A médica veterinária Andressa Schafe tirou a tarde de sexta-feira (10) para dormir em vivenda, com a família. “Estou muito partida emocionalmente”, disse Andressa à Filial Brasil. Moradora do município de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, ela trabalha uma vez que voluntária desde o primeiro dia da tragédia climática que abala o estado, chegando ao ginásio que concentra as doações aos desabrigados dos municípios gaúchos às 7h40, todas as manhãs.
“As pessoas que atuam na traço de frente, uma vez que eu, já estão no automático. A gente só vai indo, tenta resolver os problemas o supremo que consegue.” Na sexta, o ginásio onde os voluntários estão trabalhando, e onde guardam roupas e comida, inundou. “A gente tentou erguer tudo, porque Santa Maria está sendo a regional de recolhimento. Todo mundo pegou em vassouras e rodos e começou a limpar. Mas, depois daquilo, eu me sentei e acho que chorei uma hora, porque já estamos exaustos. Todo mundo que se encontra na traço de frente está cansado. Mas seguimos.”
Andressa conta que muita gente chega à regional de recolhimento querendo ajuda, e os voluntários não estão conseguindo montar cestas básicas suficientes, porque as doações diminuíram muito, e as pessoas ficam decepcionadas. O que se consegue é enviado para a quarta colônia, que reúne as dez cidades devastadas pelas enchentes e situadas perto de barragens.
“Foi onde devastou tudo. As pessoas estão sem chuva e comida”. Oito ou dez caminhonetes tracionadas levam as cestas básicas para esses municípios, onde nem helicópteros ou carros estão conseguindo chegar. “As pessoas de Santa Maria que vêm pedir ajuda ficam frustradas. Porém, estamos tentando extinguir o incêndio onde as pessoas não têm nem chuva. Não conseguimos atender todo mundo, mas estamos tentando da maneira mais justa.”
Com a chegada de roupas doadas, que vêm de muitos locais do Brasil, os voluntários de Santa Maria conseguem montar kits completos de roupas e sapatos femininos, masculinos e infantis por tamanho.
Solidariedade
Samara Buchmann, que faz mestrado de psicologia na Universidade Federalista do Rio Grande do Sul, está sem aulas, com restrição de chuva e de movimentos. A oficina mecânica de seu pai, Denis, ficou alagada com a enxurrada do Guaíba, em Porto Prazenteiro, e ele teve problemas financeiros. A família abriga uma amiga de Pelotas e sua cadela, que não puderam entrar em vivenda por culpa das enchentes que assolam o estado.
Em entrevista à Filial Brasil, Samara conta que vive uma situação novidade e atípica, apesar da enchente no Vale do Taquari no ano pretérito ter ocasionado muitos estragos. “Nessa proporção que a gente está vendo agora, porém, nem a enchente de 1941, que era a mais famosa, mais conhecida e a pior até hoje. Agora, quase todas as cidades do estado foram afetadas de alguma sorte. Mais de 100 pessoas morreram por culpa das chuvas, e há centenas de milhares de pessoas desabrigadas e muitos desaparecidos.”
Samara elogiou o trabalho da Resguardo Social, dos bombeiros e do Tropa no resgate e colocação de pessoas e animais em abrigos e no transporte de mantimentos. “Há uma rede muito grande de voluntários arrecadando recursos, fazendo as compras de que os abrigos precisam: material de higiene e limpeza, roupas de insensível, agora que está caindo a temperatura, remédios, ração para os animais. Toda hora está passando carruagem de polícia, helicóptero.”
A estudante destaca que todos estão mobilizados para ajudar, tanto no Rio Grande do Sul quanto nos demais estados, e também no exterior, divulgando o que está acontecendo e informando do que os gaúchos estão precisando neste momento. Para Samara, solidariedade e união são os principais fatores que mobilizam atualmente as pessoas. “Não é só cá, com o povo gaúcho se ajudando, é também em lugares muito distantes, com o libido de enviar muita ajuda para cá, de ter qualquer parente ou camarada e estar entrando em contato para saber se essa pessoa está muito, se precisa de alguma coisa. Essa rede é de escora emocional e não só material”, concluiu.
Saúde mental
O psiquiatra Jorge Jaber, membro fundador e associado da International Society of Addiction Medicine e associado à World Federation Against Drugs, afirma que tragédias climáticas, uma vez que as enchentes do Rio Grande do Sul, afetam a saúde mental das pessoas, tanto as que perdem parentes e amigos, além de bens, quanto profissionais e voluntários que se esforçam para fazer salvamentos e, muitas vezes, não conseguem.
Na superfície específica de psiquiatria, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) criou um link para que especialistas do Brasil inteiro possam ajudar a população gaúcha, seja por atendimento presencial, com profissionais que estão mais próximos do evento, ou a intervalo, pelas mídias sociais. O Juízo Regional de Medicina do Rio Grande do Sul modificou também uma preceito para que os médicos, nesse período, tal uma vez que ocorreu na idade da pandemia de covid-19, possam exprimir receituário controlado.
