Ultramaratonista Desafia O Monte Roraima 27/06/2024 É Logo

Ultramaratonista desafia o monte Roraima – 27/06/2024 – É Logo Ali

Esporte

Quem já viveu a experiência única de percorrer o platô lunar do eminente do Monte Roraima, na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana, sabe o quanto a topografia sítio exige a cada passo. Com a figura de um imenso tabuleiro de xadrez, o visitante é reiteradamente alertado pelos guias que só deve pisar nas pedras “brancas”, ou seja, naquelas em que os muitos passos de outros caminhantes já limparam a dimensão e a deixaram razoavelmente segura. Nas “pedras pretas”, uma grossa categoria de material orgânica em dissolução misturada a lodo e à poeira de dois bilhões de anos cria armadilhas que podem fazer o pé distraído naufragar alguns centímetros na gosma fedorenta ou alguns metros que ameaçam ossos e tendões. Não custa ressaltar, por óbvio, que as pedras não são tão regulares quanto as casas de um tabuleiro, finalmente trata-se de uma trilha originário e a natureza tem sabida ojeriza à simetria. Peões, lá nos seus 2.810 metros de altitude, sofrem, e não tem cavalo, patriarca ou realeza que se meta a besta.

Mas se só caminhar pelos 32 quilômetros quadrados do platô já é um duelo, dá para imaginar o que leva um cidadão a resolver fazer zero menos que uma maratona na superfície do monte Roraima? Pois essa foi a teoria que teve o paranaense de Curitiba Marlus Jungton, 42, que correu, ao lado do guia venezuelano José Ramon Lezama, sabido uma vez que Rambo, 42 quilômetros e quebrados quicando de pedra (branca, ou quase) em pedra (branca, ou quase) em 8h41m.

Sem registro de alguém que tenha completado tal façanha em qualquer outro momento, Jungton conversou com o blog para racontar um pouco de sua vida em procura de novos desafios.

1. Você já tinha corrido dez maratonas em dez dias ao longo do Caminho de Santiago, na Espanha, em 2022. O que o levou a escolher o monte Roraima para mais uma maratona?

Eu faço corridas desde 2015, corro e subo montanhas de altitude, uma vez que a Aconcágua (6.961m), na Argentina, e a Himlung Himal (7.135m), no Nepal. Não fiz cume em nenhuma das duas, não estava prestes e fiz tudo inexacto, nunca nem tinha dormido numa barraca, imagine, mas foram experiências incríveis de subir em montanhas. Já corri em dez países, fiz 3 ultramaratonas [provas que variam de 70 a 160 quilômetros], 33 maratonas, e juntar os dois esportes, corrida com serra, ainda mais em um lugar pleno de pujança uma vez que é o Roraima, essa coisa de decorrer por três países, tudo isso me animou. E eu fui.

2. O que você sabia sobre a topografia do monte? O que pensou quando chegou lá no eminente e viu uma vez que era na veras?

Quando eu disse à guia da expedição que pretendia subir e decorrer lá em cima, ela tentou me dissuadir, porque a dimensão era difícil e ela não sabia de ninguém que tivesse feito isso. Me deu vários motivos para não fazer isso, explicou que a paisagem é lunar, com muitas pedras, mas eu insisti. Só chegando lá entendi o que era o tal terreno lunar, um espaço em que você não consegue nem marchar normalmente, tem que pular o tempo todo porque zero é projecto. Acho que dá para encontrar trechos planos para decorrer de, no sumo, uns três metros seguidos, isso em um trajectória totalidade de 42 milénio metros.

Na verdade, lá é um jogo de xadrez, uma vez que dizem, mas, dramatizando um pouco, no Roraima você está jogando xadrez com a morte, porque cada passo é estratégico e em cada salto você pode tombar, naufragar, virar o pé, por exemplo, ou percutir a cabeça numa rocha, o que seria um problemão numa serra da qual só se é resgatado ou por dois guias te carregando para grave ou por um helicóptero pelo qual é preciso remunerar R$ 40 milénio. Portanto, foram mais de oito horas saltando fendas, subindo e descendo paredes engatinhando, o que significa parar a corrida com o batimento cardíaco lá no eminente para escalar e depois retomar o ritmo.

3. Porquê escolheu o parceiro, o Rambo, para a empreitada?

Quando eu insisti em que ia decorrer lá no eminente, a filial Soul Outdoor consultou seus parceiros para acharem um guia sítio que pudesse me seguir, porque não me autorizariam a trespassar sozinho, mesmo com GPS. Eles descobriram um guia de origem indígena que trabalha na cozinha das expedições, nascido na região, e que também corre nas horas vagas, já tinha feito maratonas também. Quando o conheci, ele entendeu na hora o duelo que seria fazer o roteiro que normalmente se faz em sete dias em somente algumas horas, e aceitou a empreitada na hora. O Rambo fez todo o trajeto comigo, corremos juntos e não soubemos de nenhum outro desportista que tenha completado esse duelo lá, num dos terrenos mais difíceis e perigosos do planeta.

4. O que mais te marcou nesse duelo lá no Roraima?

Sem incerteza, a pujança do sítio. Porque você vai decorrer numa corrida de trail run, em trilhas, ela vai ter uma organização, porque é mercantil, né? Eu sou galeria namorado, mas não costumo decorrer em montanhas, nem tenho fôlego para isso. Portanto, no Roraima, tive a oportunidade de decorrer num lugar mágico, um privilégio, correndo ao lado do Rambo, conquistando aquilo ao lado dele e entrar em êxtase vendo uma vez que era superar os perigos, tudo isso marcou demais.

Folha

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