Bienal do rio busca novos jeitos de levar jovens a

Bienal do Rio busca novos jeitos de levar jovens a livros – 11/06/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

A Bienal do Livro nunca usou tanto a verificação com o Rock in Rio para explicar seus planos quanto leste ano.

O motivo é tão simples quanto vistoso. Pela primeira vez, o evento literário que acontece no Rio desta sexta, 13, até dia 22 de junho, terá uma roda-gigante em meio a seus pavilhões, muito ao estilo do brinquedo que, na última edição do festival de música, era passagem obrigatória entre os palcos Mundo e Sunset.

Se você acha estranho encetar a falar de um evento literário, dos quais primeiro e último objetivo é promover a leitura, por uma embocadura porquê essa, entenda porquê um sinal de que o evento refolho a aposta no entretenimento e não vê problemas nisso. E reconhece porquê bem-vindas as eventuais contradições.

“O que fazemos é pôr o livro no meio e esticar o olhar do leitor para outras plataformas”, aponta a jornalista e pedagoga Carolina Sanches, já em sua quarta edição seguida porquê curadora da Bienal, sobre o noção de “leitura elástica” que norteia o evento.

“Pode ser que o leitor vá numa cabine da roda-gigante, veja ali uma referência a um livro que ele nem conhece e saia com vontade de ler. Ou entre no ‘escape room’ do Raphael Montes ou da Agatha Christie e saia falando, caramba, agora quero saber Sherlock Holmes”, diz, em referência a outra das novas atrações.

Sanches é uma das responsáveis pelo espaço infantil da Bienal e pelo novo “Limitado Volta”, extensão estreante e voltada a pré-adolescentes com autores pop. A programação de 2025 também convida os leitores a labirintos, atividades imersivas e experiências interativas.

Não havia uma conversa com alguém por trás desta edição da Bienal que não celebrasse o ineditismo do noção de “book park” proposto para o megaevento —sempre falado assim, em inglês. E que não sublinhasse seus números superlativos.

“Começamos a desenvolver em 2023 um projeto que era para ser feito em três bienais. Nós chegaríamos só em 2027 ao que vai ser esta Bienal em termos de atração, de ‘book park’, de ativação”, diz Tatiana Zaccaro, diretora da GL Events, responsável pelo evento carioca. “Com o Rio porquê Capital Mundial do Livro, ganhamos força e coragem para fazer quatro anos em dois.”

Haverá recorde de extensão ocupada no Riocentro —subiu de 90 milénio para 130 milénio metros quadrados, deixando também mais espaço para alimento ao ar livre— e de estandes de marcas expositoras —serão em torno de 570, incluindo novas iniciativas porquê o Compiladas, que reúne 20 editoras independentes de diversas regiões do país.

E a Bienal prevê desancar também recorde de público? “Estamos preparados para isso, em termos de infraestrutura, mas não temos esse libido”, afirma Zaccaro.

A diretora diz que o número de 600 milénio visitantes obtido pela edição passada já é “muito incrível” e o aumento de espaço servirá para receber essas pessoas com mais conforto. Aponta, todavia, que a compra de ingressos está “mais aquecida” que da última vez.

Segmento disso se deve também à maior atração de um evento porquê esse —os autores, que se equilibram entre estrelas pop porquê a americana Lynn Painter, o coreano Kim Ho-yeon e os brasileiros Raphael Montes e Elayne Baeta e autores premiados porquê a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, que fará a franqueza da Bienal ao lado da atriz Taís Araujo.

Um convidado que resume muito a proposta da Bienal de 2025 é G.T. Karber, americano de 38 anos que explodiu com a série best-seller “Murdle”, que mistura histórias de suspense com desafios de lógica à la Coquetel.

“Não é um livro que o faz sentar quieto e permanecer focado, mas um livro ativo, que engaja você em mistérios curtos, do tamanho de uma mordida”, sintetiza ele sobre seu projeto. “Eu espero que, em vez de levar leitores para longe dos livros tradicionais, ‘Murdle’ traga para perto dos livros pessoas que de outra forma talvez estivessem jogando nos seus celulares.”

Karber diz que ele mesmo é “facilmente distraível” e precisa deixar o telefone numa sala muito longe para conseguir se concentrar —um problema que tem se tornado geral nas gerações mais jovens. “Portanto esse é o tipo de livro perfeito para mim, só pede pedaços pequenos de atenção e os recompensa.”

Para a noite do segundo sábado de Bienal, o responsável prepara uma experiência de jogo coletivo em torno de “Murdle”, desenhado principalmente para a plateia carioca. “A minha maior esperança é que vá ajudar pessoas a exercitarem seus músculos de leitura, digamos assim.”

É um oração rectificado com o de Sanches, a porta-voz da Bienal que defende ampliar e renovar as maneiras porquê se atraem pessoas aos livros. Nas palavras dela, é urgente “atualizar a percepção de porquê se formam os leitores hoje”.

“A gente precisa apoucar o F5 dos projetos de leitura”, aponta. Segundo ela, preciso que os festivais literários se adaptem, sim, para os leitores da novidade geração —mas também as escolas, as bibliotecas, os mediadores de leitura. “E isso é um vespeiro, porque as pessoas têm muita resistência. É uma extensão muito conservadora.”

A crise escancarada pela pesquisa Retratos da Leitura, que mostrou uma maioria inédita de “não leitores” no Brasil, deu lastro a um problema já percebido por quem trabalha na extensão há muito tempo. “A questão é que agora está todo mundo olhando para isso”, diz Sanches, sorrindo entre o conforto e a exaustão.

Folha

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