Usado Para Recomeço, Auxílio Não Foi Acessado Por Todos Os

Usado para recomeço, auxílio não foi acessado por todos os atingidos

Brasil

O auxílio reconstrução de R$ 5,1 milénio reais, disponibilizado pelo governo federalista para as famílias atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, tem sido usado para reiniciar a rotina destruída pelas águas. Porém, muitas famílias ainda não acessaram o recurso por erro no cadastro, pelo não envio de dados ou por falta de informação.

Quando o numerário é acessado, ele é gasto na compra de imóveis e eletrodomésticos básicos, porquê leito, fogão e geladeira; para reforma e limpeza da residência e, em alguns casos, guardado para gastos futuros.

A moradora do bairro Sarandi, de Porto Jubiloso (RS), Lisiane Correia, está desempregada e voltou para vivenda na última sexta-feira (21), quase 50 dias posteriormente as enchentes. O auxílio foi usado para comprar um fogão e uma geladeira.

“Foi muito importante. A gente conseguiu comprar bastante coisa de brique [de segunda mão, usado], né? Fogão, geladeira de brique, comprei uns pallets, que nem leito a gente tem porque foi tudo embora. O resto a gente vai deixar para fazer as reformas que precisa porque sem esse valor a gente nem tem porquê”, ressaltou.

Sarandi (RS), 24/06/2024 - Lisiane Correia e o seu marido Fábio Junior Quintera mostram fogão e geladeira dentro da sua casa que compraram com o auxílio do governo, após enchente que atingiu toda a região. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Sarandi (RS), 24/06/2024 - Lisiane Correia e o seu marido Fábio Junior Quintera mostram fogão e geladeira dentro da sua casa que compraram com o auxílio do governo, após enchente que atingiu toda a região. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Sarandi (RS) – Lisiane Correia e o marido Fábio Junior Quintera mostram fogão e geladeira que compraram com o auxílio do governo – Foto Bruno Peres/Dependência Brasil

Por outro lado, Lisiane acrescentou que o numerário é insuficiente para repor as perdas. A chuva chegou ao teto da sua residência e estragou todos os eletrodomésticos.

A moradora Ângela Márcia Dreissg Corino, de 60 anos, tinha um pet shop nos fundos da vivenda. Ela ainda tenta limpar a residência para voltar, pois segue na vivenda da sogra.

“Ajuda muito o auxílio porque tu compra uma geladeira ou outra coisa. Para minha mana, que perdeu tudo mesmo, é forçoso. Eu ainda consegui salvar segmento dos móveis e eletrodomésticos”, explicou Ângela.  

Sarandi (RS), 24/06/2024 - Ângela Márcia Dreissg Corino em frente a sua casa, após enchente que atingiu toda a região. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Sarandi (RS), 24/06/2024 - Ângela Márcia Dreissg Corino em frente a sua casa, após enchente que atingiu toda a região. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Sarandi (RS) – Ângela Márcia Dreissg Corino em frente a sua vivenda, posteriormente enchente que atingiu toda a região – Foto Bruno Peres/Dependência Brasil

Outra moradora do Sarandi, a aposentada Elione da Silva Canedo, de 59 anos, disse que o recurso é pouco se comparado com o que aconteceu. “Pouquíssimo. Preciso de numerário para remunerar uma pessoa para me ajudar a limpar, gasta com gasolina, a caixa d’chuva está toda contaminada e tem que trocar. O numerário não dá”, reclamou.

Sarandi (RS), 24/06/2024 - Elione da Silva Canedo em frente a sua casa, após enchente que atingiu toda a região. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Sarandi (RS), 24/06/2024 - Elione da Silva Canedo em frente a sua casa, após enchente que atingiu toda a região. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Sarandi (RS) – Elione da Silva Canedo em frente a sua vivenda, posteriormente enchente que atingiu toda a região – Foto Bruno Peres/Dependência Brasil

A facilitar de cozinha Suzete Santos de Lima, de 40 anos, está há 50 dias vivendo em um abrigo de Muçum (RS), município do Vale do Taquari. “Ajuda para comprar os móveis que eu perdi. Preciso de máquina de lavar roupa e uma televisão para as crianças. Não é muita coisa, mas já ajuda”, disse.

O pescador artesanal Luiz Antônio de Albuquerque, de 53 anos, decidiu vigilar o numerário para comprar um tanto que lhe dê renda. “Muita gente reclama do valor, que não é patível com o que perdeu, mas pelos menos é um recomeço. Quero comprar uma máquina de frango ou de sorvete para ter uma renda até restabelecer meu embarcação”, disse.

Sem auxílio

Apesar de o auxílio ser para todos os atingidos, muitos moradores relatam que não conseguem o numerário. A Dependência Brasil entrou em um grupo de aplicativo de mensagens de atingidos das chamadas ilhas de Porto Jubiloso, comunidades às margens dos rios da cidade.

