Virada cultural de 20 anos tem falhas, mas cativa público

Virada Cultural de 20 anos tem falhas, mas cativa público – 25/05/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

A edição comemorativa de duas décadas da Viradela Cultural, já consolidada porquê um dos principais eventos de São Paulo graças aos shows espalhados por dezenas de palcos pela cidade, não emocionou tanto quanto sugeria a efeméride.

Ainda assim, conseguiu mostrar esforços de atualizar a programação com nomes em subida, porquê Liniker, João Gomes e Iza, sem deixar de lado figurinhas repetidas de público cativo, caso de Michel Teló, Léo Santana e Luísa Sonza.

No entanto, no primeiro dia, sábado, o público teve de mourejar com uma série de mudanças de última hora, falhas técnicas e atrasos em grandes espetáculos, porquê os de Belo —o mais lotado do dia, no palco Anhangabaú, no meio, que chegou a ser interrompido por falhas no som—, Karol Conká e Rashid, estes na terreiro Brasil, em Itaquera, na zona leste.

Às voltas com críticas de esvaziar o meio, a Prefeitura de São Paulo investiu cimo numa variedade de opções para a região, mas incongruências na programação não ajudaram. A noite no principal palco do Anhangabaú acabou esvaziada posteriormente a mudança brusca do pagode de Belo para a MPB de Silva, que se esforçou para animar a plateia em clima de término de sarau.

O domingo, por sua vez, abriu com um respiro, em uma madrugada de público menor, mas leal a programações de nichos. Foi tranquilo caminhar pelas ruas do meio, com movimento entre o coreto da terreiro da República e o palco de samba da avenida São João, que dividiram o movimento com a aparelhagem Tudão Crocodilo.

Esta última, em sua primeira passagem na capital paulista, roubou a cena no Anhangabaú, embalando o público com batidas eletrizantes de tecnomelody e de brega, do setentrião do país, com nomes porquê Gaby Amarantos, Jaloo e Viviane Batidão nos intervalos do palco principal.

Na tarde de domingo, coube à rapper Duquesa tapar o buraco deixado por Marina Lima —cuja apresentação foi cancelada na quinta-feira, sem um transmitido solene da prefeitura. A artista, porém, soube deleitar ao público, formado em sua maioria por jovens negras entoando as letras sobre empoderamento e sensualidade.

Mas zero se comparou à aglomeração que se seguiu, às 16h, com Liniker, que lotou o Anhangabaú no maior show de sua curso, no rastro do sucesso do disco “Caju”, lançado no ano pretérito.

O telão ganhou cores durante a apresentação de “Veludo Marrom”, cantiga de paixão entre suas mais conhecidas da novidade período. Em outro momento, a cantora trocou o figurino, até logo mais formal, por um collant de brilhantes laranjas e rebolou ao som de “Negona dos Olhos Terríveis”.

“Que bom poder festejar com tanta gente a minha história”, disse, e encerrou o show com “Deixa Estar”, parceria com Lulu Santos cantada hoje com Paulo Zuckini, um dos cantores do coro que a acompanha.

Liniker foi seguida pelo artista que teve o maior cachê, João Gomes, que cobrou R$ 750 milénio por dois shows —antes de se apresentar no Anhangabaú, tocou no Jardim Vergueiro, na zona sul.

O músico, que subiu no palco com 40 minutos de demora, encontrou um público entusiasmado, ainda que impaciente. Começou com “Coração de Vaqueiro”, agitando o segundo show mais lotado do domingo.

Não faltaram sucessos porquê “Meu Pedaço de Perversão” e “Dengo” —duas faixas que, aliás, ilustram o apelo do cantor aos carentes solteiros ou comprometidos. Mas houve ainda espaço para outras menos escutadas, porquê “Eu Tenho a Senha” que, porquê todas as outras, foi cantada por uma plateia entusiasmada.

Mesmo quem não conhecia muito João Gomes não ficou de todo na mão. Cá e ali, o músico achou espaço para covers de músicas porquê “A Noite”, de Tiê, “Uma vez que Eu Quero”, do Kid Zangão, “Não Quero Verba”, de Tim Maia.

O meio também recebeu show de Russo Passapusso, vocalista do BaianaSystem, que se apresentou em um palco pequeno na rua Quinze de Novembro. A apresentação reuniu bastante gente, mas o palco, montado no soalho gerou críticas do público.

Nesse repto de lotar o meio sem excluir a periferia, a prefeitura injetou R$ 54 milhões na viradela, praticamente o mesmo valor da edição do ano pretérito, a mais rostro até logo. Apesar disso, o evento não conseguiu restaurar sua vocação de lançar tendências musicais e comportamentais. Hoje, a Viradela parece mais dedicada a democratizar a arte.

Revérbero positivo disso foi, por exemplo, o show lotado de Luísa Sonza, fechando a noite em Vila Albertina, na zona setentrião paulista, posteriormente apresentações tímidas de Toni Garrido e da dupla sertaneja Marcos e Belutti. Ou o de Iza, em Itaquera, na noite de sábado, ainda que ela tenha precisado interromper a apresentação ao menos três vezes para ajudar aos fãs que estavam passando mal.

No domingo, foi a vez de Léo Santana movimentar a zona leste, em São Miguel, cantando para um público que subia em árvores e nas sacadas de casas próximas para ver o responsável de “Zona de Risco”. Ele apresentou sua novidade música em parceria com a funkeira Melody.

Outro velho sabido que chamou a atenção no domingo foi Latino, em Parelheiros. Jovens cantaram “Sarau no Apê” e outros hits numa viagem aos anos 2000. Mais tarde, no mesmo palco, Mumuzinho trouxe seus clássicos do pagode, porquê “Pequeno Giro” e “Mande um Sinal”, animando público de jovens e idosos.

Para quem buscava variação, os cortejos pelo meio da cidade deram evidência à cultura popular —foi o caso de um devotado ao maracatu, com 12 grupos de diferentes regiões do estado. Apesar do impacto, a apresentação enfrentou falhas estruturais que afetaram sua realização.

Folha

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *