Vintena brasileira lança álbum 'que tom que tá isso?'

Vintena Brasileira lança álbum ‘Que tom que tá isso?’ – 17/06/2025 – Música em Letras

Celebridades Cultura

A orquestra de música instrumental Vintena Brasileira, comandada pelo pianista, compositor e arranjador André Marques, comemora 20 anos de história com o lançamento do álbum, “Que tom que tá isso?”, o quinto do grupo.

O disco chega às plataformas digitais no dia 20 de junho, com shows de lançamento nesta terça-feira (17), em Ribeirão Preto, no Teatro Pedro II, e na quarta-feira (18), em São Paulo, na Vivenda de Francisca.

O nome do álbum, que também é o título de uma das faixas, funciona uma vez que uma provocação muito humorada e, ao mesmo tempo, um retrato leal da origem da Vintena: uma orquestra formada por 21 músicos, com sonoridade e formação única, além de um repertório difícil de ser enquadrado dentro das convenções tradicionais da música de concerto ou popular.

A Vintena é uma orquestra formada por quatro guitarras elétricas, sanfona, bandolim, teclado, violinos e percussões.

A música da Vintena esta ancorada na Música Universal, noção desenvolvido por Hermeto Pascoal, rabi com quem André Marques trabalha há mais de 30 anos. A proposta foge de estruturas fixas, formas harmônicas convencionais ou análises acadêmicas. São composições que navegam por uma multiplicidade de ritmos e influências, do baião ao flamenco, da música mouro e oriental ao frevo e com muita improvisação e liberdade criativa, sempre com uma identidade profundamente brasileira.

Leia, a seguir, a entrevista exclusiva que o pianista André Marques concedeu ao blog e assista, no final do texto ao vídeo no qual a Vintena toca “Lapa”, música de André Marques.

Há quanto tempo existe a Vintena Brasileira?

A Vintena Brasileira desde 2003. Começou uma vez que uma oficina de ritmos brasileiros com músicos recém formados do Conservatório de Tatuí, mas com o tempo a coisa foi ficando séria e estamos aí até hoje, com mais de 20 anos de história e lançando nosso quinto disco.

Qual é a proposta do grupo?

A Vintena sempre teve essa teoria de fazer música brasileira de um jeito livre, sem se prender a formatos ou rótulos. Isso vem muito da escola do Hermeto, músico com quem toco há mais de 30 anos, da chamada Música Universal, que mistura tudo: baião, jazz, maracatu, música erudita, improviso, mas é simples que buscando ser do meu jeito, com uma identidade própria dentro disso tudo. E com uma formação muito dissemelhante de uma orquestra tradicional — temos 21 músicos, com guitarra elétrica, sanfona, bandolim, teclado, percussão, cordas. A proposta logo é juntar tudo isso e transformar em alguma coisa que faça sentido, mas sem se preocupar se é tonal, se tem forma, essas coisas. A intenção é emocionar, surpreender e mostrar o quanto essa Música Universal pode ser inventiva e ousada também.

Quem são os atuais instrumentistas da Vintena e qual o instrumento que cada um toca?

André Marques (direção músico, meio e arranjos); Ana Mamparra (voz); André Grella (piano e acordeom); Carla Raíza (viola); Cesar Roversi (sax tenor e flauta); Daniel Barden (guitarra); Digo Ferreira (guitarra); Dô de Roble (sax cima e flauta); Gui Silveiras (guitarra); Jackson Silva (contrabaixo); João Casimiro (bateria); Letícia Andrade (violino); Luís Benedetti (guitarra); Luiz Anthony (bandolim e violão); Marina Bastos (flautas e flautim); Marcelo Pereira (sax barítono, soprano e flauta); Pedro Vercelino (percussão); Raphael Sampaio (trompete); Renato Pereira (violino); Samuel Dexter (piano e acordeom); e Thiago Faria (violoncelo).

Quais as dificuldades encontradas por um grupo com tantos músicos?

O maior repto da Vintena sempre foi o próprio tamanho do grupo. Com 21 músicos, tudo se torna mais multíplice: viajar, hospedar, organizar logística, encontrar palcos que comportem todo mundo. Portanto, infelizmente, a gente acaba se apresentando menos do que gostaria. Isso se intensifica ainda mais porque os músicos vêm de diferentes cidades, o que exige um esforço de organização ainda maior.

