Abrigos Exclusivos Para Mulheres E Crianças São Fundamentais 16/05/2024

Abrigos exclusivos para mulheres e crianças são fundamentais – 16/05/2024 – Djamila Ribeiro

Celebridades Cultura

Fiquei tocada ao ler as reportagens sobre as mulheres que conseguiram repousar por uma noite, finalmente, posteriormente serem acolhidas em abrigos reservados unicamente para mulheres e crianças desabrigadas pelas inundações que assolam o Rio Grande do Sul.

A situação calamitosa vivida pelo povo da região obrigou muitas pessoas a saírem de suas casas e procurarem lugares repentista para terem um teto onde pudessem sobreviver cada dia. No totalidade, segundo dados oficiais, mais de 500 milénio pessoas estão desalojadas e dezenas de milhares estão em abrigos. Foram famílias inteiras em toda sua pluralidade, incluindo a grande parcela de famílias formadas por uma ou várias mulheres e crianças.

Ocorre, mas, que logo nos primeiros dias da situação extraordinária começaram a surgir denúncias de abusos sexuais no interno desses espaços, levando à prisão de alguns homens. A sensação de temor e inquietação por segmento das mulheres, que já existia, tornou-se ainda maior.

Grupos sociais vulnerabilizados partilham de experiências em generalidade que, em momentos excepcionais porquê esse, podem permanecer ainda mais latentes. Para possuir uma resposta por meio de política pública eficiente, é preciso ouvir e erigir ferramentas que dialoguem com cada veras social. No caso das mulheres, a brecha rápida e disseminada de abrigos exclusivos para elas e crianças é uma medida urgente de proteção.

Uma vez que afirmou recentemente a escritora Yasmin Morais, o estupro é a memória física avoengo partilhada pelas mulheres. É “o fantasma detrás da porta”. Em texto para a CartaCapital, Morais complementa: “[o estupro] é a recordação mais antiga de séculos de escravidão, comercialização, troca por dotes, casamentos forçados, segregação por castas e utilidades, e da privação da plena quesito humana”.

Para a autora, a disparidade de perspectiva entre homens e mulheres sobre a agressão sexual produz avaliações muito distintas sobre o temor feminino em ter seu corpo violado. No caso do Rio Grande do Sul, lamentavelmente, um temor justificado na veras concreta, visto que homens foram presos pela prática de estupro nos abrigos.

Sou uma das mulheres que não conseguiriam dormir ao lado de um varão que não conheça ou no qual não confie. Segundo uma das mães entrevistadas pela equipe da revista Donna, do grupo Zero Hora: “Foram sete dias sem dormir. Com cinco crianças para cuidar, sem saber quem estava dormindo do nosso lado, com homens e mulheres todos misturados… Você dormiria?”.

No meu caso, já disse: nem um minuto. E por isso, em meio a esse mutirão de suporte e solidariedade às vítimas da tragédia no Sul, reforço a relevância de direcionamento dos apoios aos abrigos exclusivos.

Vale expressar que a construção de equipamentos públicos para guarida a mulheres e crianças em situação de vulnerabilidade social deve ser uma permanente que independa de desastres ambientais para ser desenvolvida.

Além de uma medida pública fundamental de proteção à mulher, a evidente urgência de abrigos exclusivos no Rio Grande do Sul aponta um caminho de desenvolvimento de política para os outros governos municipais e estaduais que não estão enfrentando situação de calamidade, pois, porquê se vê, a existência de locais especializados mostra-se também porquê uma medida de prevenção para eventualidades de força maior.

Em São Paulo, por exemplo, a Mansão Rosângela Rigo funciona desde 2016 a partir de convênios com a prefeitura para atender mulheres em iminente risco de violência doméstica. Mas, assim porquê todos os equipamentos similares, incluindo os abrigos exclusivos repentista no Rio Grande do Sul, a morada está sempre lotada, revelando uma demanda social urgente pela trágica situação da mulher brasileira.

A geração de espaços adequados e a manutenção dos que já existem, o desenvolvimento de uma rede de suporte social e de bem-estar para mulheres e crianças e o investimento nas profissionais de base são pilares que beneficiam toda a coletividade em saúde, segurança, ensino, meio envolvente e tantas outras áreas.

Uma política de Estado fundamental para um Brasil em reconstrução.


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Folha

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