'wild God' é Retomada De Nick Cave Após Período De

‘Wild God’ é retomada de Nick Cave após período de trevas – 02/09/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Nick Cave é um caso vasqueiro no mundo pop —prestes a completar 67 anos de idade e 50 de curso, o cantor e compositor australiano vive o auge da glória, ao mesmo tempo em que faz os discos mais complexos e anticomerciais da curso.

Ele mesmo diz que abandonou as convenções da cantiga pop e não tem mais paciência para estruturas tradicionais de verso-refrão-verso, mas, paradoxalmente, quanto mais idiossincrática fica sua música, mais gente compra ingresso. Na última dezena, Cave tem tocado frequentemente em espaços para até 18 milénio pessoas.

Seu disco mais recente, “Wild God”, o 18º com a margem The Bad Seeds, continua a marcha pessoal e experimental de seu trabalho na última dezena em discos porquê “Push the Sky Away” (2013), “Skeleton Tree” (2016) e “Ghosteen” (2019). E o que une esses três álbuns e “Wild God” é a presença cada vez mais potente do produtor e multi-instrumentista australiano Warren Ellis.

Desde “Push the Sky Away”, Cave e Ellis compuseram juntos todas as músicas da margem, em sessões de improvisação e “jams” que chegam a insistir um ano a cada disco. Ellis toca uma infinidade de instrumentos —violinos, violas, flauta, teclados— e tem ajudado Cave a levar sua música para um lado cada vez mais atmosférico.

“Push the Sky Away” foi o último disco de Cave que ainda tem músicas com refrão para trovar junto. Desde portanto, as canções fogem cada vez mais do tradicionalismo pop e lembram trilhas sonoras de filmes.

As letras de Nick Cave também mudaram. Se ele ficou publicado, desde os anos 1990, porquê um contador de histórias do submundo e de letras autobiográficas sobre paixões, loucuras, fé e obsessões —na traço de pesos-pesados porquê Johnny Cash, Kris Kristofferson e Leonard Cohen—, seus textos têm se mostrado cada vez mais abstratos e espirituais.

Eles parecem refletir os acontecimentos dramáticos que marcaram sua vida nos últimos anos, quando perdeu dois filhos, Arthur, de 15 anos, em 2015, e Jethro, de 31 anos, em 2022. “Skeleton Tree” e “Ghosteen” são álbuns marcados pelo fantasma de Arthur e pela dor de sua partida.

Nick Cave levou cinco anos para lançar “Wild God”, período em que gravou um disco solo com Ellis, “Carnage”, e lançou, também com ele, trilhas sonoras de cinebiografias do celerado serial Jeffrey Dahmer, da atriz Marilyn Monroe e da cantora Amy Winehouse.

Em entrevistas recentes, Cave tem falado de “Wild God” porquê um trabalho marcado pela “esperança”. O tempo longe dos Bad Seeds parece ter feito muito a Cave, e o tom universal do novo LP é muito menos sorumbático do que o sombrio “Ghosteen”.

Mas que ninguém espere de Nick Cave um disco solar e satisfeito. “Wild God” continua marcado pelos temas que interessam a ele —Deus, fé, perdas, orientação— e traz canções tristes, mas esperançosas. O disco tem um marcante clima litúrgico, com corais e orquestra e letras sobre divindades e fantasmas. A voz de Cave, que em outros tempos soava potente e optimista, assumiu nos últimos discos um ar de súplica e pregação religiosa.

Em pelo menos duas das novas canções, o narrador é visitado por fantasmas de pessoas que partiram. Em “Joy”, canta: “Acordei essa amanhã com melancolia/ senti que alguém da minha família havia morrido (…) que fantasma é esse, que surge malsofrido/ esse menino resplandecente/ sentou na minha leito e disse/ todos nós passamos por muita tristeza, agora é tempo de alegria”.

“Long Dark Night” também traz uma visão fantasmagórica que se revela otimista: “Talvez a noite longa e escura esteja chegando ao termo”. Algumas letras citam inspirações de Cave —o compositor Kris Kristofferson aparece em “Frogs”— e outras referenciam canções de discos passados, porquê “Wild God”, com a citação à “pequena de ‘Jubilee Street’”, música do disco “Push the Sky Away”.

Daqui a alguns anos, “Wild God” poderá ser visto porquê o disco da “retomada” da vida de Cave depois das trevas da última dezena. Resta saber se o trabalho se sustentará pelos méritos artísticos ou se a relevância do disco será eternamente conectada às circunstâncias pessoais da vida de seu responsável.

Porque os LPs clássicos de Nick Cave —”Visar Prey” (1988), “The Boatman’s Call” (1997), “Abbatoir Blues / The Lyre of Orpheus” (2004), “Dig, Lazarus, Dig!!!” (2008) e “Push the Sky Away” (2013)— resistiram maravilhosamente ao tempo.

Folha

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