Viagem De Will Ferrell Com Amiga Trans é Lição De

Viagem de Will Ferrell com amiga trans é lição de amizade – 05/10/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Essa é uma resenha para ser lida com trilha sonora. Tem várias opções. Os mais românticos podem ler ao som de “What the World Needs Now”, do Burt Bacharach, na voz de Dionne Warwick. Os festeiros podem dar play em “You’re My Best Friend”, do Queen. Pessoal da geração alpha que quiser optar por “It’s Nice To Have a Friend”, da Taylor Swift, que vá em frente.

De Roberto Carlos aos Beatles, de Justin Bieber a Milton Promanação, passando rapper —agora em desgraça— P. Diddy, que estourou com “I’ll Be Missing You”, muitos artistas cantaram sobre a amizade.

Mas não é todo mundo que faz o que o comediante Will Ferrell, de 57 anos, fez neste documentário singelo e inolvidável. A premissa de “Will & Harper” é tão simples, e o resultado tão emocionante, que até parece uma jogada de marketing. Mas não, é amizade mesmo. Amizade com um comediante rico e famoso, verdade, mas também generoso, genial e disposto a admitir as pessoas porquê elas são.

Depois de 30 anos de amizade e parceria profissional, Ferrell descobre, por um email, que um grande companheiro, ex-roteirista do “Saturday Night Live”, portanto divulgado porquê Andrew Steele —o “nome morto” é mencionado várias vezes—, está se assumindo porquê uma mulher trans, Harper.

Ferrell, chocado, se pergunta porquê isso vai afetar a amizade deles. “Quais são as regras?”, ele questiona, retoricamente. Logo, decide fazer as perguntas todas pessoalmente, em uma viagem de sege pelos Estados Unidos, na qual os dois amigos terão tempo e oportunidade de entender porquê tudo vai permanecer dali para frente —tanto entre os dois porquê para Harper e o resto do mundo, certamente menos crédulo a essa transformação que um comediante de Hollywood.

Logo de faceta fica evidente que Ferrell não embarcou nessa história para fazer piada com a amiga, que ainda se entende com o novo guarda-roupa, os sapatos de salto e a maneira de se portar em público. Não que ele não faça piada nenhuma, mas ri com ela, não dela. Por fim, Harper também é comediante e roteirista.

Também não espere uma notoriedade boazinha. Essa é uma história íntima de roboração, que vai fazer você pensar nas suas próprias amizades. Alguém faria isso por você? Você faria isso por alguém?

Depois a leitura do tal email, surge a proposta da viagem de sege, em que Ferrell acompanha Harper pela primeira vez em um encontro com sua única mana —mas também a um jogo de basquete, um bar de ourela de estrada, um supermercado de uma cidade pequena e a diversos lugares que ela frequentava antes de se assumir porquê mulher.

Harper governanta estar em movimento, e conta durante o trajectória que já viajou pelo interno dos Estados Unidos várias vezes, pedindo carona, explorando lanchonetes, bares sujos, tomando cerveja barata. E é esse território que os dois exploram juntos.

Ferrell e ela começaram a trabalhar no “SNL” na dezena de 1990, e ambos não foram sucessos imediatos. Ferrell era considerado trejeito demais, e foi justamente Harper quem entendeu melhor seu estilo. Foi ela quem escreveu as esquetes que revelaram o talento absurdista delel —e foi também quem o convenceu a fazer algumas grandes bobagens, porquê um filme-paródia de romance mexicana, toda em espanhol, “Morada de Mi Padre”, com Gael Garcia Bernal e Diego Luna.

Desde que se reencontram em Novidade York para seguir o trajeto com o sege de Harper, um daqueles modelos vintages, com uma tira que imita madeira na lateral, a dupla alterna momentos de relaxamento totalidade —aquela sensação fácil de estar entre amigos com quem você pode fazer piadas politicamente incorretas ou só não falar zero por um tempo— e outros de mais impaciência diante do horizonte daquela amizade.

“Não tenho dúvidas de que Will é meu companheiro, mas eu não sou mais Andrew Steele”, diz Harper, logo no primícias do filme. Porquê fica uma amizade quando uma das pessoas muda de gênero, ou melhor, revela que vivia uma versão de si mesma com a qual não se identificava? De quem, enfim, se era companheiro? E o resto do mundo, porquê vai agir em relação a ela agora?

O documentário tem partes leves e descontraídas, porquê quando os dois visitam o prédio onde gravavam o “SNL” e reencontram antigos amigos porquê Lorne Michaels, Tina Fey, Seth Meyers, Tim Meadows, etc. Todos artistas, mente oportunidade, pessoas que aceitam a transição de Harper sem grandes questionamentos.

Mas conforme o cenário da viagem muda para o interno do país, a zona de conforto vai ficando cada vez mais distante, e Ferrell e Harper têm conversas complexas e desafiadoras.

Harper revela o ódio que sentia por si mesma, pensamentos suicidas e um completo desespero nos anos antes de se tornar sua verdadeira identidade. E é cá que Ferrell brilha, porquê um companheiro leal, curioso e com aquele talento que falta a tanta gente hoje, de quem sabe a hora de simplesmente ver e ouvir com atenção e coração crédulo quem está do lado.

Esse, talvez, seja o melhor investimento que uma pessoa pode fazer na vida. Prestar atenção, penetrar os olhos, os ouvidos, a agenda, e, por que não, a carteira, para saber profundamente as pessoas que nos importam. Do que mais o mundo precisa?

Folha

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