Alta No Preço Do Azeite Espanhol Dispara Roubos No Campo

Alta no preço do azeite espanhol dispara roubos no campo – 23/02/2024 – Normalitas

Celebridades Cultura

A crise do óleo espanhol é um dos mais eloquentes efeitos das secas e ondas de calor que vêm assolando a Europa continental nos últimos anos.

E, se falta óleo na Espanha, amigui mío, pode faltar na sua mansão.

O país é o maior produtor e exportador mundial, seguido (de longe) de Itália, Grécia e Portugal. Tapume de 65% de sua produção é exportada, num totalidade de 40% do óleo consumido em todo o mundo.

Entre 2022 e 2023, o país experimentou uma queda vertiginosa de mais de 50% na produção. A previsão para 2024 é de uma ligeira recuperação, mas ainda muito subordinado às perdas do último biênio.

Tem quem vaticine uma escassez sem precedentes para o segundo semestre deste ano, quando as baixas reservas não darão conta de tapar o período entressafras.

Os reiterados prejuízos para o setor agrícola, associados a questões climáticas e políticas, culminaram recentemente em greves e protestos de agricultores por toda a Europa.

Com os preços batendo recordes históricos — atualmente, a média do litro está em torno de R$ 50, o duplo de unicamente um ano detrás –, as grandes redes de supermercados espanhóis começaram a colocar alarmes nas garrafas dos azeites mais caros para evitar furtos.

QUADRILHAS E DRONES

Mas a subida histórica no preço desse item vital da mesa espanhola também tem atraído outro tipo de ladrões.

Em regiões olivícolas clássicas uma vez que Granada, Jaén e Sevilha, na Andaluzia, grandes operações da polícia social vêm desbaratando um número crescente de quadrilhas dedicadas ao roubo e revenda ilícito de azeitonas destinadas à produção de óleo.

Com vans ou caminhões, os ladrões vandalizam plantações ou furtam diretamente de armazéns, revendendo o “botín” para almazaras (nome de origem arábico das instalações onde se realiza a extração de óleo por meio de prensas).

O problema se repete em outros países produtores uma vez que Itália e Grécia.

“Eles (os ladrões) buscam ramos muito carregados e os cortam. Com isso, não só roubam a oliva uma vez que causam graves danos à árvore. São necessários de quatro a cinco anos para que ela volte à normalidade”, diz o helênico Neilos Papachristou, que administra uma almazara, à Euronews.

Aliás, nem só de azeitonas vivem os ladrões — muitos deles vão direto à nascente, isto é, as próprias almazaras.

Porquê ocorreu em uma almazara de Córdoba, de onde foram roubados entre 50 milénio e 60 milénio litros de óleo de golpe — o equivalente a 500 milénio euros de prejuízo, ou R$ 2,6 milhões. Os ladrões atuaram pela noite, conectando os depósitos a caminhões-pipa.

O óleo a granel é, simples, mais difícil de rastrear, e o caso segue em investigação.

Por outro lado, também há os que roubam o resultado já embalado e pronto pra vender, uma vez que ocorreu em agosto de 2023 em Málaga.

Nesse caso, os ladrões furtaram engradados de óleo e ainda envasaram outros antes de deixar o lugar. A empresa, uma almazara familiar que coleciona prêmios com seus azeites de variedades picual, arbequina e hojiblanca — as três mais populares do mercado –, teve numa única noite um prejuízo de 50 milénio euros (R$ 267 milénio).

Segundo a polícia de Granada, cada roubo “médio” pode variar de algumas centenas de quilos de azeitonas até mais de uma tonelada. Além de flagrantes, a polícia também checa a traçabilidade das azeitonas em armazéns e pontos de revenda.

Entre outras, Granada, Jaén e Córdoba são conhecidas zonas produtoras da variedade picual, de sabor afrutado, picante e ligeiramente amargo.

Em Sevilha, estima-se que foram roubadas 70 milénio toneladas de azeitonas durante a temporada de colheita de 2023. Levante ano, a estratégia de vigilância da polícia lugar inclui até drones.

Alguns dos ladrões, atuando sozinhos ou em bandos, são falsos jornaleros (trabalhadores temporários) que vêm de outras zonas do país ou, tradicionalmente, do Leste Europeu para a temporada de colheita.

Em 2024, para gratificar a crise no setor, o óleo de oliva espanhol passou a descrever com a isenção de IVA (o Imposto sobre o Valor Acrescido, aplicável a serviços e produtos dentro da União Europeia).

Ainda assim, a tendência é que os preços continuem subindo — embora, segundo consultores agrícolas locais uma vez que Daniel Trenado, seja preciso esperar a floração das oliveiras na primavera para fazer as primeiras previsões reais.

Ironicamente, uma vez que acontece com as uvas e o vinho, em tempos de seca a produção cai, mas a qualidade da safra tende a ser superior.

Segundo explica o jornalista ambiental Cesar-Javier Palacios, do portal espanhol 20 Minutos, isso se deve ao vestuário de que os frutos passam a concentrar mais “toda a origem que, em épocas chuvosas, é mais diluída”.

Em breve, estou vendo que teremos que remunerar um fígado por um litro de óleo de oliva de lo bueno. Porquê consolo, pensemos no que comenta Palacios, que participou recentemente de catas das últimas colheitas: “a qualidade de óleo deste ano é das melhores da história”, afirma.


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Folha

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