Com o planeta flertando com o colapso, todos os dias somos soterrados por dezenas de notícias sobre o caos que se tornou o clima e as mudanças climáticas. Basta transfixar o jornal ou qualquer portal de notícias.
“Desastres climáticos obrigaram 2,5 milhões de americanos a deixar suas casas em 2023”, “Fumaça de queimadas encobre Boa Vista”, “Pragas de gafanhotos podem aumentar com o aquecimento do planeta”, “Pantanal tem rios com nível inferior da média mesmo depois chuvas” e por aí vai.
Longe de mim querer indicar a arma para o mensageiro, mas essa avalanche muitas vezes acaba gerando o efeito oposto —em vez de invocar a atenção, deixa muita gente insensível às transformações no clima e na temperatura causadas pelo varão. E, para quem convive com crianças, surge um dilema a mais. Uma vez que levar o objecto para esse público sem ser catastrófico ou apocalíptico?
Os cinco livros inferior dão algumas pistas. Não são obras que abusam das durezas científicas nem falam especificamente sobre o aquecimento global, mas apresentam a natureza a partir de um tratamento literário e estético. E talvez essa seja uma das melhores maneiras de gerar a faísca da preservação.
Amazônia das Crianças
Raoni vive no Xingu, pula no rio com o corpo todo pintado e é fã do super-herói Varão de Ferro. Pedro Henrique mora em Periquitaquara e admira o firmamento tomado de periquitos logo às cinco da manhã. Já Franciele está em Xapuri e tem pânico de encontrar na floresta o Mapinguari, um bicho gigante, com olho na testa e boca no umbigo. Essas e outras 12 histórias se entrelaçam no livro “Amazônia das Crianças”, que mapeia as infâncias do bioma. O projeto é encabeçado por Araquém Alcântara, um dos pioneiros da retrato de natureza no Brasil, com obras expostas em museus uma vez que o Masp e o British Museum, em Londres. Já os textos foram escritos pelo jornalista Morris Kachani, enquanto as ilustrações são de Angelo Abu, que cria as imagens da pilar de João Pereira Coutinho na Ilustrada. Desenvolvida em parceria com a Mastercard e o C6 Bank, a obra pode ser adquirida gratuitamente em versão do dedo.
Que Planeta É Leste?
O pontapé desta história é bastante generalidade em outros livros e filmes. Um dia, a luz acaba. Sem poder usar internet, celular, computador, televisão nem qualquer aparelho eletrônico, as personagens logo resolvem voltar a um esquecido rotina do pretérito —o da leitura. O título escolhido é uma enciclopédia de lugares incríveis do planeta, ilustrados de maneira primorosa pela autora, a portuguesa Eduarda Lima. A partir daí, somos transportados para os glaciares do Alasca, o variegado mar da Austrália, o sopé de uma sumaúma na Amazônia e a aurora boreal do Ártico, por exemplo. No término, é a literatura que abre as portas para alguma coisa fundamental: o convívio mais harmônico entre seres humanos e a natureza.
Seu Joaci e o Tempo
Submergir neste livro é uma vez que reaprender a ler. E perceber uma vez que é curioso —e chocante— que a gente reconheça todas as marcas de roupa e refrigerante, todos os apps e tipos de carruagem, mas que sejamos incapazes de diferenciar as nuvens que flutuam diariamente sobre as nossas cabeças. É exatamente isso o que faz Seu Joaci. O barqueiro olha para o firmamento e já sabe se vai chover, se vai ventar, se o tempo vai firmar. A obra, que nasceu do contato real da autora com o varão e com as crianças de uma escola municipal de Paraty, traz um pouco desse olhar. Levados todos os dias para o escola pelo barqueiro, os alunos entrevistaram Joaci, mergulharam nos saberes tradicionais caiçaras sobre meteorologia, exploraram os saberes da terreno e do mar e apresentaram tudo isso na edição. Aliás, já fica o aviso: “Roda-íris em volta da Lua, tempestade em três dias”.
Flora e seu Jardim
Neste livro, a personagem Flora sempre sonhou em ter um jardim para invocar de seu. Escolheu o lugar, pediu ajuda na hora de preparar o terreno, conseguiu mudas e sementes, até finalmente fazer o espaço florescer. Só que as coisas não saíram muito muito uma vez que ela imaginava. Algumas sementes não brotaram, o cravo despontou tímido da terreno, um varão jogou uma bituca de cigarro e formigas logo apareceram para trinchar todas as folhas da roseira. Mas, mesmo assim, o jardim permaneceu lá, referto de surpresas e de coisas inesperadas. O que Flora precisará desvendar é que a natureza tem seus próprios tempos e equilíbrios. E, uma vez que ocorre com qualquer floresta, é impossível invocar um jardim de seu.
Você Já Viu um Bichoassim?
A escritora Edith Chacon mistura biologia, verso, divulgação científica e adivinhas nesta obra, que cria versos sobre animais estranhos e pouco conhecidos. Tente atingir esse: “Meu nariz/ tem tentáculos,/ mas não sou polvo”. Ou esse: “Meu esquina lembra um mugido,/ mas não sou esse bicho/ e muito menos faço trejeito”. Não vou dar as respostas para não estragar a risota, mas o término do livro apresenta as soluções das charadas poéticas e traz dados técnicos sobre cada bicho. Estão lá espécies uma vez que a lagosta-boxeadora, o ocapi, a toupeira-nariz-de-estrela e outras que parecem ter saído da ficção.
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