lentamente. Na quadra, a França já vencia a Turquia, com gritos de “allez, les bleus” controlados por secção da torcida, para não atrapalhar o jogo. Pouco depois, ela já se iluminava e, às 21h, no momento do pausa, piscava luzes brancas, dominando o envolvente.
Foi exclusivamente nesse momento, entre o primeiro e o segundo tempo, que o clima de vôlei de praia voltou, com a arquibancada acendendo as lanternas dos celulares para ouvir “Hymne à l’Amour”, com Edith Piaf —a mesma cantada por Celine Dion na sinceridade olímpica—, ou “Les Champs-Elysées”, outro clássico das arquibancadas neste verão parisiense.
Quando o jogo recomeça, até a “ola” é silenciosa.
Onipresente nos Jogos Olímpicos, passando por sinceridade, ciclismo, maratona, vôlei de praia e até celebrações de medalhas, o principal cartão-postal de Paris estava meio de lado no início das Paralimpíadas. Até na sarau inicial —realizada na Place de la Concorde, com destaque para o Círculo do Triunfo—, ela apareceu timidamente no telão, só para proferir que foi à sarau.
Questionado se foi para ver a partida ou a torre, um testemunha que chegava para Argentina x Japão (segundo jogo do dia) respondeu, andando rapidamente: “Os dois”. Em seguida, completou: “Mais a torre, não torço para nenhum”.
Para subir na Mulher de Ferro, é preciso desembolsar 14,20 euros (murado de R$ 88) —mas, se você não quer encarar os 674 degraus até o segundo andejar e preferir um elevador, fica mais dispendioso, 22,60 euros (R$ 140). Para os jogos de futebol de cegos, havia ingressos por 15 euros (R$ 90). Enigma qual tinha mais fileira na manhã desta terça (3). Ponto para quem pensou na torre.
Durante o trajeto para o Stade Torre Eiffel, uma vez que a redondel foi batizada, as pontes e ruas próximas continuam repletas de turistas buscando um novo ângulo para a “selfie” com a torre ao fundo —sempre tem um ângulo novo.
Neste período dos Jogos, reza a regra do autorretrato que é preciso ajustar a imagem para contemplar os anéis olímpicos, instalados desde junho. A prefeita Anne Hidalgo deu uma força, ao proferir que teve o aval do COI (Comitê Olímpico Internacional) para manter os arcos depois as Paralimpíadas. “Porquê prefeita, a decisão me cabe, e tenho a concordância do COI. Portanto, sim, eles vão permanecer”, disse.
Hidalgo também quer prestigiar o pedestre na ponte d’Iéna, criando uma fita mediano, o que tornaria ainda maior a quantidade de cliques por minuto na rosto da torre.
Os Jogos Olímpicos foram vendidos desde o início uma vez que um grande cartão-postal, integrando as principais referências turísticas da cidade à competição. No evento paralímpico, a concorrência com a torre diminuiu. A Place de La Concorde, antes usada para esportes radicais, foi usada exclusivamente na cerimônia de sinceridade. A ponte Alexandre 3º perdeu força no “segundo tempo”, uma vez que os organizadores chamam as Paralimpíadas.
E o Parque dos Campeões, superfície do outro lado da torre, vizinha do Trocadéro, está em período de desmonte.
Tirando os intervalos, não dá para repetir a farra de DJs do vôlei de praia. Mas o locutor é prestímano para invocar a torcida nos momentos de falta, escanteio ou pedido de tempo, quando o cronômetro para. Nessa hora, ele labareda rapidamente a torcida para maltratar o pé na estrutura provisória; ou pede o esteio para qualquer time, de preferência o da lar. A França é sempre a seleção escolhida para o último horário.
O clima é um pouco dissemelhante da balada que era o vôlei de praia olímpico, quando ninguém ficava quieto. Mas quem brilha, sempre, é a torre.