10 Livros Infantis Para Ler Antes Do Fim Das Férias

10 livros infantis para ler antes do fim das férias – 20/07/2024 – Era Outra Vez

Celebridades Cultura

Uma vez que muitas escolas retomam as aulas daqui a menos de dez dias, já podemos expressar oficialmente —começou a descrição regressiva para o termo das férias.

Mas não precisa ter pressa. Ainda dá tempo de viajar com as crianças, visitar a família, ir ao cinema, ao teatro, ao parque, ao museu. Dá até para se estirar no sofá e ver aos primeiros dias dos Jogos Olímpicos de Paris, que começam no dia 26, mas já têm algumas competições a partir do dia 24.

E é evidente que pais e filhos, avós e netos, adultos e crianças ainda conseguem ler juntos mais de um bom livro até que as obrigações da escola voltem a todo o vapor. Basta escolher um na estante ou numa livraria, submergir nas páginas, saber novos personagens e viajar por diferentes partes do mundo ou até por outros universos sem trespassar do lugar.

Inferior há dez lançamentos para os próximos dez dias. Boa viagem.

Um Prego Sem Pé Tem Cabeça

Os autores brincam com as catacreses neste lançamento que acabou de trespassar do forno. Para quem não sabe o que é isso, o léxico diz que elas são o “uso de uma frase ou vocábulo por pretexto de uma vácuo linguística ou pela falta de um termo mais propício”. Pode parecer difícil, mas o texto de Daniel Medina e as ilustrações de Renata Bueno têm a leveza das férias e exploram essa figura de linguagem sem escorregar no pedagógico. O título coloca o leitor rostro a rostro com peitos de pé dentro de panelas, dentes de alho que choram, cabeças de prego carecas e toda uma coleção de catacreses e jogos com a língua portuguesa. Aliás, dá para se divertir também com outro recurso muito famoso: a rima.


Manuel, Rita, Flor…

Quantas histórias guardam os rostos que vemos por aí, nas ruas, nos parques, nas lojas, nos asilos? O que nos contam pessoas chamadas Manuel, Rita, Flor, Pereira, Linda, Beatriz? É isso o que pergunta e investiga nascente livro, outro lançamento recente de Renata Bueno. A escritora e ilustradora apresenta em cada página um idoso dissemelhante. No texto, a delicadeza transborda das miudezas. Isaías escreve poemas em guardanapos, Flor tem uma neta que se labareda Margarida, Pinto conheceu a novidade namorada pela internet. Cada um é escoltado de um retrato feito pela artista, nos quais as sutilezas deságuam na forma de uma técnica aquarelada. A leitura ganha ainda mais profundidade quando ficamos sabendo que muitas dessas pessoas são reais ou foram inspiradas em gente e histórias de verdade.


Inspire e Expire

Logo no primícias de “A Hora da Estrela”, Clarice Lispector diz assim: “Que ninguém se engane, só consigo a simplicidade através de muito trabalho”. É mais ou menos desse jeito que funciona “Inspire e Expire”, obra do chinês Hu Yifan. O jogo parece simples à primeira vista. Uma vez que num manobra de respiração, primeiro o texto pede que o leitor puxe o ar. Logo a imagem apresenta um círculo branco, uma flor, uma forma amarela indefinida, uma serra no horizonte e outras imagens. Em seguida, é a vez de morrer. É quando o círculo branco se transforma num caramujo, a flor se desfaz uma vez que um dente-de-leão, a forma amarela dá origem a uma mariposa, a serra entra em erupção —e assim por diante, até a última página. Tudo sempre muito simples. E também bastante multíplice, uma vez que costuma ser a vida.


O Leão de Pedra

Ainda na China, é bom permanecer mais tempo e dar uma espiada no trabalho de Liang Xiong. Primeiro ilustrador chinês a ser finalista do prêmio Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da literatura infantojuvenil, ele também convida o leitor a diminuir o ritmo neste livro. Tudo gira ao volta do tal leão de pedra que dá nome à obra, uma estatuazinha de rocha que narra a história e protege toda a cidade. Mas ele é mais do que isso, e é preciso ler o texto e as imagens muito lentamente para compreender a sua densidade. Finalmente, o leão está sempre lá, vigiando as crianças, amparando os mais velhos, lembrando-se de cada pessoa que passou diante dele e pousou a mão sobre a sua cabeça. Sempre. Logo nos damos conta de que talvez a China não seja tão distante. E nos perguntamos onde estão os nossos próprios leões de pedra.


Contos de Fadas Japoneses

Janaina Tokitaka é dessas artistas que jogam em todas as posições. A ilustradora, escritora, roteirista e tradutora se debruça agora sobre um clássico. Em “Contos de Fadas Japoneses”, ela não só cria as ilustrações, mas também faz uma novidade tradução dos textos de Yei Theodora Ozaki. Lançado em 1908, a obra apresentou mais de 20 histórias recheadas de elementos e personagens tradicionais da cultura japonesa, mas com toques dos contos de fadas europeus. Esta novidade edição traz 11 dessas narrativas. Há guerreiros que lutam com centopeias gigantes, princesas que negam casamentos arranjados, mulheres mágicas que se transformam em tartarugas e uma explosão de elementos fantásticos. Tudo ilustrado por Tokitaka com uma técnica que usa origamis.


