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Adiante da maior editora do país, a Companhia das Letras, Luiz Schwarcz diz que é obrigação do editor ser invisível e oferecer “entrega ilimitada” a seus autores.
Nas memórias de “O Primeiro Leitor”, ele intercala capítulos compartilhando o que aprendeu sobre seu ofício, em quase meio século de curso, com outros dedicados a pessoas importantes de sua vida.
Assim, a obra reúne casos com escritores uma vez que Rubem Fonseca, Jô Soares e José Saramago, além de editores influentes uma vez que Caio Graco Prado e Jorge Zahar.
Já no início do livro, Schwarcz diz julgar desrespeitoso “descrever mais vantagem do que dar crédito a terceiros ou mesmo à sorte”. “O ‘fantástico tino’ de um editor, em muitos casos, é muito menos fantástico do que a loteria dos encontros que a literatura propicia”, escreve.
É a opinião do profissional que transformou, a partir de 1986, uma pequena vivenda editorial de livros de prestígio em uma empresa com diversos selos, que hoje vão da literatura de entretenimento ao mangá, passando pelos infantojuvenis.
Acabou de Chegar
“Estrelas Errantes” (trad. Bruna Miranda, Rocco, R$ 89,90, 336 págs.) é o segundo livro do plumitivo americano de origem indígena Tommy Orange. O romance acompanha diferentes gerações de uma família cheyenne nos Estados Unidos. Mostra uma vez que os povos originários vivem sob jacente ameaço de extermínio há séculos. O responsável conta ao jornalista Diogo Bercito que teve a teoria para o livro quando descobriu a história do massacre da tribo de que ele faz secção.
“O Antropoceno e o Pensamento Econômico” (Editora 34, R$ 65, 224 págs.), de José Eli da Veiga, apresenta uma heterogeneidade de correntes de pensamento uma vez que antídotos para os “conformados com o termo do mundo”. Porquê escreve o professor Ricardo Abramovay: “A utopia do século 21 não é e não pode ser conformista e condescendente”.
“Eleutéria” (trad. Cássia Zanon, Buzz, R$ 69,90, 304 págs.) “ousa ter esperança sem ignorar a verdade concreta”, uma vez que escreve o crítico Gabriel Rocha Gaspar. O livro de Allegra Hyde conta a história de um horizonte próximo, quando uma jovem encontra um manual secreto para a reversão do caos climatológico e viaja para a ilhéu caribenha de Eleutéria, uma comunidade sustentável que acredita vigiar a solução para o clima.
E mais
Rubem Fonseca, um dos principais escritores brasileiros, teria completado século anos no último domingo (11). Para lembrar a data, o companheiro Sérgio Augusto recorda os almoços no núcleo do Rio e as conversas sobre livros e filmes com o responsável: “Até por fidelidade às nossas raízes lusas, íamos muito a restaurantes portugueses. Sóbrio à mesa, para não comprometer a saúde e, sobretudo, a silhueta, o atlético Zé Rubem não dispensava um bom vinho. A comida em si o apetecia muito menos que a conversa e o charuto.”
A Folha teve entrada a um documento inédito que estava no montão de Rubem Fonseca. A missiva revela que o plumitivo pediu deposição, dias depois do golpe de 1964, de uma empresa que apoiou a tomada de poder pelos militares. O documento dá embasamento à versão do plumitivo sobre esse polêmico capítulo de sua vida. “Nos anos 1980, pesquisas revelaram que ele havia integrado a cúpula do Ipês —o que, uma vez que consequência, poderia torná-lo cúmplice das articulações pelo golpe de 1964”, escreve o repórter próprio Maurício Meireles.
Com a obra “A Cidade de 15 Minutos” (BEI Editora, R$ 125), o urbanista Carlos Mulato difunde a solução para uma vida com menos trânsito e mais tempo livre. Sua resposta é o desabrigo de um protótipo centrado em carros. “O necessário é considerar que as longas distâncias viraram um vício e que a proximidade pode e deve ser uma virtude”, afirma o responsável ao repórter Clayton Castelani. Isso significa espalhar serviços para que as pessoas usem naturalmente a farmácia, a escola ou a loja de conveniência que estão mais próximas.
O jornalista Paulo Sampaio acompanhou todas as sete sessões de julgamento e leu mais de 43 milénio páginas de processo para grafar “O Julgamento de Flordelis” (Todavia, R$ 119,90, 496 págs.), sobre a ex-deputada federalista e pastora que foi condenada por mandar massacrar o marido. Apesar de relatar o violação, o livro foca mesmo na “reparo do que os advogados chamam de teatro do júri criminal”, uma vez que explica Sampaio à jornalista Marcella Franco.
Além dos Livros
A Flip e a Bienal do Livro do Rio, os dois principais eventos literários deste ano, tiveram cancelamentos de autores que já haviam aceitado convites. Isso se deu, uma vez que revela o Pintura das Letras, pela tensão com o cerco às universidades e a política migratória de Donald Trump nos Estados Unidos. Escritores e intelectuais radicados no país têm se recusado a viajar com pavor de não conseguirem voltar.
Na última semana, a Bienal do Livro anunciou sua programação completa. O evento será realizado de 13 a 22 de junho, reunirá mais de 300 convidados e terá 200 horas de atividades em um verdadeiro parque literário (com escape room, labirinto e até montanha-russa).
Lázaro Ramos é um dos curadores responsáveis pelo espaço de encontros Moca Literário. Em homenagem a Machado de Assis, o ator e plumitivo, montou uma mesa com “herdeiros” do responsável preto. No dia 19 de junho, às 16h, Lázaro mediará um debate com Geovani Martins, de “Via Ápia”, Eliana Alves Cruz, de “Solitária”, Tiago Rogero, do “Projeto Querino”, e Lorrane Fortunato, editora da revista Afroliterária.
Entre os convidados internacionais estão a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, a cubana Teresa Cárdenas, a britânica Face Hunter e o sul-coreano Kim Ho-yeon. Oriente, responsável do best-seller “A Inconveniente Loja de Conveniência”, é um dos expoentes da “literatura de trato”. “Estou com grande expectativa de saber a cultura brasileira e acredito que isso também pode me inspirar em obras futuras”, disse Kim à repórter Nathalia Durval.