Em entrevista à Filial Brasil, Jaber explica que quase todos os medicamentos psiquiátricos são níveo de controle da Filial Pátrio de Vigilância Sanitária (Anvisa), em termos de receitas. “Existem receitas brancas, azuis e amarelas. As receitas azuis e amarelas, que são emitidas pelo Juízo Regional de Medicina do estado, estão sendo liberadas para que sejam feitas, inclusive, a intervalo, de modo a reduzir o impacto que esse catástofre está causando na população.”
Sobre o evento traumático de natureza ecológica, Jaber diz que a repercussão é grande e de longa duração. Ele lembra que, em 2024, ainda se avaliam os efeitos de longa duração da pandemia da covid-19 (2020-2023). “O que está acontecendo agora vai repercutir em uma geração de jovens que estão sendo submetidos a perdas traumáticas de entes queridos, à perda de bens e ao dano ecológico. Um estado que tem características de preservação ecológica uma vez que o Rio Grande do Sul vai suportar um dano muito grande.”
Segundo o psiquiatra, a mudança climática, a mudança da vegetação, a morte de animais, tudo isso gera sofrimento a mais e contribui fortemente para a perda da saúde mental.
Jaber enfatiza que não só as pessoas doentes, mas o ser humano, de maneira universal, todos precisam ter uma certa segurança ambiental para viver plenamente a sua saúde. “Qualquer dano ecológico ao envolvente repercute na saúde mental do tipo por uma série de razões, principalmente aquelas voltadas ao pânico, angústia, sofreguidão, depressão, transtornos psicóticos, injúria de substâncias, uso indevido de remédios. Isso tudo cria uma solução bastante difícil que tem repercussões de pequeno e também de longo prazo.” De negócio com o psiquiatra, estima-se que, em um evento uma vez que leste, a população demore de cinco a dez anos para debutar a se estabilizar, do ponto de vista da saúde mental.
No tocante aos profissionais e voluntários que estão no Rio Grande do Sul salvando pessoas e animais, Jaber destaca o trabalho da Resguardo Social, ao gerar equipes multiplicadoras, motivadas por líderes. O psiquiatra lembra, mas, que pessoas com menor capacidade de resistência a frustrações, situações que envolvem morte e situações catastróficas e dolorosas, devem ser afastadas, aproveitando-se aqueles que realmente demonstram alguma resiliência nessas circunstâncias.
Socorro psicológico
Para contribuir com as iniciativas de protecção em saúde mental às vítimas das enchentes, os professores Christian Haag Kristensen e Caroline Santa Maria Rodrigues, do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Traumatismo e Estresse (Nepte), da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), criaram um curso rápido, voltado para pessoas que estão atuando uma vez que voluntárias em resgates e abrigos ou ajudando de outras formas. O objetivo é contribuir com as iniciativas de protecção em saúde mental às vítimas, facilitando, ao mesmo tempo, o atendimento psicológico mais adequado no momento. O material tem escora do Juízo Regional de Psicologia (CRP-RS).
O curso Primeiros Socorros Psicológicos: Intervindo em Situações de Crises, Desastres e Catástrofes foi gravado pelos dois pesquisadores e dividido em duas partes. Na primeira, é feita uma contextualização de desastres, indicando quais os possíveis efeitos psicológicos e agravantes da situação, uma vez que miséria, machucados e abusos, entre outras situações. Na segunda, são explicadas as maneiras práticas de abordar e se discursar com as vítimas e as formas de notícia adequadas.
Os professores ressaltam a premência de se considerar que as pessoas estão em situação de vulnerabilidade, uma vez que crianças e adolescentes, pessoas com problemas de saúde, deficiências, ou ainda correndo risco de discriminação ou violência. O curso procura oferecer um quadro rápido, para que os atingidos mais fortemente pela catástrofe sejam tratados de maneira humanizada. A PUCRS está abrigando pessoas e famílias afetadas pelas chuvas e enchentes do estado nas dependências do Parque Esportivo (Prédio 81) e também recebe e encaminha doações.
As atividades acadêmicas foram suspensas na universidade, mas o campus permanece acessível aos estudantes e à comunidade, oferecendo entrada à força elétrica, equipamentos, ambientes de estudo, serviços de alimento e uso das estruturas disponíveis.
Política pública
Para a doutora em saúde coletiva e perito em saúde mental do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde Dayana Rosa, a relação entre saúde mental e meio envolvente ainda é pouco debatida no Brasil mas, no mundo inteiro, tem sido abordada com frequência. “Na Europa, por exemplo, já se fala em sofreguidão climática, principalmente entre a população mais jovem”, disse Dayana à Filial Brasil.
No Brasil, onde existe muita riqueza originário e a exploração da natureza constitui uma das principais atividades econômicas, é cada vez mais necessário que o Estado promova políticas públicas, ao mesmo tempo que amplia o entrada e protege o meio envolvente, uma vez que forma de promover também saúde mental e de prevenir transtornos e sofrimentos desse tipo, diz a perito. “O entrada ao meio envolvente deve caminhar junto com a promoção do entrada à saúde mental”, enfatiza.
