Autor Chinês Busca Universo Queer Em Mitos Não Ocidentais

Autor chinês busca universo queer em mitos não ocidentais – 24/04/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Questionado sobre a situação do imaginário e da verdade queer na China hoje, o repórter e curador Zairong Xiang, morador de Xangai, não se estende muito. “A situação, se com isso você quer expressar a requisito de vida, não é tão ruim e não é boa”, diz.

Zairong lança nesta quinta (25), em São Paulo, o livro “Antigos Caminhos Queer: Uma Exploração Decolonial”, que defende, porquê descreve na própria obra, o “desaprendizado das categorias coloniais-modernas que funcionaram, desde o raiar do colonialismo europeu no século 16 até o presente, para manter na obscuridade as formas e teorias de queerness das fontes mais antigas”.

Em entrevista em inglês, o responsável detalha os passos que tomou em sua própria exploração decolonial. “Fiz muita viagem para estudos e pesquisa. Meu mestrado foi na Espanha e no Reino Uno, em estudos de gênero, e o doutorado foi ainda mais louco, tive que morar na Itália, França, México e Alemanha, incluindo um mês no Brasil.”

Pelo caminho, conheceu e experimentou “diferentes formas de compreender o mundo, que não podem ser explicadas por meio de conceitos e categorias nos quais nos tornamos versados, quase inevitavelmente, no campo do pensamento crítico contemporâneo”.

Destaca uma constatação frustrante, de porquê “sabemos pouco sobre o mundo além de um punhado de teóricos que estão circulando por toda secção”. Ou seja, “é muito mais fácil encontrar um livro de Foucault numa livraria de São Paulo ou Xangai do que um livro do vizinho”, de teóricos latino-americanos ou asiáticos.

“A situação é ainda pior na dimensão da teoria queer”, exatamente aquela em que se inscreve seu livro. “É um dos campos mais eurocêntricos das teorias críticas.”

Professor de literatura comparada na Universidade Duke Kunshan, criada há seis anos nos periferia de Xangai pelas universidades Duke, nos Estados Unidos, e Wuhan, na China, Zairong cita em seus escritos nomes porquê o acadêmico mexicano José Rabasa, hoje em Harvard, que questiona o impacto do eurocentrismo na América Mediano.

Mesoamérica e Mesopotâmia são os focos do livro, para o retrato do questionamento ao dualismo de gênero em mitologias antigas. Questionado por que esses dois e não a própria China ou a Índia, Zairong ri.

“O livro foi escrito durante a loucura de passar por diferentes países, e a China era o que menos me interessava”, afirma. “Não há nenhum motivo para esses dois, mas a modernidade e a colonialidade os conectou, também porque a Mesoamérica e a Mesopotâmia não são o Poente.”

“Antigos Caminhos Queer”, publicado pela primeira vez há seis anos, tem porquê título uma passagem de “Galáxias”, poema do brasílio Haroldo de Campos, começando por “o mar é-se porquê o ingénuo de um livro ingénuo e esse ingénuo é o livro que ao mar reverte”.

Zairong diz ter se emocionado ao ser apresentado ao poema por um companheiro brasílio, porque estava escrevendo sobre os mares mitológicos das duas regiões. “As palavras incessantemente modificadoras e ondulantes no poema captam a estranha liquidez desses mitos que trabalhei no livro”, justifica.

Questionado sobre a visão de Campos da tradução porquê “transcriação” e se ela se refletia em suas próprias ideias sobre “diálogo translinguístico”, diz que só depois ficou sabendo dos poemas clássicos chineses traduzidos por Campos.

“A questão medial do ‘trans’ nos campos poético e filosófico ressoa o concepção chinês de ‘yi’, porquê em Yi Jing ou I-Ching, o livro das mudanças”, comentou. “Essas mudanças desestabilizam a falácia do sujeito produzida pelo conhecimento moderno-colonial fundamentado em indivíduos atomizados. A transcriação, ou o translinguismo, pedem que pensemos no desenrolar do mundo porquê um mundo sempre confuso, transformador.”

A professora Christine Greiner, da PUC-SP, onde coordena o Meio de Estudos Orientais, ressalta na apresentação que o argumento do livro é que “o colonialismo tem afetado as traduções de culturas não ocidentais antigas, na tentativa de fortalecer seus próprios paradigmas”. Ela diz ainda que “há diversos momentos no livro em que fica simples que a tradução ideológica realizada no Poente não se abre de trajo às diferenças”.

Segundo Greiner, um vista fundamental na obra de Zairong, de maneira mais ampla, é a proposta de um “transdualismo” de gênero, que deve prosseguir em seu próximo livro. Sobre esse novo estudo, o repórter chinês disse que a noção de “transdualismo yin-yang” é muito complexa para ser resumida.

“O que me inspirou a cunhar o concepção de ‘transdualismo’ foi o chamado para ir além do dualismo, em todas as suas diferentes articulações. Uma vez que criticar o dualismo sem reproduzi-lo no próprio ato de criticar.”

Folha

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