Conheça 5 Novos Livros De Poesia Para Ler Com As

Conheça 5 novos livros de poesia para ler com as crianças – 29/06/2024 – Era Outra Vez

Celebridades Cultura

A trova brasileira está em sarau nesta semana. A poeta mineira Adélia Prado foi anunciada na quarta-feira, dia 26, uma vez que a vencedora do prêmio Camões deste ano, o troféu literário mais importante da língua portuguesa.

Autora de poucos livros infantis, uma vez que “Quando Eu Era Pequena” e “Carmela Vai à Escola”, ela já tinha recebido na semana passada o prêmio Machado de Assis, entregue pela Ateneu Brasileira de Letras.

Enquanto esperamos Adélia Prado publicar um novo título para crianças, dá para ir esquentando as expectativas com novos livros de trova para o público infantil que chegam às livrarias.

Aquém há cinco boas opções. A lista conta com obras que dialogam com a trova popular e os folhetos de cordel, tem livro inspirado em poeta do século 13 e também antologias que brincam com as palavras e com a linguagem, chamando as crianças para a roda —e também os adultos, é evidente.

Zé Bigode Rei da Rua em Cordel

Se você entrar numa livraria e vir um livro meio maluco, com formas diferentes e fora de padrão, são grandes as chances de que ele tenha sido publicado pelas Edições Barbatana. “Zé Bigode Rei da Rua em Cordel” é mais um exemplo. Com texto e xilogravuras de Eduardo Ver, a obra lembra um grande envelope e tem 14 folhas coloridas dentro. Soltas e embaralháveis, mas numeradas, elas exibem ilustrações em preto e branco produzidas a partir de matrizes entalhadas em madeira, uma vez que manda o figurino da xilogravura. No verso, estrofes rimadas narram o encontro do protagonista com Zé Pelintra, entidade muito cultuada em religiões afro-brasileiras. Sem terror da caretice que ronda a literatura infantojuvenil, o livro se esbalda em referências a folhetos de cordel e mergulha nas veredas e raízes profundas que formam a identidade cultural brasileira.


Solução do Peixe-Boi

A trova popular e a literatura de cordel também conduzem leste livro. As estrofes de sete versos e rimas fixas de Mari Bigio contam a história de um peixe-boi que não para de soluçar. Para ajudá-lo, cada bicho apresenta uma solução dissemelhante —muitas delas ligadas a simpatias e saberes que se espalham pelas ruas. A garça, por exemplo, fala que o mamífero deve consumir farinha de mandioca. O jacaré diz que é para ingerir bastante chuva. O sapo voto que o projecto é grudar um algodão na testa. Qual tática vai dar evidente? As ilustrações de Joana Lira acompanham essa jornada enxurro de soluços com uma estética que flerta com a xilogravura e com cores da arte popular latino-americana.


Tudo o que Você É

O que é trova? Um texto rimado e quebrado em versos? Ou será que não importa a forma, mas a maneira uma vez que o responsável usa a linguagem? A pergunta parece simples, mas dá tecido para manga —e estas poucas linhas não são suficientes nem para fazer cócegas na discussão. Mas “Tudo o que Você É” ajuda na conversa. O livro do iraniano Omid Arabian é inspirado num poema de Rumi, poeta da tradição pérsico e arábico que viveu no século 13. Sem rimas nem versos definidos, a obra aposta no ritmo e no diálogo entre as palavras de Arabian e as ilustrações da também iraniana Shilla Shakoori para falar sobre as profundezas que existem em nós e no mundo —e também investigar o que é, finalmente, a trova.


Tia Cotinha

Cecília Meireles, umas das principais autoras brasileiras, escreveu uma série de poemas para crianças em que objetos ganham protagonismo —uma vez que “Ou Isto ou Aquilo”, no qual “ou se calça a luva e não se põe o argola,/ ou se põe o argola e não se calça a luva!”, ou em “Grudar de Carolina”, “com seu grudar de coral,/ Carolina/ corre por entre as colunas/ da colina”. Giba Pedroza bebe dessa manancial em “Tia Cotinha”. O responsável apresenta versos rimados cheios de musicalidade para racontar a história de um pai que vai passear com a filha na caminhonetinha da tia Cotinha. Guiado pelo veículo, o trajeto logo acelera pela avenida formada por memórias de família, onde há lombadas, buracos e curvas, mas também muito afeto, que ganha contornos nos traços e nas cores avermelhadas de Fernanda Rodrigues.


Na Vivenda Amarela do Vovô

Jaqueline Conte entrega uma verdadeira enxurrada de trova nesta florilégio ilustrada por Oscar Reinstein. Com muro de 40 poemas, a obra já tinha sido publicada anos detrás, mas com circulação restrita, e agora sai comercialmente pela editora Tapioquinha. Além de gerar estrofes sobre os mais diversos temas, uma vez que bichos, frutas, famílias e receitas, a autora dá uma bela definição de trova em “Poema Brincante”: “Poema/ É reinação de palavras/ Que gostam/ De se divertir”. E exemplifica essa teoria um pouco mais adiante, em “O Vagalume”, que faz a linguagem rodopiar: “O vagalume pisca-pisca/ O pisca-pisca pirilampa/ Piripisca/ Piscalampo/ Ligapaga/ O vagalume”. Mas a surpresa vem mesmo no termo, com poemas feitos a quatro mãos com sua filha, Anna Sophia, quando ela tinha 11 anos.


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Folha

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