Em julho do ano pretérito, a turnê brasileira do Supertramp Experience foi uma grande surpresa. A filarmónica tributo ao grupo britânico Supertramp passou por várias cidades, perto de uma lotação totalidade. Agora, praticamente um ano depois, está cumprindo um giro por dez cidades, iniciado no dia 16 deste mês, em Criciúma.
Neste domingo (25), é a vez de São Paulo, no Tokio Marine Hall. A turnê se encerra no Rio, no feriado de 7 de setembro. Sobre a corroboração do projeto no país, o cantor e tecladista galicismo Antoine Oheix, pai do Experience, começa a falar, diplomaticamente, que os fãs são inúmeros em quase todos os lugares, mas depois passa a elogiar os brasileiros com exalo.
“Em outros países, você sente que as pessoas começam mais quietas e aos poucos vão se soltando, entrando na animação. Cá no Brasil, zero disso. No primeiro acorde da primeira música o público já reage com tudo!” O destaque aos brasileiros é relevante, já que Oheix e seus companheiros já passaram por muitos países desde que ele começou a filarmónica na França, em 2010.
Para ele, o Supertramp fascina pela força das canções, das melodias. A filarmónica liderada pelos vocalistas, tecladistas e compositores Roger Hodgson e Rick Davies foi formada em London em 1969 e ganhou seus fãs com uma mistura de rock progressivo e música pop.
Um morno sucesso inicial virou uma febre mundial com o sexto álbum, “Breakfast in America”, de 1979, que hoje está entre os 30 álbuns mais vendidos da história do rock, com mais de 19 milhões de cópias.
“É o disco que todos amam”, declara Oheix, que aponta as canções desse disco porquê essenciais para a filarmónica tributo. O grupo não repete em suas apresentações os setlists habituais das turnês do Supertramp. “A ordem das músicas é decidida por nós. Abrimos com alguma tranquilidade, inserimos um miolo com alguns hits e portanto partimos com os maiores sucessos para um final espetacular.” Aí entram “The Logical Song”, “Dreamer” e “Goodbye Stranger”, entre outros hinos.
Uma das marcas registradas do Supertramp é a alternância de vocais entre Rick Davies e Roger Hodgson, nascente com uma voz muito mais aguda. O líder do Experience admite ser difícil, praticamente impossível, contemplar essa particularidade.
“Eu sou o único vocalista da filarmónica. As canções gravadas por Davies são mais fáceis para mim. Eu tento modular a voz para me aproximar um pouco do que Hodgson consegue, mas é unicamente uma tentativa. Creio que o público nem pode esperar isso da minha performance. Quina essas músicas no meu limite.”
A grande procura de ingressos para os shows da filarmónica tributo são um simples sinal de que é aprovada pelos admiradores do Supertramp. Mas existem fãs mais radicais que não gostam do projeto, alegando que a filarmónica francesa está unicamente fazendo moeda utilizando o legado do grupo original.
“Olha, entendo esse pessoal, porque eu também era assim quando mais jovem. Desde o início do Experience, fui percebendo que as plateias ficavam alegres com o show, era uma coisa boa.” E destaca que eles já se encontraram algumas vezes com Roger Hodgson, que elogiou o projeto. “Ele até disse que um dia viria a um show nosso para participar. Estamos esperando até hoje”, diz, rindo.
A plateia nos shows do Supertramp Experience contempla claramente dois tipos de público. Tem gente mais madura, fãs de primeira hora do Supertramp, em procura de recordações, numa viagem nostálgica. Mas os jovens aparecem porque gostam dos discos da filarmónica britânica, mas não tiveram chance de ver um show.
“O Supertramp atrai os garotos porque é música de verdade, criada por grandes compositores, não é esse som repetitivo de hoje”, analisa o galicismo. Na verdade, a popularidade mundial da filarmónica é um mistério para muitos críticos de rock. O sucesso contra-senso de “Breakfast in America” não tem um fator simples para ter sido tão retumbante. Para muitos jornalistas, é o caso de “o disco patente na hora certa”.
“É a qualidade das músicas, é isso.” Oheix acredita tanto nisso que admite que sua filarmónica não se sente livre para modificar as músicas clássicas.
“No sumo nós estendemos alguns solos de guitarra, ou de sax, mas é muito pouco. O som do Supertramp não é imprescindível, porquê o AC/DC, por exemplo. As canções são complexas, tem arranjos minuciosos. É porquê Mozart. Muitas orquestras tocam Mozart, mas sempre respeitando o que ele escreveu.”
