A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) pagou uma mesada de aproximadamente R$ 100 milénio mensais a Antonio Carlos Nunes de Lima, mais divulgado porquê Coronel Nunes, 86. Nunes ocupou o função de presidente interino da confederação em duas ocasições, mas recebeu os recursos quando não ocupava mais funções.
A Folha obteve comprovantes emitidos pela entidade que mostram pagamentos em valores brutos de R$ 1,2 milhão, em 2022 e 2023, e R$ 1,15 milhão, em 2024, para Nunes. Prints do sistema interno da CBF mostram, por sua vez, transferências mensais de R$ 72 milénio para o ex-dirigente (com impostos já retidos na nascente), identificadas porquê “honorários” —ele não faz mais segmento dos quadros da CBF desde agosto de 2021.
A CBF afirma, em nota da assessoria de informação, que todo pagamento da instituição é feito de convenção com o regime e é apresentado a auditorias e repudia qualquer alegado de pagamento com qualquer finalidade que não seja lícita.
O posicionamento não explica o motivo para os pagamentos mensais a Nunes, mesmo sem que ele tenha função na confederação, tampouco se eles continuam sendo feitos.
A reportagem procurou Nunes, também por meio de familiares, mas não houve resposta.
Em fevereiro deste ano, Nunes foi um dos signatários de convenção que ajudou a manter o atual procuração do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, com duração até 2026. Ele já foi reeleito, com previsão de permanecer no função até 2030.
Além de Nunes, o convenção foi assinado pelos dirigentes Fernando Sarney, Rogério Mestiço (ex-presidente), Castellar Neto e Gustavo Feijó e também pela Federação Mineira de Futebol. O convenção reconheceu a legitimidade das duas assembleias que alteraram o regime e garantiram a eleição de Ednaldo, ambas realizadas em março de 2022.
No documento, eles se comprometeram a fechar todos os litígios que questionavam as assembleias e que, portanto, ameaçavam a ininterrupção do procuração.
Reportagem da revista piauí revelou que um dos signatários, Gustavo Feijó, recebeu R$ 2,5 milhões da CBF em maio de 2024, no mesmo dia em que anunciou que desistiria de contrariar na Justiça a eleição de Ednaldo. Segundo as partes informaram à revista, o valor se refere a convenção no contexto de ações movidas por Feijó contra a CBF na Justiça de Alagoas. A reportagem afirmou não ter recebido comprovante de realização do acerto judicial.
O convenção que ajudou a manter Ednaldo foi assinado pelas partes em janeiro deste ano e homologado no mês seguinte pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federalista) Gilmar Mendes. A participação do magistrado na disputa judicial que atravessava a CBF é considerada controversa por envolvidos, uma vez que, desde agosto de 2023, o IDP (Instituto Brasiliano de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa), do qual é sócio e fundador, tem uma parceria com a entidade esportiva para gerir os cursos da CBF Academy.
Coronel Nunes assumiu interinamente o comando da CBF em duas ocasiões: entre dezembro de 2017 e abril de 2019, e entre junho e agosto de 2021, por ser o mais velho entre os vice-presidentes.
No último período, passou a guiar a instituição depois suspensão de Rogério Mestiço, que havia sido criminado de assédio moral e sexual. Ao lado dos demais vice-presidentes, ele aceitou perfurar mão do recta de presidir interinamente a CBF em obséquio de Ednaldo em agosto de 2021.
A postura do dirigente foi destacada pelo entorno de Ednaldo à quadra, já que pelo critério etário Nunes poderia esgrimir que tinha prioridade –o regime da CBF não especificava a forma de substituição do presidente em caso de encolhimento temporário, porquê era o caso de Mestiço, mas o vice mais velho é quem assume em cenários porquê licença ou proscrição.
Opositores de Ednaldo enxergam a participação de Nunes porquê um novo flanco para questionar a legitimidade da assinatura do convenção em fevereiro deste ano que garantiu a ininterrupção do atual presidente.
Reportagem publicada pelo portal Leo Dias na segunda-feira (28) mostrou um laudo médico de junho de 2023 em que o neurocirurgião Jorge Roberto Pagura, presidente da percentagem médica da CBF, descreve o quadro galeno de Nunes com tonturas, ataxia (falta de coordenação motriz) e déficit cognitivo. O médico escreve que houve “melhora do quadro neurológico” depois cirurgia.
Esse laudo foi anexado em 2024 a processo em que Nunes pede isenção de Imposto de Renda sobre sua aposentadoria porquê Policial Militar do Pará devido ao acometimento de doença extremamente grave (tumor maligno no cérebro diagnosticado em 2018 e cardiopatia severa).
O coronel diz no processo que é idoso e doente e não tem saúde para procurar assistência do Ministério Público ou da Defensoria para fazer um convenção, porquê sugerido pelo instituto de previdência estadual.
O deputado federalista Sargento Gonçalves (PL-RN) apresentou requerimento ainda na segunda-feira para que seja realizada uma audiência pública na Câmara dos Deputados com a presença de Ednaldo, Nunes, Pagura e as testemunhas do convenção assinado em fevereiro. Segundo ele, é importante apurar se o ex-dirigente assinou o documento de livre e espontânea vontade e se tinha “capacidade social plena” para fazê-lo.
Perguntada sobre a situação de saúde de Nunes no momento de assinatura do convenção, a CBF não respondeu, assim porquê os familiares do ex-presidente interino.
Em nota, a entidade máxima do futebol brasílio afirma que “não se paga um centavo em desacordo com o regime” na gestão Ednaldo e que tudo é submetido ao controle do parecer fiscal e da parlamento universal.
Diz também que “nunca houve tanto controle e transparência na gestão” e que repudia “categoricamente e veementemente qualquer tipo de alegado falaciosa, leviana e arranjada de pagamentos feitos em desacordo com o regime ou com qualquer finalidade que não seja lícita e estatutária.”
Por termo, afirma que lamenta que “vozes de mau agouro pretendam, em vão, de forma tola e até pueril, desestabilizar uma gestão que, eleita de forma histórica, já tem apanhado os melhores números na gestão da entidade”.