Enigmas

Cá também são os contos de fadas e os seres fantásticos que conduzem a folia —mas é bom lembrar que toda folia tem um fundo de verdade. Formado exclusivamente por perguntas, “Enigmas” leva a sério a máxima de que o importante na literatura são sempre as dúvidas, nem tanto as respostas. Por exemplo: “Se o príncipe seduzido só aparece no final da história, onde ele estava enquanto tudo acontecia?”. Ou portanto: “Se a Chapeuzinho não deveria falar com desconhecidos, por que ela conversou com o Lobo?”. As provocações sem respostas escritas por Denise Guilherme mais do que arrancam sorrisos durante a leitura ou botam adultos e crianças para pensar. Elas são um invitação para um diálogo sobre histórias clássicas e as estruturas que sustentam essas narrativas. Enquanto isso, Lole transforma o papo em imagens dignas de serem expostas em museu.


Desesquecida

Publicado originalmente numa tiragem mais restrita, nascente livro ganha agora uma novidade edição. Nele, Suria Scapin e Lumina Pirilampus vão de mãos dadas com o leitor pelo reino das coisas perdidas —entre elas, um brinco que sumiu, um livro, um ursinho de pelúcia e outros objetos que desapareceram e foram parar num condado onde fica reunido tudo o que a narradora já deixou por aí. Mas a história ganha outros tons quando a avó da personagem também é perdida. Será que ela foi parar nesse lugar? O texto de Scapin e as imagens de Pirilampus, ora multicoloridas, às vezes em preto e branco, se embrenham no universo das lembranças, do luto e das coisas que já não estão, mas que continuam sendo. Finalmente, perder um tanto ou alguém não significa extinguir essa pessoa ou esse objeto da memória, não é?


O Mistério do Rino Sério

Existe uma conta que não fecha. Se a puerícia é uma temporada da vida uma vez que todas as outras, também repleta de momentos felizes e de horas tristes, por que a literatura infantojuvenil costuma se esquivar da tristeza, da melancolia e de outros sentimentos do tipo? E mais. Por que personagens mais quietos geralmente são retratados uma vez que tristonhos ou defeituosos? “O Mistério do Rino Sério”, de Fernando Nuno e Alexandre Rampazo, vai na contramão. Os versos rimados e musicais apresentam o rinoceronte Zionte, que desde filhote não sorri e prefere permanecer no seu quina. Será que ele é triste? Depressivo? Tímido? Ou é só um mamífero mais sério e na dele? Com habilidade narrativa, Nuno conduz o leitor num mergulho profundo pelo oceano da introversão. Não história o termo para não estragar a história, mas vale a pena segurar o fôlego até a última ilustração de Rampazo.


Akenda Mbani

Cá a viagem é pelas florestas do Congo, onde o rei Redyua só deseja matrimoniar a sua filha Arondo com o varão que fizer um juramento ousado e aventuroso —se a princesa permanecer doente, ele também precisa adoecer; se ela morrer, ele deve perder a vida junto com a esposa. Obviamente que ninguém aceita a proposta. Até que um dia o guerreiro Akenda Mbani resolve topar as condições e se mansão com Arondo. A autora, Rosana Mont’Alverne, reconta essa narrativa tradicional com a habilidade dos que narram histórias ao volta da fogueira, atualizando a trama da literatura verbal africana para os leitores brasileiros de hoje em dia. É isso o que faz também Bruna Lubambo na segmento visual, ao produzir novas roupas e cores para Akenda e Arondo, ajudando essa história a permanecer sempre viva, uma vez que deve ser.


Logo Você Vai Dormir Também

Lisa Aisato é uma das principais artistas gráficas da Noruega, mas ainda pouco conhecida no Brasil. Suas ilustrações se equilibram num realismo fantástico, sempre imersas num universo maravilhoso e repleto de magia. Em “Logo Você Vai Dormir Também”, a artista brinca com as escalas e as cores num trabalho feito a quatro mãos, ao lado de sua mana Haddy Njie, que é escritora e cantora. Enquanto Aisato se encarrega das imagens, Njie entoa versos rimados que falam da passagem do tempo, do ciclo da vida e das estações do ano. Neles, o espírito do inverno deixa tudo gelado, enquanto a primavera dorme e “sonha com insetos e formigas e com minhocas saindo lentamente do soalho”. Depois, é a estação florida quem acorda. Em seguida, é a vez do verão e do outono, até que o inverno limpa as remelas e desperta mais uma vez, num eterno dormir, contratar e bocejar que impulsionam o mundo e as pessoas.

Folha

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