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“Leiam meus livros, não minha biografia”
É que repete porquê mantra a escritora Conceição Evaristo, recentemente biografada em “Conceição Evaristo: Voz Insubmissa”, da jornalista Yasmin Santos.
A frase de Evaristo, porquê explica o jornalista Walter Porto, vem do receio de que sua figura se destaque mais do que seu projeto estético. Para evitar que isso aconteça, Santos polvilha a biografia com textos da intelectual e estabelece um diálogo com ela.
Do outro lado da moeda, o biógrafo Jonathan Eig retira Martin Luther King Jr. do pedestal ao relatar desde seu hábito de roer unhas até suas duas tentativas de suicídio.
Em “King: Uma Vida”, o líder do movimento pelos direitos civis e ícone americano tem seus holofotes substituídos por “uma pessoa geral determinada a ocupar um tanto sensacional”, porquê escreve a jornalista Denise Mota.
A pessoa por trás dos grandes feitos é a razão pela qual eles aconteceram, mas não se pode deixar que uma culpa seja ofuscada por uma personalidade.
Acabou de Chegar
“Línguas” (trad. Maurício Santana Dias, Todavia, R$ 69,90, 144 págs., R$ 54,90, ebook), de Domenico Starnone, lembra “A Amiga Genial” de Elena Ferrante, de quem o responsável talvez seja marido —a identidade da autora é mantida em sigilo, mas essa é uma poderoso suspeita. Segundo a sátira Fabiane Secches, as duas obras se aproximam pelo retorno à puerícia napolitana e pelo fascínio que uma personagem exerce sobre quem narra.
“Arte e Susto” (trad. Daniel Lameira, Suco, R$ 69,90, 128 págs.) e “Anatomia da História” (trad. Isadora Prospero, Suco, R$ 129,90, 504 págs.) são dois livros sobre o fazer artístico publicados pela novidade editora Suco que, para o colunista Sérgio Rodrigues, não poderiam ser mais diferentes um do outro. Enquanto o primeiro, de David Bayles e Ted Orland, é ensaístico e amigável, o segundo, de John Truby, é didático e trabalhoso.
“Primeiro Sangue” (trad. Daniel Moreira, Paris de Histórias, R$ 67,90, 152 págs.) conta a história de Patrick Nothomb, pai da autora Amélie Nothomb, e ela usa o livro para entender seu luto mal resolvido. Morto no início da pandemia, Patrick havia driblado a morte em um incidente que abre o livro. “O pedaço da história no qual somos inseridos é a tomada de mais de 1.500 reféns brancos em um hotel de Stanleyville”, no Congo, escreve a sátira Vanessa Oliveira. Patrick era um desses reféns e sobreviveu.
E mais
Ana Claudia Quintana Arantes, autora do best-seller “A Morte é um Dia que Vale a Pena Viver” e profissional em cuidados paliativos, dá orientações de porquê “Cuidar Até o Termo” (Sextante, R$ 49,90, 224 págs., R$29,99, ebook). “Quando novas tentativas de tratamento trazem mais sofrimento do que esperança para o doente, entra a medicina paliativa, voltada não mais para a tratamento, mas para o conforto”, explica a repórter Juliana Nogueira.
“A coisa mais importante na vida de uma rapaz é a relação com os pais. E é trabalho deles fazer dessa relação o mais funcional verosímil e enxurrada de momentos de conexão”, afirma Philippa Perry em entrevista a Bárbara Blum. Perry é autora de “O Livro que Você Gostaria que seus Pais Tivessem Lido” e compartilha maneiras de erigir relações positivas entre pais e filhos, em que a honestidade é primordial.
A editora Rocco comprou os direitos de “Patriota”, livro de memórias do ativista russo Alexei Navalni, opositor de Vladimir Putin. O Pintura das Letras conta que a obra começou a ser escrita em 2020, depois que o responsável sofreu uma tentativa de intoxicação e foi publicada em 2024, posteriormente ele ser recluso e morrer no cárcere.
Além dos Livros
Pedro Pacífico, influenciador publicado porquê Bookster por seu meio sobre leituras, será curador na Bienal do Livro 2025. Ele será um dos responsáveis pela curadoria do espaço Moca Literário, porquê conta o Pintura das Letras.
O poeta Matsuá Bashô estabeleceu a tradição do haicai nipónico, poemas em três versos que, segundo explica o cineasta Carlos Adriano, se tornaram referência artística pelo estabilidade entre sua suposta simplicidade (por se apoiarem em poucas palavras), e sua patente complicação (do mistério do que não foi dito).
E “Porteiro” (Gato Leitor, R$ 64,90, 48 págs.) de Vitor Rocha explica a graduação 6×1 para crianças. A jornada de trabalho que tem sido discutida é ilustrada no livro infantil através de um porteiro, que mora longe, pega transporte público para chegar ao trabalho e passa o dia inteiro abrindo e trancando o portão de um prédio sem sequer ouvir um “bom dia”, porquê aponta o blog Era Uma Vez.