A espera pelo auxílio é um dos principais temas das discussões. “Eu fiz meu cadastro dia 22, enviaram dia 29 e tem gente que fez depois e já recebeu”, diz um dos membros do grupo. “Pois é. Eu conheço uma pessoa que fez dia 05/06 e já ganhou, o meu está desde o dia 28/05 e até agora zero”, reclama outro integrante.

Esse é o caso da aposentada Maria Sirlei Vargas, de 64 anos, que vive com um salário mínimo na cidade de Roca Sales (RS), no Vale do Taquari. Ela perdeu a vivenda na correnteza. “O meu ainda está em estudo. O auxílio ajudaria nesse momento. Minha teoria era comprar uma leito com esse numerário e ir levando”, comentou.

Há ainda os casos dos que não acessam por falta de informação. O trabalhador autônomo Salomão Bernardo dos Santos, de 37 anos, vive em um abrigo de Roca Sales desde a enchente de maio, mas não consegue acessar o auxílio.

“Tu tem um celular na mão e tu não entende. Para minha mãe é complicado também. A gente não consegue se inscrever. Eles falam para entrar no site, mas a gente não consegue”, lamentou.

Os municípios têm até esta terça-feira (25) para enviar os dados dos atingidos com recta ao auxílio. Ao todo, 182 prefeituras com famílias atingidas ainda não haviam enviado as informações.

Prefeituras 

Prefeituras de municípios gaúchos devem cadastrar dados das famílias na página do Auxílio Reconstrução. Depois a estudo, o responsável familiar confirma informações no mesmo site. O repositório em conta é feito pela Caixa.

As prefeituras explicam que muitas informações estão erradas ou duplicadas, ou outra pessoa da mesma família já recebeu o recurso. Ou por outra, os dados precisam ser confirmados pelos moradores.

Sarandi (RS), 24/06/2024 - Casa com marcas do nível da água após enchente que atingiu toda a região. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Sarandi (RS), 24/06/2024 - Casa com marcas do nível da água após enchente que atingiu toda a região. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Sarandi (RS) – Moradia com marcas do nível da chuva posteriormente enchente que atingiu a região – Foto Bruno Peres/Dependência Brasil

O secretário de planejamento de Eldorado do Sul (RS), Josimar Cardoso, contou que 13 milénio residências do municípios foram danificadas e 10 milénio pessoas já receberam o recurso. “Temos outras 1,3 milénio pessoas já habilitadas e 17 milénio em estudo com possíveis fraudes de endereços. Por isso fica em estudo”, explicou.

Nessa segunda-feira (23), a prefeitura de São Leopoldo manifestou preocupação com a baixa procura. “Até domingo (23), menos da metade das pessoas com cadastro reprovado por erros na hora do preenchimento haviam procurado o serviço privativo criado para correção e reenvio dos dados”, afirmou, em nota.

Os critérios que podem impedir uma pessoa de receber o recurso são: endereço fora da mancha georreferenciada; endereço não confirmado nas bases do governo; mais de uma família no mesmo endereço; família com membros comuns já com auxílio; família com membro em outra família habilitada; família que pediu auxílio em mais de um município; CPF não regular; menor de 16 anos; e vestígio de óbito nas bases do governo, segundo informou a assessoria do Ministério do Desenvolvimento Regional.

Equipes do governo federalista vão percorrer nesta semana 30 municípios gaúchos selecionados em que há suspeita de que famílias atingidas não estejam nas áreas consideradas pelas bases de dados da União.

Transacção

O recurso do auxílio também tem ajudado o negócio ao colocar numerário para rodear. A dona de uma loja de roupa infantil de Muçum (RS), Simone Bao, de 45 anos, comentou que o auxílio está ajudando. “Ajuda porque eles vão investir em alguma coisa, compra um traste, ai sobre um pouco para comprar uma roupa, aí ajuda nossa loja”, disse.

O prefeito de Roca Sales, Amilton Fontana (MDB), avaliou que o recurso movimenta os municípios. “Esse numerário ajuda bastante as famílias. Dá para comprar muita coisa e ajuda o negócio lugar”, disse.

O prefeito de Muçum (RS), Mateus Trojan (MDB), avaliou que o auxílio tem efeito restringido. “Ajudou, mas não resolveu o problema, que é muito mais multíplice porque há muitas indústrias, empresas, negócio que foram diretamente atingidos e não conseguiram retomar as atividades”, ponderou.

Números

O governo federalista informou que 256,7 milénio famílias de 115 cidades já foram aprovadas para receber o favor, sendo que 208 milénio encaminharam a confirmação dos dados. Entre as que confirmaram as informações, 202 milénio já estão com os R$ 5,1 milénio em conta, o que totaliza pouco mais de R$ 1 bilhão.

A expectativa do governo federalista é atender 375 milénio famílias gaúchas, representando R$ 1,9 bilhão em benefícios.

Fonte EBC

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