Dayana Rosa cita pesquisa feita no Reino Uno, segundo a qual, pessoas que vivem em áreas com altos níveis de poluição do ar têm 40% mais chance de desenvolver depressão que as que estão em áreas com ar mais limpo. No Brasil, no caso do rompimento da barragem de Mariana (MG), em 2015, pesquisa da Universidade Federalista de Minas Gerais (UFMG), feita em 2018, constatou que 74% das pessoas tiveram piora do estado de saúde. Na saúde mental, a depressão e a sofreguidão, que afetavam 1% da população, subiram para 23%. Em 2020, dois anos depois da tragédia, quase 30% dos atingidos sofriam com depressão, número cinco vezes maior do que a média vernáculo na idade. “São transtornos provocados pela requisito em que a natureza se encontra e pelas consequências de você perder a vivenda, não ter entrada a bens básicos uma vez que chuva, alimento, e sem eles é impossível falar de saúde mental”.
A perito lembra que, durante a pandemia da covid-19, os profissionais de saúde que ficaram na traço de frente foram os que mais adoeceram em termos de saúde mental. “Fica a premência também de proteger os profissionais de saúde e os demais profissionais que estão na traço de frente no Rio Grande do Sul”.
A Frente Parlamentar de Saúde Mental, da qual o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde faz a secretaria executiva, propôs o projeto de lei Cuidando de Quem Cuida, para proteger profissionais de saúde que estão na traço de frente, uma vez que no caso do Rio Grande do Sul.
Transtorno
O neurologista Guilherme Schmidt, docente do Instituto de Instrução Médica (Idomed), disse à Filial Brasil que, quando se pensa em saúde, isso não envolve unicamente carência de doenças, porque saúde requer bem-estar físico, mental e social. “A população do Rio Grande do Sul perdeu, no mínimo, o bem-estar mental e social. Até que haja recuperação, principalmente da secção social e de rotina, é uma população que tem maior risco de transtorno mental”.
Schmidt alerta que o governo precisa ter uma perspectiva de reconstrução para essas pessoas, “de voltar à normalidade, de crianças voltarem para a escola, pessoas voltarem para o serviço, se não tiverem perdido, voltarem para vivenda, se tiverem a vivenda para voltar”. Na avaliação do médico, essa é uma população que apresenta maior risco de doença psiquiátrica.
Uma das primeiras reações de quem passa por uma situação traumática de tal porte é a confusão mental, seguida pelo estado de angústia pelo que está acontecendo, o que leva ao espírito de solidariedade para tentar resolver o problema. “Quando isso vai passando, e a pessoa constata que não está voltando para a rotina dela, podem romper problemas. A pessoa não tem mais aquele sentimento de utilidade, nem a rotina anterior. É uma população na qual a gente tem que permanecer de olho.”
Pacientes que têm risco de desenvolver doenças psiquiátricas podem apresentar, entre outros sintomas, pensamentos perturbadores ou pesadelos, revivendo o que aconteceu, pânico de enlouquecer, de perder o controle e permanecer em estado de hipervigilância, mais nervosos, mais inquietos – é mais fácil entrar em pânico. Esses sintomas podem afetar relações pessoais e até de trabalho, uma vez que as pessoas ficam muito irritáveis, diz o neurologista.
Muitos passam a evitar o contato com pessoas que passaram pela mesma tragédia e diminuem o círculo social com pânico de lembrar os acontecimentos. Podem apresentar diferença do sono e mostrar dificuldade de concentração e se tornar mais indiferentes na secção emocional. Normalmente, é mais suscetível a tais sintomas a população que já era mais vulnerável ou portadora de alguma doença mental e sem rede de escora de parentes e amigos, além da parcela que sofreu maiores perdas no sinistro. Schmidt salienta a premência de permanecer de olho nesse grupo, que costuma aumentar o uso de álcool e drogas.
Schmidt acentua que a temporada de luto considerada normal é de, no supremo, até dois meses posteriormente a tragédia, porque as pessoas tiveram perderam parentes e bens. “Mas permanecer com depressão posteriormente uma tragédia dessas não é normal. Se o luto está demorando mais que dois meses, é preciso debutar a se preocupar e tratar esse paciente, que ele tem maior risco de depressão. Tem que tratar logo porque aumenta a chance de um transtorno depressivo associado”, diz o médico, que alerta também para o aumento de doenças cardiovasculares.
Segundo o neurologista, uma coisa positiva que pode ocorrer nesse tipo de evento é o propagação pós-traumático, na medida que situações extremas acabam levando a mudanças na vida das pessoas, uma vez que cuidar mais da saúde, dedicar-se mais à família, aumentar a rede de contatos. “E a grande coisa que aumenta nisso tudo é a resiliência, que é a nossa capacidade de voltar ao funcionamento normal depois de eventos traumáticos desconfortáveis. Algumas pessoas ficam mais fortes depois desses eventos”, afirma Schmidt.