Uma moça sofre bullying na escola pela cor de pele dissemelhante, um professor é violentamente semoto por propalar ideias diferentes, um líder esconde sua incompetência divulgando fake news. O tom político, que era secundário no músico “Wicked” quando estreou no Brasil em 2016, ganha contornos mais expressivos com a terceira versão, em edital no Teatro Renault, em São Paulo.
“Principalmente no segundo ato, quando descobrimos o que está acontecendo com o Mágico de Oz e as falsidades que ele divulga para permanecer no poder”, afirma o compositor o americano Stephen Schwartz, instituidor de “Wicked”, à Folha. “O primeiro ato também é político, mas o segundo, mais sombrio, é muito mais.”
Responsável de outros clássicos do músico mundial, porquê “Godspell” e “Pippin”, além de vencedor de prêmios porquê Oscar, Grammy e Orbe de Ouro, Schwartz acompanhou em São Paulo o período final de ensaios da montagem que ele liberou no processo de espetáculos não-réplicas pelo mundo. “Gostei dos detalhes que o diretor [Ronny Dutra] encontrou para deixar a narrativa mais clara”, diz Schwartz, firme na manutenção do sustentáculo da trama original, prelúdio da famosa trajetória de Dorothy e do Mágico de Oz, sobre a história não contada da Feitiçeira Boa, Glinda, e da Feitiçeira Má do Oeste, a esverdeada Elphaba, que iniciam uma inesperada amizade, apesar das diferenças.
No Brasil, o músico ganhou status de cult, visto por mais de 340 milénio pessoas na versão de 2016. Há dois anos, uma novidade montagem ficou cinco meses com sessões esgotadas, atraindo mais de 156 milénio espectadores. “Agora, foram vendidos previamente 80 milénio bilhetes para apresentações até junho, o que ajuda no financiamento do projeto, estimado em R$ 19 milhões”, conta o produtor Carlos Cavalcanti, presidente do Instituto Artium, responsável pelo espetáculo junto do Atelier de Cultura.
“A veras social, que estava distante da trama do músico em 2016, agora está colada. Por isso que os jovens sentem uma atração passional pelo espetáculo, por seus aspectos próximos da veras porquê o racismo, fake news, etarismo. ‘Wicked’ é o exemplo perfeito do fenômeno de identificação entre os jovens e o teatro”, diz o produtor, cônscio do impulso no interesse provocado pela versão cinematográfica, cuja primeira segmento recentemente faturou dois Oscars.”
O mundo precisa de Wicked porque retrata um cenário político relevante”, acredita o diretor Ronny Dutra, cuja principal inovação está no voo de Elphaba no final do primeiro ato, que alcança até o auditório superior do Renault. Para que isso aconteça, é necessário um maquinário específico controlado por sete técnicos no teatro e outros dois que, de Las Vegas, acompanham ao vivo por um monitor. “É uma experiência visceral ver uma atriz voando no teatro, um pouco mais sensacional que no cinema”, comenta o encenador.
“Os bastidores estão mais difíceis do que nunca”, concorda a atriz Myra Ruiz, que vive Elphaba. “Além da maquiagem para me pintar de virente perseverar 1h20, agora há um tira-e-põe de aparelhos técnicos específicos para o voo que não pode demorar para ser feito.” O efeito foi revalidado por Schwartz, satisfeito com a euforia provocada na plateia. “O vestimenta de parecer um voo real e não exclusivamente alguém sendo puxado por uma corda é sensacional.”
Pela terceira vez, Myra divide o palco com Fabi Bang, no papel de Glinda, o que lhes garante o título de embaixadoras de “Wicked” no Brasil, segundo Cavalcanti. Os quase dez anos serviram porquê tirocínio. Enquanto Myra diz estar com a mente mais tranquila e ter mais controle da própria técnica, Fabi aguçou o olhar crítico sobre sua personagem. “Glinda vive em uma bolha social na qual é extremamente mimada. Age porquê uma moço. Tenho uma filha pequena e percebo isso. Ao mesmo tempo, sua espontaneidade fascina o público”, diz.
Estreado em 2003, “Wicked” já é o quarto músico mais encenado na Broadway, conquista alcançada em 5 de janeiro deste ano, quando completou sua 8.217ª performance nos palcos. Sua principal melodia, “Defying Gravity”, justamente a do voo de Elphaba, já foi ouvida em mais de 100 cidades e 16 países.
“Arrisco manifestar que o sucesso é fruto da combinação do cenário em Oz, lugar maravilhoso, imaginoso e mágico, com a possibilidade de as pessoas conseguirem voar e os animais poderem falar”, diz Schwartz, confessando sua inspiração pela técnica do dramaturgo inglês Tom Stoppard, principalmente na sua peça “Rosencrantz e Guildenstern estão mortos”. “Partir de uma trama conhecida e encará-la a partir de outro ponto de vista sempre foi intrigante para mim. Stoppard fez isso muito muito com ‘Hamlet’ e já usei essa técnica em diferentes musicais da minha vida.”