'tudo Em Família' Se Perde Em Meio A Cenas Embaraçosas

‘Tudo em Família’ se perde em meio a cenas embaraçosas – 08/07/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

O americano Richard LaGravenese foi o responsável pelos roteiros de alguns dos filmes mais preciosos da dez de 1990. Foi ele quem escreveu, por exemplo, “O Pescador de Ilusões”, de 1991, e “As Pontes de Madison”, de 1995.

Mas desde que passou a guiar seus próprios filmes, em “Volta por Cima”, de 1998, mostrou que seu talento tinha limitações, muito embora exista certa qualidade em qualquer de seus trabalhos.

“Tudo em Família” não é roteirizado pelo cineasta, mas é uma novidade aposta dele no campo das comédias românticas, gênero no qual acabou se especializando. Desta vez, investe em uma trama sobre o paixão entre um varão e uma mulher mais velha.

Zac Efron interpreta Chris, planeta de filmes de ação de qualidade duvidosa, cuja curso há anos permanece estacionada no mesmo tipo de produções e personagens descartáveis. Mas é uma estrela, com recta a uma extrema vaidade pessoal e a ter assessores para resolver qualquer minúsculo problema em sua vida.

Uma de suas funcionárias é Zara, vivida por Joey King, uma espécie de faz-tudo, que conhece detalhadamente os caprichos de seu patrão e seu comportamento zero respeitoso com as mulheres com quem se envolve.

Mas um dia o ator conhece Brooke, interpretada por Nicole Kidman, mãe de Zara e uma escritora de grande talento, e os dois iniciam um romance. O que faz a pequena permanecer transtornada.

Em um primeiro momento, Zara se sente péssima porque acha que sua repentina promoção profissional se explica somente porquê uma gentileza do patrão, querendo fazer um jovialidade a sua mãe. Depois, porque ela se dá conta de que, conhecendo muito Chris porquê ela conhece, o ator é capaz de magoar terrivelmente Brooke, porquê tem feito desde sempre com suas outras namoradas.

Em grande segmento do filme, a talentosa King cria uma personagem um pedaço birrenta, o que nos faz suspeitar de que ela não aceita o romance por um terceiro motivo: emulação, puro e simples. Da mãe e do patrão. Ou, mais precisamente, porque é uma pequena, no fundo, bastante mimada e com uma propensão ao egoísmo.

Essa suspeita vai se confirmando com o desenrolar da trama, e embora inicialmente o público possa rejeitar esse comportamento infantilizado de Zara, com o tempo ela cresce enquanto personagem. Porque ela é um poço de contradições: entre paixão, emulação e despeito, ela se perde, e está a todo tempo cometendo erros, e tentando corrigi-los em seguida, mas não vasqueiro causando ainda mais complicações por razão disso.

Apesar de irritante, é uma boa personagem, com mais nuances que as comédias românticas, em universal, tendem a fabricar.

O filme também acerta ao mostrar a relação entre sogra e nora por um viés bastante incomum, de amizade e companheirismo. Kathy Bates, que interpreta a mãe do marido de Brooke, que morreu ainda muito jovem, tem poucas cenas, mas ela brilha sempre que aparece, no papel da senhora boa terreiro e sexualmente ouriçada.

Mas existe um tanto que desce quadro na interação entre Nicole Kidman e Zac Efron. Não se trata somente de falta de química, ou meramente de estranhamento pela diferença de idade, é que simplesmente parece uma teoria improvável demais que qualquer dia Nicole Kidman fosse se interessar por Zac Efron.

Ainda mais sendo o seu personagem o poço de estupidez, o vácuo cultural e a encarnação da falta de refinamento que ele é, enquanto o de Kidman é uma mulher sofisticada, madura, pé no pavimento.

Nos trechos de idílio romântico, quando vemos o casalzinho brincando de se vestir com figurinos de filmes, ou quando aparecem bebendo vinho em uma praia ao pôr do Sol, ao som de uma música romântica genérica, o filme atinge instantes terrivelmente embaraçosos. Não há um pingo de verdade em absolutamente zero que aparece ali.

Em grande segmento, é preciso expressar, o problema talvez seja Efron porquê um todo: zero do que diz saudação a ele parece real, genuíno. Desde os músculos ultraestufados do ator até seu rosto estranhamente anguloso e a pele irrealmente sem vincos.

Efron foi um ídolo juvenil carismático no primícias da idade adulta, mas em menos de uma dez, de repente ele parece ter migrado dos 18 aos 40 anos. Mas não um envelhecimento precoce, puramente; parece antes ter pretérito por um processo de robotização. Hoje em dia, ele tem uma figura improvável, engessada. A cada ano, se parece mais e mais com um androide.

“Tudo em Família” tem lá seus instantes, mas não consegue evadir à mediocridade generalizada que paira sobre as comédias românticas hollywoodianas há tempos. Entre todos os gêneros, talvez seja esse o mais agonizante na atualidade.

Folha

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