Apesar disso, o que sempre sustentou o grupo foi o paixão e o comprometimento com a música. Nos primeiros dez anos, a gente ensaiava religiosamente todas as quartas-feiras, mesmo quando não havia shows marcados, e sem receber zero por isso. Na verdade, cada um investia do próprio bolso pra estar presente. Isso só acontece quando existe um nível muito potente de envolvimento artístico e humano.

E foi justamente esse tempo de dedicação intensa que moldou a identidade da Vintena. O som do grupo, com toda sua originalidade e liberdade, nasceu desse processo de convívio músico profunda.

Uma vez que são resolvidas essas questões?

Nunca são resolvidas [risos], mas não desistimos. Seria resolvida com um patrocínio, assim uma vez que algumas orquestras têm, mas ainda não conseguimos isso.

Qual a proposta do novo álbum?

A proposta do disco “Que tom que tá isso?” é, de certa forma, sintetizar a identidade da Vintena nesses 20 anos de história. O nome já carrega essa graçola com o nosso som, uma música que muitas vezes foge dos padrões tradicionais, que muda de tom, que desafia uma estudo harmônica convencional. É uma pergunta real que a gente escuta nos ensaios, mas também uma provocação sobre o tipo de música que a gente acredita: livre, brasileira e enxurrada de surpresas.

Ao mesmo tempo, o disco tem um lado muito afetivo. Tem composições novas que refletem o momento atual do grupo, e também homenagens a pessoas importantes na nossa trajetória, uma vez que a filete “Dois Violinos”, que foi inspirada em dois músicos queridos da Vintena, Renato Pereira e Wanessa Dourado. Infelizmente, Wanessa faleceu antes de poder tocar a música, logo essa filete se tornou também uma homenagem a ela.

No termo, é um disco que celebra a liberdade criativa, mas também a história, o afeto e a resistência de um grupo que, mesmo com todas as dificuldades, continua acreditando na força da música brasileira e universal.

Descreva musicalmente três músicas do novo álbum.

“Forrozinho nº4” é a filete que abre o disco, vem de uma coleção minha de forrós que tem influência também da música erudita. Sempre sabor de frisar que pra mim não tem diferença entre música popular, erudita, folclórica, música é música. Ela também brinca com o coco no meio e termina com um solo de piano muito lírico.

“A Múmia” é uma música inspirada nos ritmos do Oriente Médio, mas também com uma mistura que remete a alguns ritmos brasileiros, uma vez que samba e maracatu.

“Bachianas nº5” é a única não autoral do disco, uma releitura do clássico de Villa-Lobos, com novas harmonias, novas instrumentações e incorporando um ritmo de maracatu no final. Sempre que faço um restauro, sabor de colocar minha identidade, mas isso não é por desrespeito ao original. Muito pelo contrário, o restauro original é espetacular. Só que ele já existe, já foi gravado, logo, se é pra fazer igual, eu prefiro não fazer. Até porque eu dificilmente vou tocar melhor do que quem criou. Por isso, sabor de transformar, esse é meu jeito de dialogar com a obra sem tentar imitá-la.

Por que as pessoas devem testemunhar ao show de lançamento desse álbum da Vintena?

O show é uma chance de ouvir um grupo grande e dissemelhante, que mistura muitos ritmos brasileiros com influências diversas, numa proposta que nem sempre a gente encontra por aí. A gente vai apresentar as músicas novas do disco, que trazem essa mistura de estilos e histórias, inclusive homenagens importantes para o grupo. Aliás, é um momento peculiar porque estamos celebrando 20 anos juntos, o que torna o encontro ainda mais significativo. Quem for vai poder sentir de perto essa troca e a virilidade do grupo tocando junto, que é alguma coisa difícil de passar só ouvindo o disco.

Assista, a seguir, ao vídeo no qual a Vintena toca “Lapa”, formação de André Marques.

SHOW LANÇAMENTO ÁLBUM ‘QUE TOM QUE TÁ?’

ARTISTA Vintena Brasileira

QUANDO Terça-feira (17), às 20h; quarta-feira (18), às 21h30

ONDE Terça-feira (17), no Teatro Pedro II – Rua Álvares Cabral, 370, Núcleo, Ribeirão Preto, São Paulo; na quarta-feira (18), na C asa de Francisca, r. Quintino Bocaiúva, 22, Sé, São Paulo, São Paulo

QUANTO No Teatro Pedro II, 1kg de maná; na Vivenda de Francisca, de R$ 62 a R$ 80 reais, ingressos em

Folha

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